A
SANO
LYJ
ET
AL
.
514
R
EV
A
SSOC
M
ED
B
RAS
2014; 60(6):512-517
associados a múltiplas fraturas de estresse
21,22
(
B
)
17,18,23
(
C
).
O pé cavo varo recentemente foi ganhando mais aten-
ção como um fator de risco signiicativo para as diver-
sas condições de uso excessivo e, especialmente, fraturas
de estresse. Essa forma do pé é conhecida por ser relati-
vamente rígida, com uma fraca capacidade de atenuação
do choque
24,25
(
C
). Os pés supinados e subpronados es-
tão associados a um aumento signiicativo do risco de
lesão de esforço
26
(
B
).
Recomendação
Na suspeita da fratura por estresse, devem ser pesquisa-
dos fatores intrínsecos e extrínsecos que favorecem a ocor-
rência da lesão. Essa investigação auxilia no diagnóstico
e no tratamento.
Q
UAIS
SÃO
OS
DIAGNÓSTICOS
DIFERENCIAIS
?
As principais doenças que devem ser descartadas são as de-
correntes do esforço repetitivo e excessivo, que acometem
partes moles que circundam a área óssea afetada, por exem-
plo: lesões musculares, bursites, tendinopatias, canelites,
infecções, neoplasias e síndrome compartimental
27
(
C
)
28
(
B
).
A
TRÍADE
DA MULHER
ATLETA
AFETA
A
FRATURA
POR
ESTRESSE
?
As atletas do sexo feminino são mais propensas a desen-
volver fratura por estresse
17
(
C
). O crescente aumento des-
ta patologia entre as mulheres atletas se relaciona aos fa-
tores que caracterizam a tríade da mulher atleta: distúrbios
alimentares, distúrbios menstruais e baixa densidade
óssea
4,5,8
(
D
). Foi observada maior prevalência dos distúr-
bios alimentares (como bulimia, anorexia nervosa, inges-
ta de laxativos e diuréticos) nas mulheres atletas
29
(
D
). As
irregularidades do ciclo menstrual (estados de hipoestro-
genismo) correlacionam-se com perda óssea prematura,
diminuição da mineralização do osteoide e, consequen-
temente, com a prevalência das fraturas por estresse no
sexo feminino
19
(
D
).
C
OMO
SE
TRATA
A
FRATURA
POR
ESTRESSE
?
O tratamento das fraturas por estresse varia de acordo
com algumas características da fratura, como localização,
tipo e tempo de evolução. Pode-se estabelecer um plane-
jamento geral e dividi-lo em duas fases: a fase I, ou de re-
pouso modiicado, caracteriza-se pelo controle da dor me-
diante o uso de anti-inlamatórios, métodos isioterápicos
de analgesia e cinesioterapia, descarga de peso permitida
nas atividades diárias e manutenção da condição aeróbi-
ca sem provocar respostas de estresse anormais no seg-
mento afetado. Atividades como pedalar, nadar ou cor-
rer dentro d’água são alternativas para a manutenção do
condicionamento físico do atleta.
Já a fase II se inicia a partir do momento em que o
atleta não apresenta mais queixas de dor, o que ocorre ge-
ralmente dentro de 10 a 14 dias do início dos sintomas.
Baseia-se na correção de fatores intrínsecos e extrínsecos
e no retorno gradual ao esporte
3
(
D
).
A maioria das fraturas de estresse pode ser tratada
conservadoramente. Isso implica imobilização em uma
bota e sem sustentação de peso até que os sintomas te-
nham desaparecido, geralmente por cerca de 6 a 8 sema-
nas. Atividades de impacto são evitadas, mas treino de bai-
xo impacto, como natação, ciclismo e máquinas elípticas,
podem ser continuados para manter o condicionamento
aeróbico. Exame físico frequente é útil na identiicação de
resolução dos sintomas. Considerações nutricionais são
importantes, porque deiciências alimentares podem con-
tribuir para o desenvolvimento de fratura de esforço. Da-
dos recentes recomendam tratamento cirúrgico precoce
de fraturas de alto risco de estresse no atleta de elite, por
causa do alto risco de deslocamento e não consolidação;
tratamento cirúrgico precoce é também associado a um
retorno mais rápido ao esporte
22
(
B
)
30,31
(
C
)
32
(
D
).
A eletroestimulação também tem sido utilizada para
o tratamento das fraturas por estresse com resultados
satisfatórios
33
(
C
).
Recomendação
O tratamento da fratura por estresse no pé e no tornoze-
lo de atletas é, na maioria dos casos, conservadora, por
meio de medidas analgésicas, repouso relativo, suspen-
são da carga, imobilização do membro, manutenção do
condicionamento físico com exercício de baixo impacto
e correção dos fatores de risco.
Q
UAIS
SÃO
AS
INDICAÇÕES
DO
TRATAMENTO
CIRÚRGICO
?
Apesar da maior conscientização da lesão, o tratamento
das fraturas por estresse no pé e no tornozelo continua
a ser particularmente um assunto problemático, incluin-
do as do osso navicular, 5º metatarso e maléolo medial.
Essas lesões, muitas vezes, não são diagnosticadas e po-
dem ocorrer em uma frequência maior do que se obser-
va. Por exemplo, o osso navicular está em risco de cicatri-
zação demorada por causa de áreas de suprimento
sanguíneo pobre, e fraturas por estresse do maléolo me-
dial têm alta incidência de deslocamento e falta de con-
solidação. Essas lesões, frequentemente, necessitam de
estabilização cirúrgica
8,34
(
D
).