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EDIÇÃO ESPECIAL |
Setembro - Outubro de 2015
A luta da AMB, aglutinando as entidades médicas, no movimento contra o decreto
presidencial que ameaçava as especialidades e colocava em risco a saúde brasileira
Presidente da AMB fala
sobre o Decreto 8497/15
Qual foi o seu sentimento ao tomar conhecimento
do Decreto 8497/15?
A comunidade médica brasileira recebeu com
espanto e indignação, mas sem surpresa, o
Decreto nº 8.497/2015 da Presidência da República,
publicado no último dia 5 de agosto. Criado sob o
despretensioso e inofensivo objetivo de “formação
do Cadastro Nacional de Especialistas”, o decreto
trazia uma série de artigos que versavam sobre
muito mais aspectos do que mera organização de
informações sobremédicosespecialistasbrasileiros.
Informações estas, já disponíveis ao Ministério
da Saúde na base de dados do CFM (Conselho
Federal de Medicina), autarquia responsável pelo
registro das informações médicas e no próprio sítio
eletrônico da AMB (Associação Médica Brasileira).
Esse episódio mostrou mais uma vez que não se
pode confiar neste governo?
O SUS do papel é bastante diferente do real e
daquele da propaganda enganosa do governo. O
caos e o descaso na saúde pública está à vista. No
pacote da comemoração de dois anos do programa
Mais Médicos, o decreto assinado é recheado de
artifícios legais, permitindo que o Ministério
da Saúde avance no seu projeto desenfreado
de banalização e mercantilização da formação
médica, com objetivo de formar pseudomédicos
(e agora pseudoespecialistas) em escala industrial
e poder seguir ludibriando a população, sempre
focando na quantidade, e irresponsável e
descompromissado quanto à qualidade. Foi assim
com o Mais Médicos, que não exigiu o “Revalida”
e nem tradução juramentada dos diplomas dos
médicos estrangeiros. Agora, a lógica é amesma. No
início do segundo mandato, a Presidente da
República conclamou ao “diálogo”. O próprio
ex-ministro da Saúde à época reuniu-se com a
AMB reafirmando tal intenção. Contudo, mais
uma vez, o governo federal usa sua “mão de ferro”
estatal contra os médicos, sem que sejam ouvidas
previamente as sociedades médicas, a academia, os
estudantes e demais entidades. Unilateralmente
interfere de forma preocupante, lembrando países
vizinhos com vieses totalitários. Pesquisas de
opinião têm mostrado sucessivamente a queda
vertiginosa na confiança que a população tem
no atual governo. Lembremos do que falavam e
falam, e comparemos com o que está ocorrendo
verdadeiramente no Brasil.
Crédito:AMB