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H

ipogonadismo

masculino

tardio

(HMT)

ou

D

aem

:

tratamento

R

ev

A

ssoc

M

ed

B

ras

2014; 60(5):404-414

405

G

raus

de

recomendação

e

força

de

evidência

A.

Estudos experimentais e observacionais de melhor con-

sistência.

B.

Estudos experimentais e observacionais de menor con-

sistência.

C.

Relatos de casos (estudos não controlados).

D.

Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em

consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais.

O

bjetivo

Recomendar condutas baseadas em evidências científicas

para o tratamento do hipogonadismo masculino tardio

(HMT).

I

ntrodução

Os benefícios da terapia de reposição androgênica em ho-

mens hipogonádicos jovens estão bem documentados,

especialmente porque a restauração das concentrações

de testosterona aos limites normais mantém e recupera

as funções sexuais, a energia, o humor, o desenvolvimen-

to de massa muscular e o aumento de massa óssea. No

entanto, a relação custo/benefício da reposição com tes-

tosterona na deficiência androgênica do envelhecimento

masculino (Daem) permanece controversa

1

(

A

).

Q

ual

é

o

papel

da

terapia

de

reposição

androgênica

(TRA)

na

restauração

da

massa

óssea

,

força muscular

e

composição

corporal

?

Não há dúvidas de que a TRA tem efeito positivo sobre a

massa óssea. O tratamento com testosterona determina

significativa melhora da massa óssea em homens hipo-

gonádicos de todas as idades

2

(

B

). Esse efeito torna-se tan-

to mais evidente quanto maior for o tempo de tratamen-

to e a gravidade do hipogonadismo

3

(

A

).

Os efeitos da TRA na força muscular em homens

com Daem geralmente são avaliados de maneira indire-

ta, por meio da análise do desempenho nas atividades fí-

sicas e da composição corporal. Neste sentido, a utiliza-

ção de testosterona transdérmica na dose de 50 mg/dia

por um período de 6 meses foi capaz de aumentar a for-

ça muscular e a massa magra dos pacientes, melhorando

sua função física e qualidade de vida

4

(

A

). A avaliação di-

reta do tamanho do músculo em pacientes idosos porta-

dores de doença crônica com perda de massa muscular e

Daem evidenciou que a terapia com testosterona em pa-

cientes idosos aumentou o músculo e melhorou a força

muscular, melhorando também o desempenho nas ati-

vidades físicas

5

(

B

).

O efeito mais reprodutível do tratamento com testos-

terona é o aumento da massa magra tanto em pacientes

hipogonádicos como em homens saudáveis. Ainda que

por curto período, o tratamento com testosterona trans-

dérmica aumenta a massa muscular em homens hipogo-

nádicos acima de 40 anos de idade

3

(

A

)

6

(

B

).

Por outro lado, os estudos que avaliaram a redução

de massa gorda como efeito direto do tratamento com

testosterona são controversos. Uma discreta diminuição

na massa gorda dos pacientes tratados por vezes é obser-

vada

3

(

A

). A terapia com testosterona resulta em significa-

tiva redução da circunferência abdominal, que é um indi-

cador de gordura visceral

7

(

A

). No entanto, esse benefício

não é evidenciado nos tratamentos a curto prazo

8

(

A

).

A redução do índice de massa corpórea (IMC) e da

circunferência abdominal pode não ocorrer em todos os

pacientes, mas a diminuição da gordura visceral é eviden-

te quando analisada diretamente por meio de ressonân-

cia magnética. Portanto, a terapia com testosterona dimi-

nui seletivamente o acúmulo de gordura visceral; porém,

a mudança na composição corporal total não é observa-

da em todos os pacientes

6

(

B

)

9

(

A

).

Essa divergência quanto aos efeitos da testosterona

na redução da massa magra pode estar relacionada à dose

ou à via de administração da testosterona, ou ainda pelo

efeito direto desta sobre o aumento da massa magra. Em

última análise, a reposição com testosterona melhora a

composição corporal de pacientes com níveis baixos des-

se hormônio

2

(

B

).

O uso do hormônio do crescimento (GH) em asso-

ciação com a testosterona parece exercer um efeito sinér-

gico sobre a melhora da composição corporal, da força

muscular e, consequentemente, da qualidade de vida dos

homens com Daem, e pode ser uma opção terapêutica a

ser considerada nesses pacientes

10,11

(

A

).

Recomendação

A

terapia de reposição com testosterona melhora a mas-

sa óssea, a força muscular e a composição corporal nos

pacientes comDaem, e os efeitos são tanto melhores quan-

to maior o tempo de tratamento e a gravidade do hipo-

gonadismo. Recomenda-se fortemente a utilização de tes-

tosterona em pacientes com Daem para melhorar massa

óssea, força muscular e composição corporal.

Q

ual

é

o

papel

da

TRA

na

restauração

da

libido

e

da

função

sexual

?

A eficácia da terapia de reposição com testosterona nos sin-

tomas sexuais está bem estabelecida, independentemente

da via de administração; porém, em relação à eficácia da for-