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H

ipogonadismo

masculino

tardio

(HMT)

ou

D

aem

:

tratamento

R

ev

A

ssoc

M

ed

B

ras

2014; 60(5):404-414

409

cadores de síndrome metabólica, como circunferência ab-

dominal e elevação dos níveis de HDL-colesterol sem de-

terminar policitemia ou alterações nos parâmetros

prostáticos. Essa melhora não é tão significativa quando

os níveis de testosterona são mantidos no limite inferior

da normalidade

37

(

B

). A terapia com testosterona, inde-

pendentemente da forma farmacêutica de testosterona

utilizada ou da via de administração, é eficaz na melho-

ra dos parâmetros da síndrome metabólica; porém, quan-

do os níveis de testosterona são mantidos nos níveis mé-

dios da normalidade, a melhora é mais relevante

39

(

B

). Em

pacientes com DM2, a terapia com testosterona reduz a

RI, melhora o controle glicêmico, reduz a adiposidade

visceral e o colesterol total, todos componentes da sín-

drome metabólica

36

(

A

).

Os efeitos benéficos da TRA nos componentes da sín-

drome metabólica parecem ser específicos da testosterona,

uma vez que a reposição crônica com DHEA não melho-

ra a secreção ou a ação da insulina e a glicemia pós-pran-

dial em mulheres e homens idosos

40

(

B

).

Recomendação

Há fortes indícios de que a reposição com testosterona

melhora os parâmetros da síndrome metabólica, especial-

mente se os níveis séricos foremmantidos dentro da nor-

malidade. Desse modo, recomenda-se a manutenção da

testosterona sérica nos níveis médios da normalidade

para auxiliar no tratamento da síndrome metabólica.

C

omo

deve

ser

realizada

a

TRA

via

oral

?

As formulações orais de testosterona foram desenvolvi-

das para substituir as formas injetáveis. No entanto, al-

gumas desvantagens têm sido observadas, como absor-

ção variável, baixa biodisponibilidade decorrente de

metabolização hepática e necessidade de 2 a 3 doses diá-

rias

41

(

D

). Além disso, os derivados 17-alfa-alquilados são

hepatotóxicos

1

(

A

)

41

(

D

) e já foram retirados do mercado

norte-americano

19

(

A

). O undecanoato de testosterona

oral (UTO), única formulação oral disponível, é preferen-

cialmente absorvido em quilomícrons, evitando a primei-

ra passagem hepática

41

(

D

) e reduzindo significativamen-

te a hepatotoxidade

17

(

A

). Apesar de a maioria dos estudos

serem falhos por conta do pequeno número de partici-

pantes ou da variabilidade da dose utilizada, a efetividade

da TRA oral é questionada. Vários autores demonstraram

que o UTO, mesmo em doses adequadas (160 mg/dia),

não foi efetivo emmelhorar a função sexual, o bem-estar,

as alterações do sono, a função cognitiva, o humor e a

qualidade de vida em homens com Daem

17,19,20

(

A

). A re-

comendação do fabricante é que o UTO seja ingerido du-

rante as refeições; contudo, observou-se uma variabilida-

de na absorção dependendo da composição da dieta do

paciente

19

(

A

).

O DHEA tem sido proposto como uma TRA oral al-

ternativa, mas os resultados são controversos. Morales

et al. demonstraram que a ingestão de 50 mg de DHEA

oral 2 vezes/dia, apesar de determinar níveis séricos satis-

fatórios, não melhorou a função sexual de homens com

Daem

19

(

A

). Por outro lado, a reposição com baixas do-

ses de DHEA (75 mg/dia) melhorou a RI dos indivíduos

tratados

42

(

B

).

Outra forma de liberação oral de testosterona são os

mucoadesivos bucais, que contêm 30 mg de testostero-

na e devem ser administrados 2 vezes/dia. De forma ge-

ral, os estudos mostram que essa forma de TRA é capaz

de manter níveis fisiológicos de testosterona sérica, é se-

guro e bem tolerado, sendo uma opção interessante de

TRA em homens hipogonádicos

41

(

D

)

43,44

(

B

).

A pouco citada forma sublingual de administração de

testosterona deve ser utilizada na dose de 2,5 ou 5 mg, 3

vezes/dia. É rapidamente absorvida e metabolizada, não

determinando elevação sustentada dos níveis séricos de

di-hidrotestosterona (DHT) e estradiol

41

(

D

).

Recomendação

O UTO não apresenta hepatotoxicidade. No entanto, tem

se mostrado ineficaz na manutenção de níveis séricos ade-

quados de testosterona, além de apresentar absorção va-

riável entre os indivíduos. Recomenda-se fortemente a

não utilização das formulações orais de testosterona, bem

como de outros androgênios como alternativa de terapia

com testosterona.

C

omo

deve

ser

realizada

a

TRA

por meio

de

via

transdérmica

?

A via transdérmica de TRA inclui os adesivos, os géis cutâ-

neos e as soluções cutâneas.

Os adesivos podemser não escrotais e escrotais; estes são

mais finos, e a absorção da testosterona é mais eficaz que os

não escrotais. A primeira apresentação de testosterona trans-

dérmica foi o adesivo escrotal com liberação de 4 ou 6mg de

testosterona/dia. Deve ser aplicado 1 vez/dia sobre a pele es-

crotal depilada

41

(

D

). Os adesivos mais utilizados são os não

escrotais, que liberam 5 mg de testosterona/dia e devem ser

aplicados 1 vez/dia sobre a pele glabra, limpa e seca

43

(

B

).

Em razão do grande número de adesivos existentes

no mercado internacional provenientes de diferentes fa-

bricantes, as opiniões dos autores, no que se refere à to-

lerabilidade dos pacientes aos efeitos adversos locais, são

bastante variáveis. São considerados grandes e desconfor-