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A

SANO

LYJ

ET

AL

.

512

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EV

A

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B

RAS

2014; 60(6):512-517

dirEtrizES Em foco

Fratura por estresse no pé e no tornozelo de atletas

S

TRESS

FRACTURES

IN

THE

FOOT

AND

ANKLE

OF

ATHLETES

Autores:

Asano LYJ, Duarte Jr. A, Silva APS

Conflito de interesse:

nenhum conlito de interesse declarado

http://dx.doi.org/10.1590/1806-9282.60.06.006

O Projeto Diretrizes, iniciativa da Associação Médica Brasileira, tem por objetivo conciliar informações da área médica, a fim de pa-

dronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico.

As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida,

diante da realidade e do estado clínico de cada paciente.

D

ESCRIÇÃO

DO MÉTODO

DE

COLETA

DE

EVIDÊNCIA

Para elaboração desta diretriz, foi consultada a base eletrô-

nica primária Medline (1966 a 2012) via PubMed. A bus-

ca de evidências partiu de cenários clínicos reais e utilizou

os descritores MeSH: “

stress fractures

”, “

foot

”, “

ankle

”, “

athle-

tes

”, “

professional

”, “

military recruit

”, “

immobilization

”, “

phy-

siotherapy

”, “

rest

”, “

rehabilitation

”, “

conventional treatment

”,

surgery treatment”

. Os artigos foram selecionados por espe-

cialistas em ortopedia, após avaliação crítica da força de

evidência cientíica, sendo utilizadas as publicações de

maior força para as recomendações. As diretrizes foram de-

senvolvidas a partir de discussão com o grupo elaborador.

Todo o texto foi revisado por um grupo especializado em

diretrizes clínicas baseadas em evidências.

G

RAUS

DE

RECOMENDAÇÃO

E

FORÇA

DE

EVIDÊNCIA

A.

Estudos experimentais ou observacionais de melhor

consistência.

B.

Estudos experimentais ou observacionais de menor

consistência.

C.

Relatos de casos (estudos não controlados).

D.

Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em

consensos, estudos isiológicos ou modelos animais.

O

BJETIVO

Esta diretriz tem como público-alvo ortopedistas, isia-

tras e médicos do esporte, a im de que possam orientar

o diagnóstico e o tratamento dos atletas com fratura por

estresse no pé e no tornozelo.

I

NTRODUÇÃO

A fratura por estresse foi descrita pela primeira vez em 1855

por Breihaupt, entre soldados que referiamdor e edema plan-

tar após longasmarchas.

1

Já nos atletas, a primeira descrição

clínica se deve a Devas, em 1958, baseada somente nos resul-

tados de radiograias simples.

2

Lesões por esforço são comuns

entre os atletas e os recrutasmilitares, respondendo por apro-

ximadamente 10% de todas as lesões ortopédicas.

3

É deinida como solução de continuidade parcial ou

completa de um osso, como consequência de cargas ex-

cessivas e repetitivas, em intensidade submáxima, resul-

tando em maior reabsorção frente a uma formação insu-

iciente de tecido ósseo.

1

Embora as fraturas por estresse possam acometer todo

tipo de osso, elas são mais comuns em ossos que supor-

tam o peso corporal, especialmente os dos membros in-

feriores (tíbia, 49%; ossos do tarso, 25%; metatarsos, 9%).

3

Estudos com corredores revelammaior incidência de fra-

turas por estresse na tíbia, seguida de metatarsos, fíbula,

fêmur e navicular.

4,5

Os locais das fraturas de estresse variam de esporte

para esporte. Corredores podem desenvolver fratura por

estresse de maléolo medial, extremidade distal da fíbula,

calcâneo, metatarsos menores e sesamoide medial. Bai-

larinos clássicos, ginastas aeróbicos, tenistas e atletas de

voleibol apresentam fraturas por estresse principalmen-

te no osso navicular e nos sesamoides. Já nos atletas de

basquetebol, predominam fraturas por estresse em ma-

léolo medial, navicular e metatarsos, enquanto nos atle-

tas de futebol, metatarsos menores.

6-8

Do ponto de vista biomecânico, as fraturas por fadiga

resultam de ação muscular especíica, cíclica e repetitiva até

sua exaustão, com transmissão de carga para o osso exce-

dendo sua capacidade de adaptação.

8,9

As forças de tração

e de compressão estimulam a transformação óssea, segun-

do a lei de Wolff, isto é, as forças de compressão promo-

vem a atividade osteoblástica e a deposição óssea, levando

ao fortalecimento das estruturas ósseas, conforme a car-

ga aplicada, enquanto as forças de tração levam ao proces-

so inverso de reabsorção óssea, ao estimular a atividade os-

teoclástica. Como resultado, a grande maioria das fraturas

por estresse está localizada nas áreas de tração.

4,5,8