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no sentido de garantir que a legislação seja

respeitada e seus direitos sejam preservados”,

completou.

A AMB ofereceu também a Ramona Ro-

driguez um emprego na área administrativa

em seu escritório em Brasília, facilitando, as-

sim, que pleiteie um visto de trabalho para

permanecer em território nacional. A contra-

tação foi concretizada no dia 11 de fevereiro e,

além do vínculo empregatício, ainda garantirá

suporte para Ramona realizar o Revalida, exa-

me obrigatório para que médicos formados no

exterior trabalhem no Brasil.

“A AMB dará a ela o apoio necessário

e irá ajudá-la, se este for seu desejo, naqui-

lo que for preciso para revalidar o diploma

médico, inclusive oferecendo capacitação”,

acrescenta Florentino Cardoso. “A Associa-

ção Médica Brasileira não tem constrangi-

mento em afirmar que qualquer médico for-

mado no exterior pode trabalhar no Brasil,

desde que aprovado pelo Revalida”, diz o pre-

sidente da AMB.

Refúgio

Com assessoria do partido político Democra-

tas (DEM), Ramona protocolou um pedido de

refúgio no país, tornando-se o primeiro caso

de deserção entre os cubanos participantes do

Mais Médicos. O protocolo de refúgio no Co-

nare (Comitê Nacional para Refugiados) ga-

rante a Ramona a permanência em território

nacional com a mesma isonomia e direitos de

qualquer cidadão brasileiro. Segundo o Secre-

tário Nacional de Justiça, Paulo Abraão, não

há prazo para que o processo seja julgado,

pois há outros à frente.

Seguindo o exemplo de profissionais vene-

zuelanos que obtiveram permissão para tra-

balhar nos Estados Unidos, Ramona também

pediu auxílio ao governo norte-americano,

solicitando visto, no sentido de se beneficiar

de um programa exclusivo a profissionais de

Cuba, oferecido desde 2006 por aquele país.

Ação trabalhista

Ramona informou que acionou a justiça

trabalhista para pedir indenização por da-

nos morais, além do ressarcimento da di-

ferença do valor pago pelo Brasil a médi-

cos de outros países ( R$ 10 mil) durante os

quatro meses em que trabalhou no país. A

ação foi preparada pela assessoria jurídica

do DEM e protocolada na justiça trabalhis-

ta do Pará. E ela alega danos morais, sob

o argumento de que teve sua honra atingi-

da por ter sido “discriminada” em relação

aos demais médicos participantes do pro-

grama.

O DEM também prometeu protoco-

lar representação no

Ministério Público do

Trabalho, solicitando ação coletiva contra o

Mais Médicos.

“O Brasil terá de responder

por dano moral não apenas à médica cuba-

na, mas a todos os cubanos que aqui atuam,

pois a legislação brasileira estabelece que ne-

nhum trabalhador pode ser tratado de forma

desigual”, disse o deputado Ronaldo Caiado

(DEM-GO).

O Ministério Público do Trabalho, por

sua vez, por intermédio do procurador da

10ª Região, Sebastião Caixeta, confirmou que

está se preparando para processar a União,

caso o governo continue pagando salário

menor aos médicos cubanos que o oferecido

aos médicos de outras nacionalidades.

Novos abandonos

Além de Ramona, o Ministério da Saúde con-

firmou que outros 4 médicos também aban-

donaram o programa: Ortélio Guerra, que

atuava em Pariqueraçu (SP) e migrou para os

Estados Unidos, e outros três que não justi-

ficaram afastamento e que trabalhavam nos

municípios de Rio do Antônio, na Bahia, Be-

lém de São Francisco, em Pernambuco, e

Timbira, no Maranhão. No total, 22 cubanos

deixaram o programa, sendo que 17 alega-

ram problemas de saúde.

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