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T

RATAMENTO

COM

RADIOTERAPIA

DE

INTENSIDADE

MODULADA

(IMRT)

PARA

CÂNCER

DE

MAMA

R

EV

A

SSOC

M

ED

B

RAS

2014; 60(6):508-511

509

um único plano (contorno) da paciente. Não se considera

todo o volume irradiado, ou seja, a variação de dose fora

desse contorno é ignorada (não há mensuração volumé-

trica exata da distribuição de dose). As combinações dos

feixes de irradiação são simples e existe a necessidade de

grande abrangência de margens a im de se garantir co-

bertura completa do volume-alvo de tratamento. Dessa

forma, estruturas críticas (órgãos de risco) são frequente-

mente incluídas no campo de tratamento, o que colabora

sobremaneira para o aumento de toxicidade.

No inal da década de 1980, com o aprimoramento

dos

hardwares

e dos sistemas de planejamento, foi possível

disponibilizar ferramentas capazes de auxiliar na avaliação

de tratamentos que passaram a ser totalmente tridimen-

sionais (técnica conformada – 3D). Na RT 3D da mama,

a distribuição de dose é calculada em todo o volume irra-

diado, com correções de inomogeneidade, considerando

o contorno torácico da paciente em seus diferentes níveis.

As medidas de volume de coração e pulmão, que são irra-

diados pelas entradas de campo, são conhecidas pelo cál-

culo dos histogramas de dose-volume. Esta é uma impor-

tante arma, pois auxilia na avaliação do quão homogêneo

está o planejamento e mensura o quanto de dose cada ór-

gão receberá durante todas as aplicações. Em última aná-

lise, é a ferramenta utilizada para deinir se um tratamen-

to é proibitivo, pela alta chance de efeitos colaterais, ou se

é aceitável, pelo maior efeito poupador dos órgãos de risco.

Conforme já mencionado, a RT 3D é capaz de ofe-

recer melhor distribuição de dose prescrita em um vo-

lume-alvo. Entretanto, a deposição de dose nos tecidos

com técnica 3D é praticamente a mesma da RT 2D. As-

sim, dentro da área terapêutica, a intensidade de radiação

é a mesma dentro de cada feixe de tratamento, ou seja, a

dose é uniformemente entregue no tumor e nos tecidos

normais incluídos no alvo de tratamento.

Com o intuito de aperfeiçoar a intensidade dos feixes

não uniformes, desenvolveu-se a técnica da RT com a mo-

dulação da intensidade de feixe (IMRT –

intensity-modula-

ted radiation therapy

). Para isso, utiliza-se um planejamen-

to inverso que consiste na deinição prévia dos órgãos de

risco e dos volumes-alvo e qual a dose que cada estrutu-

ra deve receber. Como desfecho, tem-se uma deposição

de dose não uniforme dentro da área de tratamento, que

é alcançada com a segmentação dos campos em diversos

subcampos. Para o caso do câncer de mama, onde a in-

cidência dos feixes de tratamento é disposta de maneira

tangencial à parede torácica, os feixes convencionais aca-

bam gerando distribuições de dose não homogêneas na

mama, sobretudo nas regiões de menor espessura. Sendo

assim, o local tratado carece de homogeneização da dose,

e a IMRT, que normalmente permite ‘deposição não uni-

forme’ da dose no alvo tratado, oferece justamente o con-

trário: a homogeneização da dose na mama.

Importante ressaltar que, na prática, para o trata-

mento do câncer de mama com radioterapia, a denomi-

nação IMRT engloba o uso de duas estratégias distintas:

uso do planejamento inverso, conforme supracitado;

uso do sistema de planejamento computadorizado,

que é capaz de avaliar a distribuição de dose em

todo o volume. Pela visualização das regiões de alta

dosagem, a segmentação dos campos é realizada

manualmente com blocos de colimação ou colima-

dores de multifolhas, resultando em uma distribui-

ção de dose mais homogênea (não há necessidade

de utilizar planejamento inverso).

H

Á

SUPERIORIDADE

NA

DISTRIBUIÇÃO

DE

DOSE

NA

IRRADIAÇÃO

DA MAMA

COM

RADIOTERAPIA

DE

INTENSIDADE MODULADA

(IMRT)

EM

RELAÇÃO

À

RADIOTERAPIA

CONVENCIONAL

E

CONFORMADA

?

A IMRT é a modalidade que apresenta a melhor cobertu-

ra de dose no alvo de tratamento (mama) quando com-

parada com as técnicas conformada e convencional

3,4

(

B

).

Além disso, a IMRT reduz signiicativamente as doses

nos órgãos em risco. A diminuição da dose na mama con-

tralateral pode ser de até 50%, o que pode reduzir a proba-

bilidade de câncer de mama radioinduzido, especialmente

emmulheres jovens

5,6

(

B

). Omesmo foi observado em rela-

ção a outras estruturas, como coração e pulmões (ipsilateral

e contralateral), o que pode estar associado a uma redução

do risco de pneumopatia e cardiopatia crônica

7-15

(

B

). Esse

benefício foi também demonstrado nas pacientes submeti-

das àmastectomia e à radioterapia adjuvante de plastrão

7

(

B

).

Recomendação

A radioterapia de intensidade modulada (IMRT) é a mo-

dalidade que apresenta superioridade na distribuição de

dose na irradiação da mama.

H

Á MENOR

TOXICIDADE

NO

EMPREGO

DA

RADIOTERAPIA

DE

INTENSIDADE MODULADA

(IMRT)

EM

RELAÇÃO

À

RADIOTERAPIA

CONVENCIONAL

OU

CONFORMADA

PARA

TUMORES

PRIMÁRIOS

DE MAMA

?

A toxicidade relacionada com a radioterapia pode ser divi-

dida temporalmente emduas subcategorias: aguda e tardia.

Ao comparar a IMRT com a radioterapia convencio-

nal ou conformada da mama, dois estudos tiveram como

principal desfecho a toxicidade aguda: