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JAMB

9

MARÇO/ABRIL DE 2003

Algumas propostas para a

mobilização da classe médica

paulista na luta pela dignidade de

honorários foram debatidas duran-

te o painel “Políticas para o Siste-

ma Suplementar de Saúde”, reali-

zado no sábado pela manhã, no úl-

timo dia do III Congresso Brasi-

leiro e IV Congresso Paulista de

Política Médica.

“Vamos convocar toda a classe

médica paulista para discutirmos

como encaminhar o movimento

médico e avançar em nossas rei-

vindicações para o setor de políti-

ca nacional”, destacou o presiden-

te da AMB, Eleuses Paiva, duran-

te o debate. “A questão é

“Políticas para o Sistema

Suplementar de Saúde”

inadiável”, endossa Regina Parizi,

presidente do Conselho Regional de

Medicina de São Paulo. “Temos que

discutir, além da questão dos hono-

rários defasados há oito anos, a in-

serção de muitos outros pontos im-

portantes para o correto desenvol-

vimento do sistema suplementar”,

completa.

SegundoLúciaHelenaMagalhães,

representante do Procon no encontro,

os planos de saúde ocupam o quarto

lugar no ranking da entidade, sendo

as empresas SulAmérica,Amil eMed

Vida, asmais reclamadas. “O segmen-

to é muito questionado porque a le-

gislação não conseguiu regularizar

os problemas do setor”, destacou.

Para o deputado federal Rafael

Guerra, presidente da Frente Parla-

mentar de Saúde, o grande responsá-

vel por essa situação é aAgência Na-

cional de Saúde Suplementar. “A

ANS se mostrou incompetente para

regular o setor. Sua ausência neste

Fórum é um exemplo claro de como

trata o setor” criticou. Sobre a Comis-

são Parlamentar de Inquérito dos Pla-

nos de Saúde, instalada na Câmara

dos Deputados, ele destacou que os

resultados poderão auxiliar nos tra-

balhos que serão desenvolvidos pela

Frente Parlamentar de Saúde. “Não

tenho esperança de que a CPI vá cor-

rigir as distorções do setor ou que

punirá alguma operadora. No entan-

to, o diagnóstico apresentado pela

CPI poderá ser muito útil ao traba-

lho a ser desenvolvido pela Frente

Parlamentar de Saúde”, concluiu.

O painel contou também com as

presenças de Antonio Alberto

Felício, presidente da Confederação

das Unimeds do Estado de São Pau-

lo, e do diretor da Associação Bra-

sileira das Empresas de Medicina

de Grupo, Marco Aurélio de Cam-

pos. “Somos vítimas da política na

saúde e sentimos falta de uma polí-

tica de saúde”, destacou o presiden-

te da Unimed, enquanto que o re-

presentante da ABRAMGE confir-

mou que o setor também sofre con-

seqüências com a “falta de uma

regulamentação adequada”.

As discussões sobre “Ativida-

de Profissional do Médico” encer-

raram o III Congresso Brasileiro e

IV Congresso Paulista de Política

Médica. O painel teve início com

os debates sobre a regulamentação

doAto Médico, cujo palestrante foi

o conselheiro e corregedor do Con-

selho Federal de Medicina,

Roberto d’Ávila.

“Em nosso projeto de lei que re-

gulamenta oAto Médico, reconhe-

cemos que a atenção à saúde deve

ser multiprofissional, garantimos

prerrogativas à outras profissões e,

por isso, não entendemos a polê-

mica criada contra a sua aprova-

ção”, destacou d’Ávila em sua pa-

lestra. “Sua aprovação hoje é ne-

cessária porque outras profissões

avançam sobre nós realizando atos

que são de exclusividade dos mé-

dicos”, completou.

O segundo tema do painel,

“Projeto Diretrizes AMB/CFM”,

foi abordado pelo diretor Científi-

co daAMB, Fábio Jatene. Ele apre-

sentou a metodologia utilizada na

elaboração das diretrizes que estão

sendo desenvolvidas pela AMB e

seu conjunto de Sociedades de Es-

pecialidade e realizou um balanço

do trabalho que já foi produzido até

o momento.

