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MAR/ABR DE 2005

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MP 232: o governo recua

Medida provisória teve vida curta. Mobilização da sociedade inviabilizou votação

de Lei de conversão do relator Carlito

Merss (PT-SC), apresentado em substitui-

ção ao texto original da MP 232, permite

que contribuintes com processos tribu-

tários inferiores a R$ 50 mil recorram ao

Conselho de Contribuintes. AMP 232, que

teve força de Lei assim que foi assinada

pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva

e publicada no Diário Oficial da União,

determinava que contribuintes com dívi-

das inferiores a esse valor teriam de

recorrer diretamente a uma delegacia da

Receita Federal. Com a aprovação da MP

232, a MP 243, enviada para substituir a

parte prejudicial da medida original, ficou

prejudicada, sem necessidade de ser vo-

tada. O governo, no entanto, ainda envia-

rá ao Congresso Projeto de Lei que tratará

de medidas de combate à sonegação e

elisão fiscal, a parte polêmica da 232. O

texto obrigará quatro setores da economia

— publicidade e propaganda, transporte de

cargas, construção civil e produtores rurais

— a recolher tributos na fonte. Esta, no

entanto, também é a nova frente de ação

das entidades que se mobilizaram contra

a MP 232: buscar, de forma organizada,

uma redução na carga tributária do país.

Eleuses Paiva, presidente da AMB, na luta contra a MP 232

Clube Espéria, em São Paulo: união de vários setores da sociedade

Movimento histórico

reunindo todos os

segmentos da

sociedade fez com

que o governo

recuasse em

relação à MP

Editada no dia 30 de dezembro, a MP

232 sobreviveu apenas três meses: no dia

30 de março, pressionado pelas manifesta-

ções da sociedade civil, o governo decidiu

retirar a medida provisória que, apesar de

corrigir em 10% a tabela de Imposto de

Renda da Pessoa Física, aumentava a base

de cálculo da Contribuição Social sobre

Lucro Líquido (CSLL) de 32% para 40%

para as empresas prestadoras de

serviço optantes pelo lucro

presumido.

O recuo do governo

foi comemorado pelos

líderes da Frente Brasileira

contra a MP 232, movimen-

to que reúne 1.315 entidades

representativas de classe,

entre as quais a Associação

Médica Brasileira. A Frente

organizou uma grande

manifestação na Câmara no

dia 29 de março para ga-

rantir a rejeição da MP pelos

deputados.

O presidente da Câmara

dos Deputados, Severino Cavalcanti, che-

gou a colocar a MP na pauta do dia 29 de

março, antecipando a data de votação. No

mesmo dia, o relator da MP, Carlito Merss

(PT-SC), anunciou que apresentaria

parecer pela rejeição integral da MP. Ele

explicou que, em razão da falta de acordo

em torno de um texto de consenso, não

haveria como aprovar a MP na Câmara dos

Deputados. Em seguida, o líder do gover-

no na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia

(PT-SP), afirmou que encaminharia, nos

próximos 15 dias, um Projeto de Lei para

tratar da correção da tabela do Imposto de

Renda e da compensação para o que a

União deixaria de arrecadar com o ajuste.

Com a chamada “Vamos juntos costurar a

boca do leão”, a Frente Brasileira distri-

buiu aos 513 deputados federais um

convite nominal para uma manifestação

pública em frente à rampa do Congresso

Nacional, dia 30.

A pressão nacional contra a MP 232

obteve o resultado desejado com a edição,

no dia seguinte, da MP 243/05, revogan-

do os artigos que aumentavam tributos

para prestadores de serviço e para o setor

agrícola. A correção dos valores

da tabela em 10% entrou em

vigor no dia 1º de janeiro.

A MP 243/05 revoga os

artigos 4º ao 13º da MP 232/

04, que incluíam aumento

da base de cálculo da CSLL

de 32% para 40% e do

Imposto de Renda das

prestadoras de serviço

que optam pelo sistema do

lucro presumido. Revoga

também toda a MP 240/05,

que adiava o prazo de

validade da 232 até o dia

1º de abril. A nova medida

concede prazo de 30 dias, a

partir de 1º de abril, para a interposição

de recurso a um dos Conselhos de Contri-

buintes para quem foi notificado de deci-

sões administrativas da Receita entre 1º de

janeiro e 31 de março. A MP 232 tinha

limitado essa possibilidade de recurso à

segunda instância administrativa nos

processos fiscais. Para encurtar o caminho

exigido para a tramitação de toda a MP, o

governo decidiu incorporar o texto da 243

na 232. Com isso, aprovaria a 232 e não

precisaria votar a 243.

No dia 12 de abril, em votação simbó-

lica, os deputados aprovaram a MP 232,

excluindo todos os artigos que previam o

aumento da carga tributária para o setor

de serviços e o recolhimento de tributos

na fonte por produtores rurais. O Projeto