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JAMB

JULHO/AGOSTO DE 2003

10

ítimas de uma série de pres-

sões para reduzir a solici-

tação de exames, inter-

nações, entre outras, os médicos há

muito denunciam a interferência em

seu exercício profissional. A lei 9656/

98 regulou a relação entre empresas

e usuários, mas não normatizou a re-

lação entre médicos e planos. Os

médicos ficaram numa posição de

fragilidade, sem reajuste de honorá-

rios há sete anos, e expostos a amea-

ças de todos os tipos, entre a quais a

de descredenciamento sumário. Dian-

te desse quadro, médicos de todo o

país deram início a movimentos es-

taduais contra abusos cometidos por

empresas intermediadoras de saúde.

Na noite do dia 11 de junho, no

Centro de Convenções Rebouças,

cerca de 400 médicos paulistas parti-

ciparam do “Dia Estadual de Mobi-

lização”, promovido pela AMB,

APM, Conselho Regional de Medi-

cina do Estado de São Paulo

(Cremesp), Sindicato dos Médicos

de São Paulo (Simesp) e o conjunto

das Sociedades de Especialidade,

visando a organização e a mobili-

zação da categoria contra esses abu-

sos cometidos pelas operadoras de

planos de saúde.

As propostas principais, aceitas

pela assembléia, foram: organizar

uma comissão, entre os integrantes

das Sociedades de Especialidade,

para comandar a mobilização e fazê-

la chegar a todos os médicos de São

Paulo; elaborar um cronograma de as-

sembléias como a que foi feita, sen-

do a próxima realizada dentro de três

semanas no máximo; chamar os pla-

nos de saúde à negociação e, caso não

aceitem as condições dos médicos,

promover um dia de paralisação em

todo o Estado; e fazer uma aliança

com os usuários de planos de saúde e

esclarecer as injustiças cometidas

pelas operadoras.

Além das pressões e da interferên-

RJ e SP deram início a

movimentos contra abusos

cometidos pelas operadoras de saúde

causa médica: “Precisamos explicar

que o nível da medicina suplementar

caiu, mas não foi por culpa dos mé-

dicos. Quando fizermos a aliança com

a população, aí sim, a pressão sobre

as operadoras será muito maior”.

Também presentes, os deputados

federais Arlindo Chinaglia (PT-SP) e

Jamil Murad (PCdoB-SP) disseram

estar à disposição da classemédica para

levar ao Legislativo as reivindicações

e salientaram a importância de se pro-

mover encontros como esse. “Se não

houver trabalho da categoria, não adi-

anta delegar a função para os deputa-

dos”, ressaltou Chinaglia.

O presidente da AMB esclareceu

ainda que a intenção da entidade é

fazer uma mobilização nacional dos

médicos, promovendo em cada Esta-

do assembléias como a de São Paulo

e do Rio de Janeiro. “O próximo será

o Paraná e, no próximo mês, teremos

pelo menos dez Estados mobilizados”.

A Confederação das Unimeds do

Estado de São Paulo aproveitou a as-

sembléia geral dos médicos paulistas

para se posicionar perante à categoria

médica. Em informe publicitário assi-

nado pelo diretor-presidente, Antonio

Alberto de Felício, as Unimeds afir-

mam estar atentas à realidade econô-

mica do país e de seus médicos coope-

rados e alegam praticar uma “política

responsável de remuneração”, apesar

da acirrada concorrência no setor de

saúde suplementar. Na nota, também

afirmam que, a partir de 1º de agosto,

haverá um reajuste no repasse aos mé-

dicos - dos atuais 0,30 de coeficiente

de honorários médicos (CH) para 0,33,

ou seja, 10% de aumento.

Rio de Janeiro

Os médicos cariocas foram os pri-

meiros a alavancar a mobilização mé-

dica nos Estados. O movimento dos

médicos associados à Central de Con-

vênios do Rio de Janeiro contra a ope-

radora de seguros de saúde Sul Amé-

rica continuará por tempo indeter-

minado, segundo o que ficou decidi-

do em assembléia realizada no dia 23

de junho, no Colégio de Cirurgiões do

Rio, que reuniu mais de 600 médicos.

