Setembro
| Outubro
2007
Jornal
da
Entrevista
-
Antônio Carlos
Lopes
Reempossado
como
secretário
executivo
da
Comissão
Nacional
de
Residência
Médica
(CNRM),
o
professor
titular da Disciplina
de
Clínica
Médica
do
Departamento
de
Medicina
da Unifesp, Antonio Carlos Lopes,
tem
se destacado na
luta pela valorização dos
programas
de
residência
médica
no
Brasil.
Como
interlocutor
das
entidades
médicas
nacionais,
nos
últimos
três
anos
abriu
os
canais
competentes
do MEC
à
ampliação
da
participação das Sociedades de Especialidade
e
Academia,
encaminhando
demandas
relevantes.
Mais
700
vagas
foram
criadas
neste
período,
assim
como
implantados
critérios
rigorosos
para
avaliação
dos
cursos.
A
valorização
da
preceptoria
e
a
luta
para
impedir
que
o
residente
fosse
utilizado
como
mão-de-obra
barata
viraram
prioridades.
A
adequação
da
duração
dos
vários
programas
das
especialidades
finalmente
ocorreu,
assim
como
a
criação
de
novas
áreas. Pela
primeira
vez,
foram
criados
cursos
de
atualização
e
formação
à
distância mesclando
a
tecnologia
da
rede mundial de
computadores ao
satélite.
Nesta entrevista ao
Jamb, Lopes
fala do
futuro
da
Residência
Médica
no
país
e
seu
comprometimento
em
investir
ainda mais na
visão humanista do médico em detrimento do
e n f o q u e
t e c n i c i s t a
q u e
p r i o r i z a
exclusivamente
aspectos
tecnológicos
da
medicina.
Lopes
-
Atualmente,
contamos
com
3.704
programas em 422
instituições em
todo o país,
que
oferecem
um
total
de
26.991
vagas,
ocupadas
por
16.483
residentes.
Na R1,
por
exemplo,
dispomos
de
10.567
vagas,
porém
apenas 7.381 estão ocupadas.
Lopes
- Não há
falta de vagas para
residentes
no
Brasil.
Temos
inclusive
vagas
ociosas,
principalmente
nas
instituições
federais.
O
que
acontece
é
uma
má
distribuição
dos
residentes,
que
procuram
os
grandes
centros.
Portanto, o
ideal
seria que mais
indivíduos, ao
terminar
a
graduação,
se
interessassem
pelas
residências
no
seu
local
de
origem, mas
isso
não
acontece.
Este
ano
conseguimos
Quantos
programas
de
residência
médica existemno País? E vagas?
A CNRM
tem
uma
estimativa
do
percentual
dos
formados
que
não
conseguem
vagas
em
programas
de
residência? Há
planos
para
expansão
destes
no
país?
2
recuperar
120
bolsas de
residência médica de
instituições
que
não
preencheram
as
vagas.
Hoje os estudantes
têm a
sua atenção voltada
para
tecnologia
de
ponta,
acreditam
que
a
residência
sem
essa
tecnologia
não
é
boa,
o
que
não
é
verdade.
A
residência
pode
ser
muito bem
feita desde que tenha um conteúdo
programático
adequado,
metodologia
adequada
de
ensino
e
um
preceptor
preparado, competente e presente.
Lopes
-
A
Comissão
Nacional
estimula
a
residência nas
várias
regiões do
país mas
com
critérios. Um
deles
é
abertura
de
programas
nas
áreas
em
que
há
deficiência
de
profissionais
em
regiões
carentes,
mas
respeitamos
o
recém-formado
que
escolhe
outra
especialidade,
não
aquela
de
que
a
sua
E
há
planos
de
expandir
os
programas?
região
necessita;
respeitamos
o
fato
dele
recorrer
ao
grande
centro
para
fazer
sua
residência,
porque
isso
é
respeitar
o
estado
democrático de direito das pessoas.
Lopes
-
Penso
que
o
número
é
suficiente.
Nosso
problema
é
outro:
o
preceptor
incompetente.
Como
a
preceptoria
não
é
estimulada,
o
indivíduo
acaba
fazendo
esse
trabalho nas horas vagas, dedicando-se pouco
tempo
à
função. Tentamos
resgatar
a
função
do preceptor com a criação de uma bolsa para
ele, mas
esbarramos
em
leis
trabalhistas
que
inviabilizaram
a
proposta. Agora,
retomamos
a
discussão
da
valorização
do
residente
e
propomos
que
cada
programa
tenha
seu
residente
registrado
na
CNRM,
que
esses
O
número
de
preceptores
é
suficiente? Há
alguma
proposta
da
CNRM
de
incentivo
aos
preceptores?
FOTO: CÉSAR
TEIXEIRA
FOTOS: CÉSAR
TEIXEIRA