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9

Dezembro/2000

MEDICINA

CONSELHO FEDERAL

J A M B

e s p e c i a l

Este ano, a principal iniciativa do Conse-

lho Federal de Medicina (CFM) e da Associa-

ção Médica Brasileira (AMB) foi, sem dúvida,

o lançamento da campanha que mobilizou mé-

dicos de todo o país contra os abusos pratica-

dos pelas empresas operadoras de planos de

saúde. A campanha - iniciada em São Paulo

pela Associação Paulista de Medicina e, em

seguida, abraçada pelo CFM e pela AMB -

trouxe a Brasília, em junho, representantes de

todas as entidades médicas e cerca de 300 pro-

fissionais para protestar contra a decisão do

Conselho Administrativo de Defesa Econômi-

ca (Cade) - que proibiu o uso da tabela de ho-

norários médicos da AMB pelas operadoras de

planos de saúde - e contra a decisão dos planos

de saúde limitarem consultas, exames e inter-

nações de pacientes e promoverem o descre-

denciamento de médicos e hospitais que não

aceitem suas imposições.

Durante a mobilização em Brasília, as en-

tidades reuniram, no Congresso Nacional, re-

presentantes da Frente Parlamentar da Saúde

que hipotecaram irrestrito apoio à classe e se

comprometeram a lutar pela alteração, no Le-

gislativo, da lei que regulamentou a atuação

dos planos de saúde. Em seguida, houve um

encontro com o vice-presidente da Câmara,

deputado Heráclito Fortes, e com o presiden-

te do Senado, Antônio Carlos Magalhães, que

também discordaram da decisão do Cade e

ofereceram apoio ao movimento dos médi-

cos. Posteriormente, acompanhados de parla-

mentares, os representantes das entidades

médicas foram também recebidos pelo minis-

tro da Justiça, José Gregori, que se compro-

meteu a fazer gestões junto ao Cade no senti-

do de rever a decisão dos conselheiros.

Os presidentes do CFM, Edson de Oliveira

Andrade, e da AMB, Eleuses Vieira de Paiva,

chegaram a defender a criação, no Congresso

Nacional, de uma Comissão Parlamentar de In-

quérito (CPI) para apurar os abusos praticados

por essas empresas. Edson Andrade criticou as

limitações da lei sobre os planos de saúde, lem-

brando que ela garante apenas no papel o direi-

to dos usuários mas não assegura aos médicos

os meios dignos para exercer a profissão e con-

quistar a confiança dos pacientes.

Por sua vez, Eleuses Vieira denunciou

que, em nome de uma suposta racionalização

de gastos ou simplesmente de lucro, algumas

empresas continuam interferindo na autono-

mia dos profissionais quando limitam proce-

dimentos médicos que comprometem a quali-

dade do atendimento, causando riscos à saú-

de dos pacientes. Por isso, defendeu a mobi-

lização dos médicos, lideranças políticas e da

própria sociedade para que se criem as condi-

ções necessárias para o bom exercício profis-

sional e a garantia de um atendimento de qua-

lidade aos usuários.

A partir desses encontros, as entidades mé-

dicas decidiram lançar uma campanha nacional

para denunciar os abusos cometidos pelos pla-

nos de saúde contra médicos e usuários. Os di-

rigentes do CFM e da AMB entendem que, ca-

so persistam tais abusos, a saúde de cerca de 45

milhões de brasileiros estará em jogo, sem fa-

lar da desvalorização do exercício profissional,

com as restrições e limitações de toda ordem

que por certo refletem negativamente na quali-

dade do atendimento e na relação de confiança

que deve existir entre médico e paciente.

Campanha contra abusos dos

planos de saœde

mobiliza a classe mŽdica

A atuação da Associação Médica Brasi-

leira e do Conselho Federal de Medicina na

Câmara Técnica da Agência Nacional de

Saúde (ANS), que trata dos reajustes dos pla-

nos de saúde, tem sido bastante positiva. É o

que garante Samir Bittar, vice-presidente da

AMB - região Centro-Oeste, que participou

dos últimos encontros.

“A ação das duas entidades tem sido im-

portante no sentido de conhecer como o mer-

cado atual encara o excesso de mão-de-obra

médica, o que reforça a necessidade de bus-

car mecanismos que sejam eficazes no con-

trole da abertura de novas escolas e qualifica-

ção das já existentes".

As reuniões, que acontecem no Rio de

Janeiro, são quinzenais e o término das dis-

cussões está previsto para o começo do ano

que vem. Segundo Bittar, as mesmas visam

estabelecer parâmetros para que a Agência

Nacional de Saúde possa monitorar os au-

mentos e ter elementos para detectar pontos

que possam levar a abusos nos valores re-

passados aos consumidores. “É fundamental

não deixar o mercado totalmente livre, de

modo a favorecer apenas ao interesse das

operadoras; por outro lado, não se deve esta-

belecer controle rígido de preços, um meca-

nismo antiquado e indesejável nos dias atuais",

afirmou.

O controle das

seguradoras

James Wardell - Ag. Keystone