12
Dezembro/2000
MEDICINA
CONSELHO FEDERAL
J A M B
Nem só de política e economia vive o
Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul).
Criado em 1991, com a proposta de unificar
quatro países - Argentina Uruguai, Paraguai e
Brasil -, o bloco tem empreendido esforços
para alcançar em 2005 a padronização entre
as quatro nações em vários setores da socie-
dade, médica inclusive. Existe, sim, um espa-
ço para a área da saúde dentro do Mercado
Comum; e mais, há, dentro do Grupo do Mer-
cado Comum (GMC) – célula nervosa do
Mercosul e responsável pelas discussões téc-
nicas dos assuntos ligados ao bloco –, um
subgrupo específico para debater as questões
médicas: o subgrupo 11.
Nesse subgrupo acontecem as reuniões
oficiais do Mercosul ligadas à área da saúde.
O diretor de Relações Internacionais da
AMB, David Miguel Filho, lembra que a in-
tegração entre os parceiros do mercado na
área médica também tem seu espaço e se de-
senvolve intensamente - principalmente a
partir de 1993, quando as entidades médicas
representativas dos quatro países realizaram o
I Encontro Internacional de Médicos para o
Mercosul, em Solis, Uruguai. Na época, foi
criada a Comissão de Integração dos Médicos
para o Mercosul (CIMS) – responsável pela
discussão e defesa, junto à comunidade médi-
ca, do que se quer para o exercício profissio-
nal de medicina nos países-membros do blo-
co –, que se reúne anualmente.
De 1993 até a presente data, o relaciona-
mento entre as comunidades médicas dos
parceiros se intensificou. Segundo Remaclo
Fisher Jr., vice-presidente da região Sul e
conselheiro federal indicado pela Associação
Médica Brasileira (AMB), este ano foi muito
importante para o processo, aprofundando o
conhecimento sobre o tema. “Os últimos do-
ze meses se destacaram por estabelecer uma
relação de maior sintonia entre os represen-
tantes da comunidade médica e os que com-
põem o subgrupo 11 do GMC", completou
Remaclo.
Nessa discussão, destaca-se a participa-
ção das entidades médicas e sua capacidade
de influir, via conselhos de especialistas da
AMB. Pelo cronograma estipulado, as entida-
des médicas têm até 2003 para definir o que
se espera de cada especialista.
Para o próximo ano, a expectativa é apro-
fundar ainda mais as relações e as discussões
entre a comunidade médica e o GMC. “Per-
cebemos que há harmonia, o que falta é mos-
trar para toda a comunidade médica que te-
mos tempo hábil para definir a integração da
área médica no Mercosul como um todo. É
importante que os médicos saibam o que está
acontecendo; e que nada será decidido sem o
necessário consenso das partes e de acordo
com o que queremos", disse Remaclo.
Lembrou, ainda, que os dois representan-
tes da comunidade médica dentro do subgru-
po 11 são pessoas altamente afinadas com as
entidades representativas da área. “Temos um
diálogo bom com os representantes dessas
entidades", concluiu.
Parceria das entidades
mdicas inclui os pases do
Mercosul
Surpreendidos por decisões do Congresso
Nacional e de órgãos do Governo que contra-
riaram os interesses da classe, o Conselho Fe-
deral de Medicina (CFM) e a Associação Mé-
dica Brasileira (AMB) decidiram estreitar
suas relações com o Legislativo visando
acompanhar mais de perto a discussão de te-
mas que interessam não apenas à classe mas,
também, a toda a sociedade.
O primeiro passo foi a instalação, em
Brasília, de um escritório da AMB, em outu-
bro último, além da manutenção de contatos
mais freqüentes com líderes políticos, parti-
cularmente da Frente Parlamentar da Saúde,
na Câmara e no Senado, ou das comissões
permanentes voltadas para as áreas sociais.
Segundo o presidente da AMB, Eleuses
Vieira de Paiva, muitos dos problemas atual-
mente enfrentados pela classe médica e pela
própria sociedade em termos de atendimento
à saúde poderiam ser evitados se as entidades
médicas estivessem mais mobilizadas e pre-
sentes nos centros de decisão política.
A experiência da mobilização conjunta de
todas essas entidades junto a lideranças políti-
cas para reformular a legislação que regula-
mentou a atuação dos planos de saúde ou pa-
ra rever a decisão do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (CADE), que acarretou
sérios problemas à categoria, mostrou aos
profissionais médicos a necessidade de uma
ação mais presente junto ao Congresso Nacio-
nal e aos representantes do Governo federal.
Para o presidente do CFM, Edson de Oli-
veira Andrade, a partir da atuação da assesso-
ria parlamentar as entidades médicas terão
maior acesso à tramitação de projetos de inte-
resse da classe no Legislativo, opinando, ava-
liando ou participando dos debates nas co-
missões próprias para evitar que os profissio-
nais sejam surpreendidos com decisões que
não atendam suas expectativas, ou imperfei-
ções, como a que ocorreu com a legislação
que regulamentou a atuação dos planos de
saúde - que cuidou mais da relação entre em-
presa e usuário e menos do médico, peça fun-
damental nesse processo.
“Essa imperfeição é responsável pela sé-
rie de problemas no setor, pois colocou o mé-
dico em rota de colisão com as operadoras, na
medida em que essas promovem todo tipo de
pressão contra os profissionais para limitar
consultas e pedidos de exames e internações,
comprometendo a qualidade do atendimento
ao usuário e a relação de confiança que nor-
teia a relação médico-paciente", advertiu Ed-
son Andrade.
Assessoria parlamentar,
mais uma prioridade do CFM e AMB
e s p e c i a l
Nick White - Ag. Keystone