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JAMB

JULHO/AGOSTO DE 2003

12

Associação Médica Brasi-

leira e a Agência Nacio-

nal de Vigilância Sanitá-

ria (Anvisa) decidiram formalizar

um convênio de ajuda mútua no

controle da qualidade de medica-

mentos, materiais e demais produ-

tos utilizados em procedimentos

médicos.

A reunião proporcionou o en-

contro dos representantes das So-

ciedades de Especialidade com o

presidente da Anvisa, Cláudio

Maierovitch. Ao final, ficou de-

cidido que, dentro de 30 dias,

AMB e Anvisa estarão oficiali-

AMB e Anvisa assinarão convênio

zando o convênio. O mesmo con-

vênio, por sua vez, será assinado

entre a AMB e suas Sociedades de

Especialidade.

O presidente da AMB, Eleuses

Paiva esclareceu que a idéia do con-

vênio é agilizar o processo de co-

municação entre médicos e Anvisa,

aproveitando a organização que

existe dentro das especialidades.

“Omédico lida no dia-a-dia com

os medicamentos, com os equipa-

mentos, próteses, etc. Ninguém

melhor para denunciar se há algo

de estranho”, completou o presiden-

te da Anvisa, Claudio Maierovitch

O Conselho Administrativo de

Defesa Econômica (CADE) conde-

nou, por unanimidade, o Ciefas -

Comitê de Integração de Entidades

Fechadas de Assistência à Saúde

(atualmente com a denominação

Unidas), em processo representa-

do pelo Colégio Brasileiro de Ra-

diologia, em 2001, pela prática de

fabricação/publicação de tabela es-

tabelecendo honorários de presta-

ção de serviços médicos. O julga-

mento aconteceu na sessão do dia

2 de julho do Conselho, e a deci-

são foi publicada no Diário Ofici-

al da União no dia 24 de julho.

Além da proibição de utilização

de tabela própria para o pagamen-

to de honorários aos seus creden-

ciados, o Ciefas foi multado em

R$ 63.846,00 e terá ainda que co-

municar o teor da decisão do

CADE aos seus associados e tam-

bém publicá-la em jornais nacio-

nais de grande circulação. Caso não

cumpra as decisões da sentença

imposta, estará sujeito à multa di-

ária no valor de R$ 6.384,00.

“Essa sentença, de certa forma,

vem corrigir uma injustiça há tem-

pos imposta às entidades médicas.

No entender do próprio CADE,

nossas entidades estavam proibidas

de elaborar tabelas referenciais de

honorários, porém outras empre-

sas, especialmente de planos e se-

guros-saúde, tinham liberdade para

fazê-lo, adequando-as às suas con-

veniências”, afirma o presidente do

Colégio Brasileiro de Radiologia,

Aldemir Humberto Soares.

Disputa antiga

As divergências entre as enti-

dades médicas e o Ciefas são anti-

gas. Em maio de 2000,

atendendo

a uma representação feita pelo

Ciefas em 1994, o CADE decidiu

punir o Conselho Regional de Me-

dicina de São Paulo, Associação

Paulista de Medicina, Sindicato

dos Médicos de São Paulo, Asso-

ciação dos Médicos de Santos, So-

ciedade Brasileira de Patologia,

Colégio Brasileiro de Radiologia e

Sindicato dos Médicos de Santos,

São Vicente, Guarujá, Cubatão e

Praia Grande, sob alegação de im-

posição da Tabela de Honorários

Médicos da AMB às empresas de

plano de saúde.

Um mês depois, a sentença do

CADE foi suspensa por uma limi-

nar conseguida pela Associação

Paulista de Medicina. A juíza fe-

deral da 24ª Vara Cível da 1ª Se-

ção Judiciária do Estado de São

Paulo, Mônica Autran Machado

Nobre, concedeu mandado suspen-

dendo em parte – utilização da Ta-

bela, alteração dos Estatutos e da

multa aplicada – pontos do proces-

so administrativo sentenciado pela

entidade governamental. Em 2001,

foi a vez do Colégio Brasileiro de

Radiologia dar entrada no CADE

com uma representação contra o

Ciefas utilizando o mesmo argu-

mento no qual havia sido punido:

a utilização de tabela como

referencial para pagamento de ho-

norários médicos.

Ciefas é

condenado

pelo CADE

Reunião entre Anvisa e AMB: parceria em benefício da população

Oitenta e cinco porcento dos

prontos-socorros paulistas não

têm equipe médica completa.

A situação foi revelada pelo

levantamento que o Conselho

Regional de Medicina de São

Paulo (CRM-SP) realizou duran-

te os últimos dois anos.

A maior parte dos problemas

encontrados concentra-se nos hos-

pitais considerados filantrópicos,

que atualmente passam por sérias

dificuldades financeiras. As prefei-

turas e as entidades privadas filan-

trópicas, como as Santas Casas,

responsabilizam-se pela grande

maioria das unidades de saúde da

rede paulista.

O levantamento realizado pelo

CRM-SP será encaminhado para

a Vigilância Sanitária do Estado,

que avaliará os resultados e, se

for o caso, multará as instituições

que apresentam irregularidades.

