M
artits
AM
et
al
.
410
R
ev
A
ssoc
M
ed
B
ras
2014; 60(5):404-414
táveis para o uso. Além disso, algumas formulações cau-
sam reações locais e apresentam baixa adesividade, que
acabam gerando baixa aceitabilidade pelos pacientes
43
(
B
).
Há relatos de pacientes que descontinuaram o tratamen-
to por conta das reações alérgicas no local da aplicação,
mesmo utilizando pomada local de corticosteroide
44
(
B
).
Por outro lado, os autores são unânimes com relação
à eficácia e à segurança dessa modalidade de TRA. Os ade-
sivos transdérmicos disponíveis determinam níveis fisio-
lógicos e constantes de testosterona sérica, além de mime-
tizar o ritmo circadiano. Na dose de 5 a 7,5 mg/dia com
troca dos adesivos a cada 48 horas, são capazes de produ-
zir melhora significativa dos sintomas e da qualidade de
vida dos pacientes com Daem
8
(
A
)
45-47
(
B
). Com relação à
segurança, Raynaud et al. relataram que o uso dos adesi-
vos transdérmicos não evidenciou impacto negativo no
hematócrito e no perfil lipídico dos pacientes
45
(
B
), além
de não contaminar outras pessoas ou o ambiente
47
(
B
).
Muitos pacientes preferem os géis ou a solução trans-
dérmica por serem de simples aplicação, praticamente li-
vre de reações locais e não requererem injeções
41
(
D
). As
formulações de testosterona em gel disponíveis no merca-
do são apresentadas na concentração de 1%, em “bombas”
onde cada “puff” libera 1,25 g do produto, pacotes indivi-
duais de 2,5 e 5 g ou tubos de dose única contendo 5 g do
produto. A dose recomendada para o início do tratamen-
to é de 5 g/dia, podendo ser aumentada até 10 g/dia
48
(
D
).
O gel de testosterona deve ser aplicado pela manhã so-
bre a pele seca dos ombros, braços ou abdome. Os pacientes
devem lavar bem as mãos após a aplicação e deixar o local
da aplicação secar antes de colocar a roupa. É recomenda-
do aguardar 4 horas após a aplicação para tomar banho
ou nadar. O local da aplicação deve ser lavado com água
e sabão se houver contato direto com outra pessoa
48
(
D
).
Os géis de testosterona nas doses recomendadas são
capazes de restaurar os níveis fisiológicos de testostero-
na sérica, porém sem mimetizar o ritmo circadiano
46
(
B
),
e promovem uma melhora significativa dos sintomas se-
xuais e da qualidade de vida dos pacientes com Daem
13
(
B
). Mesmo doses mais elevadas (60 mg), aplicadas 1 vez/
dia, promovem níveis de testosterona dentro dos limites
da normalidade na maioria dos pacientes
49
(
B
).
A associação dessa modalidade de TRA com sildenafil
em dose máxima (100 mg/dia) melhora a disfunção eré-
til em homens hipogonádicos que não responderam ao
tratamento isolado com testosterona
50
(
B
) ou com silde-
nafil isolado
49
(
B
).
A solução transdérmica de testosterona a 2% de uso
axilar é uma nova opção de tratamento, com caracterís-
ticas semelhantes às descritas para os géis
51
(
B
).
Uma forma menos utilizada de TRA por via trans-
dérmica é o gel de DHT. Poucos estudos estão disponí-
veis com esse tipo de TRA. A dose de 70 mg/dia de gel de
DHT por 3 meses em pacientes com Daem mostrou-se
segura, porém com efeito limitado sobre as funções físi-
cas e cognitivas. Ummaior número de estudos em longo
prazo e com maior número de pacientes são necessários
para comprovar a segurança e a eficácia do DHT como
opção terapêutica para TRA
52
(
A
).
Recomendação
Há fortes evidências de que a via transdérmica de reposi-
ção com testosterona (adesivos, géis ou solução) é segu-
ra e eficaz, além de ser a mais fisiológica. Os adesivos são
capazes de mimetizar o ritmo circadiano de secreção de
testosterona, mas essas formas farmacêuticas não estão
disponíveis no nosso meio. Recomenda-se a utilização da
via transdérmica de terapia com testosterona, por ser a
forma mais fisiológica.
E
xiste
diferença
entre
o
gel
comercial
versus
o manipulado
?
Não há estudos científicos comparando os géis comer-
ciais com os manipulados. Apenas dois estudos compa-
raram géis que são produzidos em dois países diferentes
que não estão disponíveis em larga escala no mercado
mundial. A pomada fabricada no Japão foi utilizada em
50 pacientes com Daem na dose de 3 mg, 2 vezes/dia, na
pele da bolsa escrotal por 12 semanas; ela provocou ele-
vação fisiológica da testosterona total e livre sem efeitos
adversos severos
53
(
B
). O gel produzido na Alemanha foi
aplicado tanto na pele escrotal quanto na pele não escro-
tal e removido 10 minutos depois em homens hipogoná-
dicos; observaram-se melhor tolerabilidade do que os géis
comerciais, menor chance de transferência interpessoal
por conta da remoção precoce do gel e eficácia em elevar
os níveis de testosterona
54
(
B
).
Recomendação
Os estudos com bom nível de evidência utilizando gel de
testosterona não comercial ainda são escassos. Não se re-
comenda a utilização do gel de testosterona manipulado
que não tenha eficácia e segurança comprovadas.
C
omo
deve
ser
realizada
a
TRA
por meio
de
implantes
subcutâneos
?
Os implantes subcutâneos são compostos de 1.200 mg de
testosterona cristalizada e são geralmente mais aceitos pe-
los pacientes, mas requerem um procedimento cirúrgico.
Se não forem realizados por médicos experientes, podem