Cubana abandona
Mais Médicos e denuncia
trabalho escravo
Mais médicos
I
mediatamente após a notícia do afasta-
mento da médica cubana Ramona Ro-
drigues (foto) do seu cargo no Programa
Mais Médicos, em Pacajá (PA), e seu pe-
dido de refúgio no Brasil, a Associação
Médica Brasileira ofereceu apoio incondi-
cional à profissional. Primeiro, em nota à im-
prensa, prestando total solidariedade, além
de condenar “a situação precária, humilhan-
te, próxima à escravidão, a que os cubanos es-
tão sendo submetidos no Brasil”. A nota in-
formou ainda sobre a criação da Comissão de
Apoio aos Profissionais Cubanos, no sentido
de fornecer assistência legal para garantir a li-
berdade e a integridade desses profissionais.
Ramona declarou à imprensa o motivo
que a levou a abandonar o Programa: cons-
tatar que estava recebendo menos do que
os R$ 10 mil pagos a profissionais de outros
países, que prestam o mesmo tipo de tra-
balho no Mais Médicos. Ela divulgou o seu
contrato de prestação de serviços, interme-
diado pela empresa Sociedade Mercantil
Cubana Comercializadora de Serviços Médi-
cos Cubanos S.A. – e não a Organização Pa-
namericana de Saúde (OPAS), que deveria
ser a responsável pela intermediação, confor-
me divulgado pelo governo na época do lan-
çamento do Programa. Pelo contrato, dos
R$ 10 mil reais (U$ 4 mil) pagos pelo gover-
no brasileiro, chegavam às suas mãos ape-
nas R$ 800 (US$ 400) pagos no Brasil e outros
R$ 1200 (US$ 600) depositados em uma conta
cubana, a receber quando retornasse a Cuba.
Zeca Ribeiro
“O que nos preocupa é que os documen-
tos divulgados pela doutora Ramona com-
provam a exploração de trabalho próxi-
ma à escravidão. Em pleno século 21,
não
podemos admitir, em um país com uma eco-
nomia pujante como a nossa, tal tipo de tra-
tamento como o demonstrado a essa pro-
fissional”, declarou o presidente Florentino
Cardoso, em entrevista em vídeo disponibi-
lizada no site da AMB. “Queremos nos soli-
darizar e oferecer o apoio necessário a todos
os profissionais cubanos que hoje atuam no
país. A população brasileira pode estar cien-
te de que a AMB estará atenta a essa situação,
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JAMB
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janeiro/fevereiro
2014