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EDIÇÃO ESPECIAL |

Setembro - Outubro de 2015

Esse decreto interferia diretamente na autonomia

das especialidades? Qual o ponto mais crítico

do texto apontaria?

Sim. A partir do momento em que deixaria brechas

para os Ministérios da Educação e da Saúde

para decidir sobre equivalência entre “cursos de

especialização”, poderia acontecer nivelamento

por baixo, em detrimento ao mérito e da maneira

correta para titular médicos especialistas. Dava

autonomia ao Conselho Nacional de Educação para

legislar onde não conhece, além de conhecermos o

atual “modus operandi”.

Como avalia a participação das entidades médicas

nesse caso? Foi ummovimento histórico, não ?

Exemplar, pois se viu a coesão na defesa de

uma causa coletiva, alicerçada na manutenção

e aprimoramento da qualidade na formação de

médicos especialistas no Brasil, onde também

se incluem os médicos de família e comunidade.

Defendemos a atenção básica como principal

porta de acesso ao sistema de saúde, tendo

médicos qualificados na estratégia saúde da

família. Esses são especialistas na área e devem

ser valorizados, prestigiados e não como o governo

tem feito, incentivando médicos recém-formados.

Agradecemos muito e sinceramente a todas as

entidades médicas, médicos e parlamentares

federais (deputados e senadores) que se envolveram

nessa causa vitoriosa. Ganhamos todos com essa

vitória, especialmente a população mais pobre

e carente, que poderá ter médicos especialistas

qualificados na assistência à saúde. 

A que o senhor atribui essa vitória?

A vitória é da verdade, da união das entidades

médicas, dos médicos, da competência ao lidar

com seriedade na busca incessante da qualidade.

Obviamente, foi fundamental a participação dos

deputados federais que entenderam nossa causa,

de diferentes partidos, que ouviram as verdades,

capitaneados pelo deputado Luiz Henrique Man-

detta (MS). Essa vitória também dá maior garantia

à população, que terá médicos melhores qualifica-

dos para atendê-los nas diferentes especialidades

existentes hoje no Brasil

O novo decreto atende ao pleito da AMB em

relação à implementação do Cadastro Nacional

de Especialistas? Os equívocos do decreto anterior

foram sanados?

Acreditamos que o novo decreto corrige as impro-

priedades do decreto anterior. Não poderíamos

imaginar o governo federal intrometer-se no Títu-

lo de Especialista da Associação Médica Brasileira

(AMB) / Sociedades de Especialidade,

que funciona

bem. O Cadastro Nacional de Especialistas poderá

ser excelente ferramenta de gestão para todos os

governos, desde que utilizado adequadamente para

que se utilizem políticas de estado, melhorando o

sistema de saúde no que se refere à distribuição de

médicos, por exemplo.

O governo se mostrou sensível às mudanças

solicitadas?

Inicialmente não, notadamente o Ministério

da Saúde, que em muitas manifestações tentou

desqualificar as entidades médicas, as sociedades

médicas, os médicos brasileiros. Com a reação

contrária crescentedemuitas instituições,inclusive

alguns deputados federais da base aliada do

governo, houve o recuo, que foi fundamental para

um entendimento acerca do Cadastro Nacional de

Especialistas. O governo não pode achar que sabe

tudo e tudo faz bem feito, muito pelo contrário, é

isso que temos visto ultimamente. A AMB estará

sempre à disposição para buscar melhorias para a

saúde, a medicina e o médico brasileiro.

Quais os principais avanços e pontos ajustados?

Um avanço foi o governo federal reconhecer que no

Brasil, Título de Especialista paramédicos, somente

a Comissão Nacional de Residência Médica

(CNRM) e a Associação Médica Brasileira (AMB)

em conjunto suas Sociedades de Especialidade,

podem certificar.

O Conselho Federal de Medicina

(CFM) é o órgão que

os registra. Além disso, vincula

no decreto a Comissão Mista de Especialidades,

que é formada pela AMB, CFM e CNRM, com dois

membros cada. Também não poderíamos permitir

nivelamento “por baixo”  para obtenção do Título

de Especialista. Saúde deve ser cuidada com foco

permanente na qualidade.

O novo decreto consolida a formação da Comissão

Mista de Especialidades?

Sim, pois antes ela existia pormeio de umConvênio

feito entre a AMB, CFM e CNRM. Isso também é

importante assinalar, porque a Comissão Mista de

Especialidades (CME) é que detém a prerrogativa

de criar novas especialidades médicas ou áreas

de atuação. E sempre fez com muito critério,

seriedade, pensando no Brasil, vislumbrando o

futuro, verdadeiramente como política de estado,

e não política de um governo ou de um partido.

Queremos sempre fazer o melhor para todos.