ANGELO AMATO
VINCENZO DE PAOLA
Emdezembro de 2013, AngeloDe Paola assumiu a presidência da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC).
Professor titular e chefe da disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina, coordenador do Setor
de Arritmias e Eletrofisiologia da Unifesp, de Paola já foi editor dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia,
presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas e diretor de Comunicação e Científico da
Sociedade Brasileira de Cardiologia. De Paola concedeu a seguinte entrevista ao
JAMB
.
JAMB - Quais são seus planos para esta gestão?
R -
Além de prover educação continuada e
incentivar a produção e divulgação científica, a
nossa sociedade estará comprometida com o
nosso desenvolvimento social, indissociável do
científico. O problema do nosso país são as grandes
desigualdades regionais assistenciais e científicas.
Procuraremos diminuí-las, tentando integrar todas
as nossas facilidades de informação, os nossos
departamentos científicos e as nossas regionais.
JAMB - Quais são os principais problemas
encontrados na especialidade?
R -
O deslumbramento tecnológico desvalorizou
a principal ferramenta diagnóstica e terapêutica,
que é a avaliação clínica e o relacionamento
humano. Eles precisam ser resgatados e
a consulta clínica cardiológica precisa ser
devidamente remunerada, assim como métodos
propedêuticos simples, como a eletrocardiografia,
o teste ergométrico e a ecocardiografia.
JAMB - O que o associado pode
esperar desta nova diretoria?
R -
A nossa sociedade está comprometida com
a formação e a informação do cardiologista.
Para isso, uma educação continuada de alta
qualidade, utilizando a nossa universidade
corporativa e as modernas tecnologias de
informação estarão cada vez mais disponíveis
para os sócios. Finalmente, o incentivo à
produção científica requer ações afirmativas que
estarão sempre presentes na nossa gestão.
JAMB - Os preços atuais dos principais
procedimentos da especialidade
contemplam os anseios da categoria?
R -
Não. Os principais procedimentos, que são
os métodos mais simples em cardiologia, como
consulta, eletrocardiograma, ecocardiograma
e teste ergométrico, estão muito defasados
e extremamente desvalorizados. Ainda não
conseguimos implantar plenamente a CBHPM.
Atualmente, vários seguros de saúde pagam valores
aviltantes sem nenhuma preocupação com a qualidade
do serviço que está sendo prestado ao usuário.
JAMB - O que será feito para mudar isso?
R -
A Diretoria de Qualidade Assistencial da SBC, coordenada
pelo dr. Pedro de Albuquerque, está organizando a
formação da Comissão Nacional de Honorários Médicos
da SBC (CNHM/SBC), com a inclusão dos presidentes de
todos os Departamentos e Regionais Estaduais da nossa
sociedade. Essa comissão atuará alinhada à AMB e ao CFM
para ter um canal de negociação técnico, transparente
e cidadão com o governo, a Agência Nacional de Saúde
(ANS) e os planos de saúde, e poderá contribuir muito para
corrigir as discrepâncias do nosso sistema assistencial.
JAMB - A atual qualificação do programa
de residência no país é satisfatória?
R -
A formação do cardiologista é muito dependente
da estrutura humana e material adequada. Precisa
ser atualizada continuamente para ser considerada
satisfatória. A SBC estudou profundamente e publicou as
competências necessárias para a formação cardiológica
(Arq. Bras. Cardiol. 2012; 98:98-103). Além de atividades
teóricas, corpo docente, centros de treinamento e
conteúdo programático qualificados, existe a necessidade
de aperfeiçoamento ético na sua área de atuação, assim
como no compromisso com o desenvolvimento contínuo
e excelência profissional, buscando e incorporando
continuamente as novas informações dessa área de atuação.
JAMB - O ensino na graduação contempla
as necessidades do especialista?
R -
Precisamos de uma grande reforma curricular que
está sendo estudada há anos pela universidade e deve
ser apoiada pelas sociedades científicas, que devem
estar profundamente comprometidas com o nosso
desenvolvimento científico e social. Na grade curricular,
o conhecimento da Cardiologia deve ser claramente
aumentado para melhor formação do médico em geral. Em
um país em que 30% das mortes são cardiovasculares, existe
a necessidade de mudar a mentalidade extemporânea de
formar profissionais direcionados e pouco capacitados.
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Arquivo pessoal
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JAMB
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janeiro/fevereiro
2014