Desde o dia 12 de junho, os médi-

cos cariocas se recusam a atender por

guias os usuários da Sul América.

Como não houve progresso nas ne-

gociações, será mantido o movimen-

to, de forma declarada “irreversível”.

“Os médicos só voltam a atender

por guias quando a Sul América assi-

nar o Contrato Coletivo com a Central

de Convênios”, afirmou o representante

da SociedadeMédica do Estado do Rio

de Janeiro (Somerj), Marcos Sarvat.

Os médicos pedem aumento no

pagamento de R$ 17,00 por consulta

Mobilização

médica

Assembléia

realizada em

São Paulo

reuniu cerca de

400 médicos

- dos R$ 25,20 atuais para R$ 42,00.

Também exigem atualização do coe-

ficiente de honorários médicos (CH),

sem reajuste desde a implantação do

Plano Real, em 1994.

“A solução não é aumentar o va-

lor apenas, mas garantir que o paga-

mento não terá atrasos, reduções e

que teremos reajustes futuros. Caso

contrário, daqui a algum tempo, te-

remos o mesmo problema”, comple-

ta Sarvat. A Sul América chegou a

oferecer R$ 30,00 por consulta, va-

lor rejeitado pelos médicos.

ASul América foi escolhida como

primeiro alvo do movimento, que visa

atingir todas as operadoras, uma a

uma. Enquanto durarem as negocia-

ções pelo Contrato Coletivo, os usu-

ários do plano deverão pagar direta-

mente ao médico ou serviço R$ 42,00

por consulta e CH de R$ 0,42, mas

não sofrerão prejuízos: o valor deve-

rá ser reembolsado pela operadora,

segundo o que consta no contrato.

Casos emergenciais estão sendo aten-

didos normalmente, da mesma ma-

neira. Em nota publicada no jornal O

Globo, no dia 27 de junho, o Con-

selho Regional de Medicina do Rio

de Janeiro (Cremerj) reconhece a de-

cisão como “movimento legítimo da

categoria médica” e recomenda a to-

dos o cumprimento das deliberações.

cia dos planos, apontada por 93% dos

médicos pesquisados por levantamen-

to do DataFolha, em 2002, os médi-

cos talvez sejam hoje os profissionais

que mais estão sofrendo quanto à ques-

tão salarial. De 1994 até hoje os pla-

nos de saúde tiveram reajustes da or-

dem de 245% e os custos operacionais

dos consultórios aumentaram cerca de

200%. Os médicos, porém, não tive-

ram qualquer reajuste no período.

À frente da mesa diretora, o pre-

sidente da AMB, Eleuses Vieira de

Paiva, lembrou que a categoria segue,

desde 1996, sem reajuste no repasse

feito pelos planos de saúde. Também

levou aos presentes a boa notícia da

Resolução do Conselho Federal de

Medicina (CFM) legitimando a Clas-

sificação Brasileira Hierarquizada de

Procedimentos Médicos. “Qualquer

preço inferior ao da Classificação

Hierarquizada é preço vil. Quem co-

brar ou pagar menos, poderá ser ques-

tionado”, afirmou. O discurso de

Eleuses de Paiva foi endossado pe-

los outros integrantes da mesa. “Com

o rol de procedimentos médicos, va-

mos aonde a Medicina exigir. Sem

ele, não vamos a lugar nenhum”, dis-

se o presidente da APM, José Luiz

Gomes do Amaral. “A resolução do

CFM nos fornece a ferramenta para

os Conselhos Regionais de Medicina

monitorarem de forma mais rígida os

colegas que desrespeitarem a resolu-

ção”, complementou o vice-presiden-

te do Cremesp, Gabriel David Hushi.

O presidente da Federação dos

Médicos de São Paulo, Marcelo

Miguel Quinto, foi outro a defender a

aplicação do rol e pediu mais empe-

nho da classe nos movimentos promo-

vidos: “Nunca nos reunimos para dis-

cutir quanto valia o nosso trabalho. Os

outros decidiam por nós. Chega de

discutir em separado”. Para o presi-

dente do Sindicato dos Médicos de

São Paulo, José Erivalder Oliveira, se

faz essencial o apoio da sociedade à

Passeata

deflagrada

pelo

movimento

médico

no Rio de

Janeiro