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JAMB

JULHO/AGOSTO DE 2001

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SAO CAMILO

“descompasso estranho”, já que as entidades médicas

vinham desenvolvendo parcerias efetivas com o

governo.

“Além de retirar dos Conselhos o poder fiscalizador

sobre as operadoras, fragilizou ainda médicos e

pacientes ao criar planos com mecanismos blo-

queadores e cerceadores de direitos duramente

alcançados”, garantiu.

Lynn Silver, representante do Instituto Brasileiro de

Defesa do Consumidor - Idec, comemorou a decisão

do governo, pois afirmou que não houve discussão

pública antes da edição da medida. “Integramos a

Câmara de Saúde Suplementar da ANS e em nenhum

momento essas alterações foram colocadas em

discussão”, desabafou.

Para o senador Sebastião Rocha, da Comissão de

Assuntos Sociais do Senado Federal, “esse setor é

complexo e não pode ser objeto de medidas unilaterais.

Ao retirar a MP, entendo que o governo aprendeu a

lição. A trajetória natural, e que será seguida daqui em

diante, é a de uma ampla discussão”, afirmou.

O deputado Rafael Guerra, representante da

Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara

dos Deputados, defende a mesma linha de raciocínio e

acrescenta; “a regulamentação deve abranger princípios

que regem o Sistema Único de Saúde, ou sejam, da

universalidade, integralidade e equidade. Sem eles não

há garantias de um atendimento com qualidade à

população”, garante.

O ministro da Saúde, José Serra, afirmou durante o

Simpósio de Regulamentação dos planos de saúde

(matéria completa na página 5) que as propostas da MP

anterior não foram compreendidas por todos e por isso

foram retiradas. “Vamos aproveitar o Simpósio para

discutir os pontos polêmicos para, então, elaborar um

novo projeto de lei”, garantiu.

Pressionado, o governo recua

MP 2177

união das entidades médicas e de defesa do

consumidor contra a MP 2177-43, que alterava

a regulamentação dos planos de saúde, trazendo

enormes prejuízos ao consumidor, e que mereceu

enorme destaque na imprensa (ao lado), acabou tendo

o desfecho pretendido pela sociedade: o governo voltou

atrás e reeditou nova medida provisória, agora sem os

pontos polêmicos apontados pelas entidades.

Além disso, o ministro da Saúde José Serra, após

reuniões com representantes de todos os segmentos

envolvidos no setor, também prometeu enviar ao

Congresso um projeto de lei sobre o assunto, que antes

será amplamente debatido com toda a sociedade.

A nova MP (nº 2177-44) excluiu os pontos

polêmicos, contestados pelaAMB, CFM, Procon, Idec,

OAB, entre outras entidades: cobertura limitada,

geográfica, segmentação de planos, além da introdução

do sistema Managed Care, através de um médico

triador. Outro avanço, especialmente para aAssociação

Médica Brasileira, é que agora a entidade passa a

integrar como membro titular a Câmara de Saúde

Suplementar da Agência Nacional de Saúde Suple-

mentar (ANS) e não apenas sob convite, como

anteriormente. “O problema é que essa Câmara tem

apenas poder consultivo e não deliberativo”, lamenta

Samir Bittar, representante da Associação Médica

Brasileira na entidade.

“Não resta dúvida que houve um grande avanço por

parte do governo ao retirar a MP”, sentenciou o

presidente da AMB, Eleuses Paiva. “Não podíamos

aceitar o retrocesso que a MP anterior infringia à

regulamentação. Agora, com a participação de todos

os segmentos, poderemos discutir e encontrar soluções

para o bem de toda a sociedade”, avaliou.

Para Edson Andrade, presidente do Conselho

Federal de Medicina, a edição da MP foi um