O CRM-SP vistoriou um total de

1.011 serviços de saúde em todo

o Estado, entre hospitais, pron-

tos-socorros e maternidades 62%

privados e 72,4% com atendi-

mento pelo Sistema Único de

Saúde) e encontrou como princi-

pais problemas:

Entre os hospitais:

• 91,6% não permitiam acom-

panhantes em UTIs;

• 79% não apresentavam área

adequada para lavanderia;

• 70% não possuíam ambulân-

cias ou estas não estavam equi-

padas para ressuscitação;

• 68,2% apresentavam prontuá-

rios médicos preenchidos ina-

dequadamente;

• 56,5% não possuíam equipa-

mentos mínimos para UTI;

• 55,2% apresentavam taxa de

ocupação inferior a 50%.

Entre os prontos-socorros:

• 68,7% não apresentavam enfer-

marias adequadas para observa-

ção dos pacientes;

• 62,5% não contavam com ser-

viços de apoio (exames clínicos

e radiológicos);

• 45,4% não possuíam salas ade-

quadas para emergência;

• 34,2% estavam contemplados

com quesitos relacionados à

biosegurança;

• 13,8% os médicos realizavam

mais de quatro consultas por hora.

Entre as maternidades:

• 60% apresentavam índices de

cesárea superior a 45%;

• 21,6% realizavam partos de

risco acompanhados por profis-

sionais não qualificados;

• 17,4% não ofereciam serviços

aos recém-nascidos por profis-

sionais especializados;

• 11,8% ofereciam garantia de

parto humanizado;

• 11,3% tinham serviços com

pediatra exclusivo e presente no

momento do parto.

Divulgado pela

primeira vez em

1999, o Conselho

Regional de Medi-

cina do Estado de

São Paulo (Cre-

mesp), em parceira

com a Associação

Paulista de Medici-

na e a Federação

dos Médicos do Es-

tado de São Paulo,

relançou no mês de

maio o dossiê “Por

que somos contra a Abertura de

Novos Cursos de Medicina?”,

contendo dados e análises que re-

velam a necessidade de conter a

abertura de novos cursos de Me-

dicina e de melhorar o ensino nas

escolas médicas já existentes.

O trabalho, apresentado em 20

páginas, traça um verdadeiro

“raio x” do ensino médico naci-

onal, abordando a proliferação

dos cursos de medicina, concen-

tração de médicos por habitantes

no Estado de São Paulo, relação

e mensalidades das escolas mé-

dicas, diretrizes curriculares, o

papel da Cinaem e a legislação

vigente. Resumidamente, apre-

sentamos as seguintes conclusões

do documento:

• O MEC promoveu abertura de-

senfreada de cursos de Medici-

na nos últimos oito anos;

• É alarmante a concentração

de médicos na cidade de São

Paulo, nas principais

regiões do Estado e

no país;

As escolas médi-

cas particulares

(maioria no Estado

e no país) transfor-

maram-se em negó-

cios lucrativos com

a cobrança de men-

salidades exorbi-

tantes;

Faltam vagas para

Residência Médica,

que é hoje o melhor instrumento

para formação dos médicos, so-

bretudo os especialistas;

• As medidas judiciais adotadas

pelas escolas médicas não foram

suficientes para barrar a abertu-

ra de novos cursos;

• A atual legislação é deficitária,

pois permite a abertura de cur-

sos de Medicina sem necessida-

de social;

• Conselho Nacional de Saúde

apontou clientelismo na libera-

ção de cursos;

• A existência de cursos de Me-

dicina sem condições adequa-

das de ensino está ligada ao au-

mento crescente das infrações

éticas e de erros médicos;

• Atualmente, muitos médicos não

se formam com a competência

mínima para atender a saúde da

população;

• É necessária e urgente uma pro-

funda reforma e transformação

do ensino médico.

No dia 17 de junho de 2003, a

diretoria da AMB definiu a con-

vocação de uma Comissão de

Transplante de Órgãos e Tecidos,

presidida por Valter Duro Garcia,

tendo como membros titulares

Flávio Jota de Paula, José Osmar

Medina Pestana, José Wanderley

Neto, Maurício Iasi e Walter An-

tonio Pereira; e como membros

suplentes Elias David-Neto,

Henry de Holanda Campos, José

Roberto Feresin Moraes, Marce-

lo Perosa de Miranda e Sérgio

Mies.

A criação da Comissão aten-

de ao interesse mútuo da Asso-

ciação Brasileira de Transplan-

tes (ABTO) de fazer parte da

AMB – já que não é uma espe-

cialidade reconhecida e não con-

figura entre as associadas – e da

AMB de participar das decisões

referentes ao transplante de ór-

gãos e tecidos.

Entre os principais objetivos da

Comissão estão as áreas que.

Valter Duro Garcia classifica de

“os quatro pilares” da política de

transplante: elaboração e aprova-

Pesquisa doCRM-SPrevela

descaso na rede hospitalar

Dossiê sobre novos

cursos de Medicina

AMB conta com Comissão de Transplante

ção de regulamentação; reava-

liação anual do financiamento, já

que a cada ano sobe o número de

pacientes submetidos a transplan-

te; organização do sistema e edu-

cação em transplante. O presiden-

te projeta que, entre julho e agos-

to, a Comissão deve fazer sua pri-

meira reunião para definir as

ações a curto prazo.