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A

CURÁCIA

DIAGNÓSTICA

DAS

DOENÇAS

RESPIRATÓRIAS

EM

UNIDADES

PRIMÁRIAS

DE

SAÚDE

R

EV

A

SSOC

M

ED

B

RAS

2014; 60(6):599-613

609

Tuberculose pulmonar

Foram encontrados poucos estudos sobre tuberculose

que preenchiam os critérios de inclusão (Tabela 1). Ape-

nas um relatou grau de suspeição de diagnóstico ou co-

nhecimento de generalistas e de especialistas, ainda que

fora do desfecho principal do artigo e sem avaliação di-

reta,

16

enquanto os demais estudos avaliaram apenas co-

nhecimento ou grau de suspeição de tuberculose por par-

te dos médicos generalistas.

17-19

Asma

No caso da asma, apenas dois estudos avaliaram a habi-

lidade diagnóstica de médicos generalistas por meio de

uma reavaliação posterior feita por especialistas (Tabela

1).

20,21

O primeiro, realizado na Suécia em 1994, incluiu pa-

cientes com idade superior a 18 anos que visitaram seus

generalistas em APS selecionadas e veriicou a frequência

dos erros quanto ao diagnóstico de asma. Os pacientes

com esse diagnóstico irmado nos prontuários médicos

foram convidados para serem examinados por alergolo-

gistas. Os diagnósticos eram discutidos por um grupo

que incluía, além destes últimos, um generalista e uma

enfermeira. Cento e vinte e três pacientes cumpriram os

critérios de inclusão e foram convidados para nova con-

sulta. Destes, 86 (70%) atenderam ao convite. Ao inal,

51/86 (59%) tiveram o diagnóstico de asma conirmado,

6 (7%) foram diagnosticados com associação asma-DPOC

e 29 (34%) não tinham asma, ou seja, foram diagnostica-

dos erroneamente.

20

O segundo, também realizado na Suécia, investigou

se o baixo registro do diagnóstico de asma se devia ao

subdiagnóstico na APS e avaliou também a validade do

primeiro diagnóstico de asma por generalistas. Durante

3 meses, em 1997, todos os pacientes que buscaram aten-

dimento médico nas unidades da APS do distrito de Lund

com infecção de vias aéreas superiores ou inferiores, tos-

se prolongada, rinite alérgica, dispneia ou um primeiro

diagnóstico positivo de asma foram registrados (n=3.025).

Noventa e nove receberam o diagnóstico de asma e foram

reavaliados por pneumologistas. Os resultados indica-

ram que 23,5% dos pacientes foram considerados asmá-

ticos erroneamente pelos generalistas.

21

Outros três artigos foram avaliados: um analisou a

concordância entre o diagnóstico clínico de asma, feito

previamente por ummédico generalista, e o resultado da

espirometria;

9

os outros dois veriicaram o subdiagnós-

tico de asma e usaram como ferramenta de diagnóstico

um questionário não validado e sem avaliação clínica es-

pecializada ou espirometria.

10,22

Dentre esses cinco estudos selecionados, o sobrediag-

nóstico variou de 10,6%

22

a 34%,

20

e o subdiagnóstico va-

riou de 6,5%

10

a 19,2%.

9

Doença pulmonar obstrutiva crônica

Para essa condição, não foram encontrados estudos cujos

desfechos principais fossem avaliação de concordância

diagnóstica entre médicos da APS e especialistas. Os estudos

selecionados, que compararam os diagnósticos feitos por

generalistas com os resultados da espirometria, revelaram

equívocos, caracterizados tanto pelo subdiagnóstico quanto

pelo sobrediagnóstico.

Dentre os oito estudos selecionados,

23-31

o sobrediag-

nóstico variou de 28%

26

a 40%,

23

e o subdiagnóstico variou

de 25,7%

30

a 81,4%.

23

Um estudo realizado no Brasil avaliou a concordância

dos diagnósticos realizados por generalistas da atenção

primária com aqueles da espirometria de acordo com os

critérios estabelecidos pela iniciativa Gold. Dos 142 (44,9%)

pacientes que realizaram espirometria, 94 (66%) tinham

diagnósticos concordantes com os generalistas (kappa =

0,55), sendo 9 comdiagnóstico conirmado e 85 semDPOC.

Os restantes (48; 34%) eram discordantes: 27 tinhamDPOC

pela espirometria e não foram diagnosticados pelos gene-

ralistas e 21 eram falso-positivos. Nesse estudo, as variá-

veis associadas ao diagnóstico espirométrico de DPOC fo-

ram sexo masculino, procedência de área rural, presença

de dispneia e tosse, tabagismo atual, idade superior a 55

anos e exposição à fumaça de fogão a lenha.

29

Asma e DPoC

Os estudos encontrados que avaliaram asma e DPOC con-

juntamente são heterogêneos quanto às metodologias

empregadas. Dentre os oito estudos recuperados,

32-39

a

variação de sobrediagnóstico em DPOC foi de 36%

37

a

86,1%

34

e asma de 38%

38

a 74%,

35

e a variação de subdiag-

nóstico em DPOC foi de 14%

32

a 29%

39

e asma de 7%

39

a

54%.

32

A maioria partiu da avaliação de banco de dados,

seguida de reavaliação dos pacientes, com exceção de um,

que partiu de sintomas de pacientes de demanda espon-

tânea a uma unidade primária.

39

Como exemplo, o estudo COPD and Asthma Diag-

nostic/Management Reassessment (Cadre), realizado no

Reino Unido, envolveu mais de mil generalistas e incluiu

mais de 60 mil pacientes que haviam sido tratados para

alguma condição respiratória e que foram reavaliados por

meio de questionário padronizado, aplicado por enfer-

meiros, e de uma espirometria. Em seguida, um genera-

lista experiente avaliava o questionário, a espirometria e

elaborava os diagnósticos. Essa nova avaliação mostrou