M
ARTA
GN
ET
AL
.
510
R
EV
A
SSOC
M
ED
B
RAS
2014; 60(6):508-511
1.
Um estudo de fase III multicêntrico com 358 pacien-
tes mostrou que as taxas de descamação úmida du-
rante a radioterapia, bem como em até 6 semanas
após o tratamento, foram de 31,2% com IMRT e 47,8%
com radioterapia convencional ou conformada
(p=0,002)
16
(
A
).
2.
Um estudo inglês recentemente publicado, com 5
anos de acompanhamento mediano de 1.145 pacien-
tes tratadas, mostrou que o uso da IMRT reduziu os
índices de telangiectasia (OR 0,58, IC 95% 0,36 – 0,92,
p=0,021)
3
(
B
)
17
(
A
).
Com relação à toxicidade tardia, é necessário um tempo
de acompanhamento das pacientes de pelo menos 5 anos.
Algumas séries institucionais reportam um baixo índice
de toxicidade tardia relacionada ao tratamento irradian-
te: estudo com 7,5 anos de seguimento mediano reporta
índices de toxicidade cutânea tardia grau II ou maior de
39%
vs.
52% (p=0,004) com IMRT e radioterapia conven-
cional, respectivamente
18
(
D
). As taxas de pneumonite, lin-
fedema e de segunda neoplasia dentro do tempo de acom-
panhamento não foram estatisticamente diferentes entre
os dois grupos
18
(
D
). Um estudo semelhante mostrou, em
4,7 anos de seguimento mediano, que o uso da IMRT re-
duziu os índices de toxicidades tanto agudas como tar-
dias, sendo que as taxas de edema mamário tardio grau
II ou maior foram de 6%
vs.
1% (p=0,009)
19
(
B
). Para as pa-
cientes com mamas volumosas (volume > 1.600 cm
3
), os
ganhos da IMRT foram mais expressivos: edema mamá-
rio crônico (3%
vs.
30%, p=0,007) e hiperpigmentação (3%
vs.
41%, p=0,001)
19
(
B
).
Recomendação
Há menor toxicidade aguda no emprego da radioterapia
com intensidade modulada (IMRT) em relação à radio-
terapia convencional ou conformada para tumores pri-
mários de mama, principalmente quanto à taxa de des-
camação úmida durante a radioterapia. A toxicidade
cutânea tardia é menos prevalente com IMRT, com me-
nor incidência de edema mamário crônico, hiperpigmen-
tação e telangiectasia. Esses ganhos são vistos também
em mamas volumosas tratadas com a técnica.
H
Á
IMPACTO
NA
QUALIDADE
DE
VIDA
QUE
JUSTIFIQUE
A
UTILIZAÇÃO
DA
RADIOTERAPIA
COM
INTENSIDADE MODULADA
(IMRT)
QUANDO
COMPARADA
À
RADIOTERAPIA
CONFORMADA
E
CONVENCIONAL
?
A qualidade de vida é umdesfecho de quantiicação comple-
xa e com várias incertezas, partindo da diiculdade de sua
deinição e passando pela subjetividade de sua mensuração.
Para o caso do tratamento do câncer de mama, a qualidade
de vida foi avaliada em estudos que utilizaram ferramentas
especíicas, como questionários, ou por meio da avaliação
cosmética das pacientes, intrinsicamente relacionada com
a qualidade de vida e a satisfação individual.
Com relação à cosmese, esse desfecho foi avaliado em
dois estudos aleatorizados como o desfecho principal em
função do uso de IMRT:
•
306 mulheres izeram a avaliação cosmética por meio
de fotograias seriadas ao 1º, 2º e 5º anos de acom-
panhamento. A taxa de mudança da aparência da
mama foi de 58%
vs.
40% (p=0,008) para radioterapia
convencional e IMRT, respectivamente
4
(
B
).
•
foi demonstrada uma redução do risco de piora da
cosmese pela escala do RTOG em função do uso de
IMRT de 68% (OR=0,68; IC 95%, 0,48 a 0,96;
p=0,027)
3
(
B
)
17
(
A
).
A avaliação de qualidade de vida diretamente por meio dos
escores ou questionários foi feita no estudo que avaliou as
pacientes com o EORTC Quality of Life Questionnaire
C-30
general module
e o BR-23
module self-assessment.
Duran-
te o acompanhamento das pacientes, houve uma correla-
ção signiicativa dos dois escores de qualidade de vida, me-
dida pela presença de dor mamária e de radiodermite
16
(
A
).
Recomendação
A utilização da radioterapia com intensidade modulada
(IMRT) reduz o risco da piora da cosmese. Para outros
desfechos relacionados à qualidade de vida, não há com-
provações.
H
Á
DIFERENÇA
DE
EFETIVIDADE
,
CONTROLE
LOCAL
OU
SOBREVIDA
GLOBAL
ENTRE
AS
TÉCNICAS
DE
INTENSIDADE MODULADA
(IMRT),
RADIOTERAPIA
CONFORMADA
E
RADIOTERAPIA
CONVENCIONAL
?
Em três estudos randomizados fase III que compararam a
RT convencional ou conformada com a IMRT, a efetivida-
de, o controle local ou a sobrevida global não foram os
principais desfechos avaliados, pois essa hipótese não foi
feita, já que as doses prescritas e os volumes irradiados fo-
ram os mesmos, independentemente da técnica escolhida.
Em um desses estudos, após 5 anos de seguimento media-
no, a taxa de controle local no grupo de mulheres tratadas
com IMRT e RT convencional foi de 98,6% e 97,4%, respec-
tivamente (p=0,36), e a sobrevida global em 5 anos foi de
92,5% e 91,7%, respectivamente (p=0,88)
17
(
A
).