“Atualmente contamos com 100

diretrizes já finalizadas. As primei-

ras 40 foram impressas no volume

um do projeto. O segundo volume,

com outras 40, encontra-se em fase

de impressão e já contamos com

outras 20 preparadas para o volu-

me três. Todas encontram-se dispo-

níveis no site daAMB”,

(www.amb

.

org.br)”, destacou.

O 1º tesoureiro da AMB,

Amilcar Martins Giron, foi o res-

ponsável pela apresentação dos tra-

“Atividade Profissional do Médico”

balhos sobre a Classificação Bra-

sileira Hierarquizada de Procedi-

mentos. Ele fez um relato passo-

a-passo da elaboração do trabalho,

abordando desde a idéia de sua

criação à metodologia empregada.

O trabalho foi lançado no mês de

julho, em Vitória (Mais informa-

ções na pág. 3). O Espírito Santo

foi escolhido por ser o único Esta-

do nacional que atualmente conta

com uma legislação específica

garantindo ao Conselho Regional

de Medicina o direito de elaborar

e implantar uma lista referencial de

honorários médicos.

O terceiro painel do III Con-

gresso Brasileiro e IV Congres-

so Paulista de Política Médica

debateu a formação do profissio-

nal médico, incluindo a abertura

indiscriminada de escolas médi-

cas e as alterações pretendidas na

grade curricular dos cursos de

Medicina.

A produção em massa de mé-

dicos foi criticada por José Luiz

Gomes do Amaral, presidente da

Associação Paulista de Medicina,

que iniciou o debate. “É impor-

tante atuarmos nesse sentido para

revertermos o caos que se insta-

lou nessa área”, disse Amaral.

Entre os palestrantes convida-

dos, a representante do Ministério

da Saúde, Laura Feuerwrker,

confirmou a intenção do órgão em

apoiar um antigo desejo das enti-

dades médicas, que é a aprovação

de uma legislação que garanta uma

moratória para abertura de novos

cursos de medicina. “Sou favorável

à moratória para que possamos ava-

liar o setor. Aproveito para convi-

dar as entidades médicas para rea-

lizar um levantamento completo

dos médicos no país: quantos espe-

cialistas temos, onde estão, quem

são, para que possamos discutir pro-

postas no sentido de formar profis-

sionais capazes de atender a saúde

em termos integral”, completou. Ela

também é favorável a uma reava-

liação no sistema de Residência

Médica: “Temos que rediscuti-la,

pois é a responsável pela má distri-

buição geográfica dos médicos no

país”, completou.

Giovanni Guido Cerri, diretor

da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo, res-

saltou que a Residência Médica

deve ser parte integrante da for-

mação médica, e que, portanto, a

oferta de residência tem que ser

“Política de formação

profissional”

proporcional ao número de pro-

fissionais graduados. Pales-

trando sobre o tema – Análise

Crítica Curricular das Escolas

Médicas - Milton de Arruda

Martins, secretário da diretoria

da Associação Brasileira de En-

sino Médico, falou sobre a defi-

ciência dos sistemas de avalia-

ção vigentes e destacou a impor-

tância da continuidade dos estu-

dos após a graduação. “A expe-

riência internacional diz que de-

pois do diploma, o profissional

deve ser pós-graduado, genera-

lista ou especializado”, garantiu

Martins.

O 2º vice-presidente da Asso-

ciação Médica Brasileira, Ronal-

do da Rocha Loures Bueno, ex-

plicou os objetivos da formação

profissional, salientando a impor-

tância de se formar profissionais

que se envolvam com a socieda-

de, não apenas médicos técnicos.

Representando o poder Legis-

lativo, o deputado federal Arlindo

Chinaglia (PT-SP) esclareceu que

para que aconteçam melhorias na

formação dos profissionais médi-

cos deve haver integração da so-

ciedade com o aparelho forma-

dor, opinião compartilhada por

Carlos Alberto Justo da Silva,

diretor do Centro de Ciências da

Saúde da Universidade Federal

de Santa Catarina. “É necessário

que os médicos estejam adequa-

dos às necessidades sociais. A es-

cola médica tem um compromis-

so com a sociedade”, disse. Jus-

to também ressaltou que a aber-

tura de novas escolas de Medici-

na pode ter conseqüências opos-

tas às pretendidas. “Grande quan-

tidade de médicos mercantiliza a

doença, em vez de difundir a saú-

de. Médico demais faz mal à saú-

de”, destacou.