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JAMB

SETEMBRO/OUTUBRO DE 2003

9

om a presença do Conselho

Federal de Medicina (CFM)

e da Associação Médica

Brasileira (AMB), os médicos do Rio

de Janeiro decidiram intensificar as

ações do movimento contra a Sul

América. Além de não aceitar as

propostas da categoria, a empresa

buscou o confronto com os mais de

45 mil médicos do Estado, ao mover

ação e conseguir liminar contra o

Conselho Regional de Medicina do

Rio de Janeiro (Cremerj), que foi

prontamente cassada. Não satisfeita,

conseguiu liminar contra a Sociedade

Médica do Rio de Janeiro (Somerj) e

a Central de Convênios, obrigando,

sob pena de multa diária de 150 mil

reais, publicar uma nota na impressa

informando aos médicos que a Somerj

não mais poderia falar pela classe em

relação a empresa-alvo.

“Neste momento, é fundamental

que todos os médicos, credenciados

ou não, orientem seus pacientes do

porquê do movimento. Uma empresa

que somente no segmento de saúde

lucrou cerca de R$ 70 milhões, em

2002, não pode e não deve de forma

velada impedir seus usuários de obter

tratamento adequando utilizando os

pacotes”, ressalta Eduardo Vaz, Dire-

tor de Defesa Profissional da AMB.

No início de agosto, as quatro prin-

cipais entidades médicas do país -

Associação Médica Brasileira,

Conselho Federal

de Medicina, Fe-

deração Nacional

dos Médicos e

Confederação Mé-

dica Brasileira -

publicaram na im-

prensa uma carta

de repúdio à opera-

dora de planos de

saúde Sul América

e de apoio ao mo-

vimento dos médi-

cos do Rio de

Janeiro (ao lado).

São Paulo

Em assembléia realizada no dia 28

de agosto, na sede da Associação

Paulista de Medicina (APM), os

médicos do Estado de São Paulo

discutiram maneiras de se organizar

para a mobilização nacional que as

entidades representantes da categoria

pretendem deflagar. A grande reivin-

dicação dos médicos é a adoção da

Classificação Brasileira Hierarquizada

de Procedimentos Médicos (CBHPM)

pelas operadoras de planos de saúde.

Além da adoção da CBHPM como

bandeira, o Estado de São Paulo

contará com uma Comissão Organi-

zadora do movimento. Ela é formada

por representantes de Especialidades,

Cremesp, APM e Simesp, além de

representantes das entidades médicas

nacionais, num total de 60 pessoas.

Entidades apóiammovimento no RJ

Os médicos de todo o Brasil, represen-

tados por suas entidades nacionais abai-

xo-assinadas, vêm afirmar seu repúdio à

manifestação mentirosa e oportunista da

empresa Sul América Saúde, tentando

confundir a população e coibir o movimen-

to legítimo dos médicos fluminenses, uti-

lizando-se de decisão judicial parcial que,

efetivamente, não proíbe a classe médica

de lutar por uma remuneração justa.

A decisão judicial referida determina que

o Cremerj se abstenha de praticar qualquer

ato de discriminação contra a empresa. O

movimento em curso não discrimina nenhu-

ma operadora. Luta pelo reajuste de hono-

rários que estão congelados há mais de

cinco anos, a despeito dos sucessivos

aumentos que vêm sendo praticados sobre

as mensalidades dos segurados e usuários.

A escolha de uma empresa como “alvo”

constitui simples tática do movimento, que

desde o início deixou claro que pretende

alcançar reajustes nos honorários pagos por

todas as operadoras de planos de saúde.

A participação dos Conselhos de

Medicina nas lutas por remuneração jus-

ta para os médicos é respaldada pela Lei

N°. 3.268/57, que determina que os

Conselhos devem “zelar e trabalhar, por

todos os meios ao seu alcance, pelo per-

feito desempenho ético da Medicina e

pelo prestígio e bom conceito da profis-

são e dos que a exerçam legalmente”. O

Código de Ética Médica, em seu artigo

3°, orienta que “a fim de que possa exer-

cer a Medicina com honra e dignidade,

o médico deve ter boas condições de tra-

balho e ser remunerado de forma justa”.

É uma aberração jurídica não com-

preender que a luta por honorários dignos

está umbilicalmente ligada ao perfeito de-

sempenho técnico e moral da Medicina.

Os Conselhos podem e devem respaldar

os movimentos reivindicatórios da classe

médica, agindo em defesa da sociedade

pelo direito a uma assistência médica de

boa qualidade. Não foi outro motivo que

levou o Conselho Federal de Medicina a

aprovar, no mês de agosto de 2003, uma

resolução considerando como padrão

mínimo ético de remuneração, para o sis-

tema de saúde suplementar, a Classifica-

ção Brasileira Hierarquizada de Procedi-

mentos Médicos, incluindo seus valores.

Cercear a liberdade legal de atuação

dos Conselhos em defesa do exercício da

Medicina em benefício da população sig-

nifica apostar no aviltamento profissional

e colocar em risco o acesso a um atendi-

mento médico qualificado, ético e eficaz.

As entidades médicas nacionais corro-

boram a decisão dos médicos fluminenses

pela substituição progressiva dos contra-

tos individuais por uma representação

coletiva através da Central Médica

de Convênios, o que deixará o médico

menos vulnerável às pressões das operado-

ras, tanto no tocante aos honorários quanto

à intromissão indevida e antiética nos atos

médicos e na relação médico-paciente.

Conclamamos os colegas médicos a se

unirem em torno de suas entidades e a

repudiarem quaisquer tentativas de

desestabilizar o movimento legítimo, éti-

co e em defesa das prerrogativas profissio-

nais e de uma assistência médica digna.

Conselho Federal de Medicina

Associação Médica Brasileira

Federação Nacional dos Médicos

Confederação Médica Brasileira

Aos médicos e à população do Rio de Janeiro

Sul América afronta o exercício ético da Medicina

Na última reunião da Comissão,

ficou acertado que, em breve, uma

campanha publicitária será lançada

em todos os meios de comunica-

ção para conscientizar a população

e a categoria médica. “A população

precisa ser esclarecida sobre a

realidade do médico e ser solidá-

ria ao movimento. Desde 1994 a

classe segue sem reajuste, sendo

que os custos operacionais, no

período, aumentaram mais de

100%”, afirma o diretor de Defesa

Profissional da APM, Florisval

Meinão, que está à frente da

Comissão. Além da campanha

publicitária, sociedades, entidades

e suas respectivas federadas usa-

rão seus veículos de comunicação

para atingir os médicos e chamá-los

a aderir ao movimento.

Assembléia no RJ: movimento fortalecido