Dice la razón: Busquemos la verdad
Y el corazón: Vanidad.
La verdad ya la tenemos.
La razón: Ay, quién alcanza la verdad!
El corazón: Vanidad.
La verdad es la esperanza.
Dice la razón: Tu mientes,
Y contesta el corazón:
Quien miente eres tu, razón,
Que dices lo que no sientes.
La razón: Jamás podremos
Entendernos, corazón.
El corazón: Lo veremos
Antonio Machado
7
MEDICINA
CONSELHO FEDERAL
Maio-junho/2003
mal do Ministério da Saúde, o presidente do
Conselho Federal de Medicina, CFM, Edson de
Oliveira Andrade, anfitrião oficial do evento, deu a
palavra final sobre o assunto: “Ficaremos com a ga-
rantia da palavra dada pelo secretário-executivo do
Ministério, Gastão Wagner, de que nenhuma mu-
dança na Comissão Nacional de Residência Médica
será feita sem a prévia consulta às entidades médi-
cas. Entretanto, vamos nos manter atentos em re-
lação a qualquer proposta que inviabilize o ensino
médico no país, como nos alertou o presidente da
Associação Nacional de Médicos Residentes,
Bonamigo”.
O presidente da Confederação Médica
Brasileira, CMB, Ricardo Albuquerque Paiva, sau-
dou os presentes e declarou que o ENEM é real-
mente um momento histórico, que consegue reu-
nir “as cinco maiores entidades médicas do mesmo
lado da briga. Esta união legitima as estratégias de
atuação e fortalece nossas reivindicações, faz nos-
sa voz ecoar mais forte junto ao governo e às ope-
radoras de planos de saúde”.
Ainda segundo Paiva, no atual momento políti-
co “a divisão das entidades médicas não traria ganho
algum para a sociedade. Temos que nos unir para
enfrentar as políticas - governamentais e das opera-
doras dos planos de saúde - cruéis de remunera-
ção as quais estamos subjugados”.
Dando continuidade, o presidente da Federação
Nacional dos Médicos, Fenam, Héder Murari, des-
tacou que o ENEM, na sua opinião, mais do que a
realização de um sonho constitui grande vitória po-
lítica para as entidades médicas em sua luta pela
melhoria da saúde nacional: “É muito bom saber
que estamos em Brasília, no centro do poder, dis-
cutindo o porquê fazemos medicina e que tipo de
medicina queremos praticar neste país”.
O presidente da Associação Médica Brasileira,
AMB, Eleuses Paiva, ressaltou em seu discurso a
importância estratégica da escolha dos temas que
compunham a pauta do ENEM no momento pre-
sente, tanto para os médicos quanto para a popula-
ção brasileira. “Ato médico, formação e qualifica-
ção profissional, ensino médico, planos de carreira
e a classificação hierarquizada dos procedimentos
médicos são temas que interessam a toda a cate-
goria médica neste momento. Por isso, unimos nos-
sas forças para pleitearmos, todos, as mesmas coi-
sas”, afirmou.
Encerrando a abertura do X Encontro Nacional
de Entidades Médicas, o último a discursar foi o
presidente do Conselho Federal de Medicina, Edson
Andrade, que destacou o valor e a fortaleza da união
das entidades médicas em torno dos mesmos propó-
sitos e ações. Andrade ressaltou que desde que as-
sumiu a presidência do Conselho sonhava em rea-
lizar esse evento conjunto, reunindo todas as enti-
dades médicas na capital federal. “Somos 283 mil
médicos, 283 mil cidadãos, 283 mil trabalhadores,
283 mil sonhos de ter um dia melhor, uma nova es-
perança, onde prevaleça a justiça, o respeito à dig-
nidade profissional; o que, antes de nos enaltecer,
reflete o desejo de consideração que a sociedade
almeja para si mesma”, disse antes de se despedir
e desejar a todos os presentes um bom evento.
Profissão de Fé:
Discurso do presidente do CFM na abertura do ENEM
ENCONTRO NACIONAL
“O médico que sabe
que o contato
humano é a pedra de
toque do seu fazer
profissional, que
sabe que sem o
outro não existe a
Medicina, não
poderia continuar
separado sob a pena
de perder o
amálgama que nos
possibilita a
fortaleza”
Edson de
Oliveira
Andrade,
presidente do
CFM
Existem momentos na vida que justificam
todos os esforços, e eles não são muitos. Existem
momentos que justificam todas as lutas, e eles
são mais raros ainda. Existem, porém, mo-
mentos mais preciosos, em que o onírico e o
real perdem a identidade e se fundem numa
única perspectiva. Isto acontece no alumbra-
mento amoroso, no nascimento de um filho e na
concretização de um sonho coletivo.
Hoje meu coração diz que vivo um destes
momentos. Talvez, este antigo companheiro,
por já conhecer esta carga emotiva, assinale
com correção a experiência agora vivida.
Somos 283 mil médicos, 283 mil cidadãos,
283 mil trabalhadores, 283 mil sonhos de ter
um dia melhor, onde prevaleça a justiça e o
respeito à dignidade profissional - o que, antes
de nos enaltecer, reflete o desejo de considera-
ção que a sociedade almeja para si mesma. A
diversidade de nossos pensamentos tem que
ser a nossa fortaleza e não a nossa fraqueza.
A nossa capacidade diferenciada de ver o mun-
do tem que ser um fator de aproximação com
a sociedade e a mão estendida, não apenas um
gesto, m s um real apoio em que a força pes-
soal se potencializa na corrente humana que
cada mão unida ajuda a formar.
Estamos juntos, e como é bom isto estar
acontecendo. O médico que sabe que o conta-
to humano é a pedra de toque do seu fazer pro-
fissional, que sabe que sem o outro não existe
a Medicina, não poderia continuar separado
sob a pena de perder o amálgama que nos pos-
sibilita a fortaleza.
Sete anos nos separam do último ENEM.
Sete anos em que andamos buscando cami-
nhos e soluções para problemas a todos igual-
mente afeitos. Seriam os sete anos bíblicos?
Não, porque não havia uma Raquel serrana e
bela a nos esperar. Havia apenas o descom-
passo, o imenso esforço despendido sem retor-
no e, principalmente, havia o afastamento de
irmãos. Se o passado nos dá o primeiro ponto
da reta, hoje estamos marcan o o segundo e
necessário referencial euclidiano com tal an-
gulação que é possível antever que a nossa pro-
jeção profissional, a partir deste encontro, será
para frente e para cima. Enfim, como já disse
Pessoa, tudo é possível sonhar quando a alma
não é pequena.
Caso a razão, por qualquer motivo que só
ela conheça, teime em apontar um futuro dife-
rente para os nossos sonhos de união, que me
perdoem os psiquiatras mas continuarei a dar
ouvidos apenas ao meu companheiro coração
que se nutre e vive do verdadeiro alimento da
humanidade: a esperança.
Porém, se não consegui dar clareza e con-
sistência a esta minha profissão de fé, rasguem
o meu texto, esqueçam as minhas palavras.
Fiquem, em seus corações, com os versos do
poeta Antonio Machado, que soube traduzir
com perfeição o sonho humano de entendimen-
to entre os homens.
Obrigado e uma boa noite.
Edson de Oliveira Andrade