MARÇO/ABRIL 2010
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MENSAGEM DO
PRESIDENTE
José Luiz Gomes do Amaral
Presidente da Associação
Médica Brasileira
1 - Merci! Thank you! Obrigado!
2 – A lição de solidariedade que o Haiti
nos ensinou
3- Pense no Haiti
“E não importa se olhos do mundo
inteiro possam estar por um momen-
to voltados para o largo onde os escra-
vos eram castigados (..) Se você for ver
a festa do Pelô/ E se você não for/ Pense
no Haiti/ Reze pelo Haiti/ O Haiti é aqui/
O Haiti não é aqui”. Os versos de
Haiti
,
canção de Gilberto Gil e Caetano Veloso
(1993), ganharam ainda mais força com
a devastação provocada pelo terremoto
de 7 graus na escala Ritcher que atingiu
o país em 12 de janeiro.
Logo nas primeiras horas, médicos
brasileiros, sensibilizados com a tragé-
dia, procuraram a AMB para oferecer
ajuda voluntária. Da solidariedade médi-
ca nasceu o projeto AMB-SOS Haiti, que
organizou os esforços de saúde para auxi-
liar vítimas do terremoto.
O balanço geral é muito positivo:
somando as diferentes manifestações,
SOS HAITI
começamos a fazer um quadro expres-
sivo do que foi realizado e, sobretudo, o
que resta a fazer.
Foram enviados - por enquanto - três
grupos (mais de 50 pessoas entre profis-
sionais de saúde e logística). Isso não
seria possível sem a contribuição da ONG
Expedicionários da Saúde, dos médicos
brasileiros e das associações que se envol-
veram na iniciativa.
Além dos médicos, os competen-
tes enfermeiros foram fantásticos e
fundamentais, bem como os técnicos de
radiologia. Para que nós lá estivéssemos
e pudéssemos ter trabalhado, muitos
outros, no Brasil, colaboraram.
Se Ricardo Affonso Ferreira não
tivesse ousado, ido por sua conta e risco
para o Haiti e encontrado o hospital
Brenda Strafford, não teríamos tido onde
e como trabalhar.
Foi ele quenos estimuloua desencade-
ar uma ofensiva entre os colegas médicos
brasileiros. A AMB não teria ido adiante
sem o apoio da Associação Paulista de
Medicina (APM) e das Sociedades Brasi-
leiras de Anestesiologia (SBA), Ortopedia
e Traumatologia (SBOT), Angiologia e
Cirurgia Vascular (SBACV), Neuroci-
rurgia (SBNC), Nefrologia (SBN), Clínica
Médica (SBCM), Pediatria (SBP), Cirurgia
Pediátrica (SBCP) e Colégio Brasileiro de
Cirurgiões (CBC).
No início da segunda semana após
o terremoto, dispúnhamos de mais de
700 médicos alistados; ao final da quar-
ta semana, quase 1000. Numerosos
outros profissionais de saúde, enfer-
meiros, técnicos de radiologia e outros,
inscreveram-se também. Instituições
como a Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (FMUSP),
Sociedade Paulista para o Desenvolvi-
mento da Medicina (SPDM), Colsan
e outras empresas envolveram-se na
organização e na doação de materiais e
equipamentos essenciais. Faço menção
especial ao envolvimento de Ruy Baumer
(Fiesp) e Sérgio Timerman.
O transporte e manutenção da
segunda equipe foi financiado direta-
mente pela AMB/APM/COLSAN/SPDM.
Já a terceira turma só foi possível graças
ao apoio da Força Aérea Brasileira, da
Unifesp (reitor Prof. Walter Albertoni),
do Ministério da Educação (Ministro
Prof. Fernando Haddad) e da AMB.
A logística contou com a atuação
direta de Márcia Abdala, Luiz Macedo
e Kennethy Ferrari (Expedicionários);
Helena Fernandes, Lígia Lima e Nelci
Mascarenhas (AMB), Capitão de Mar e
Guerra Sérgio Zorovich, Nacime Masur
(SPDM). Além do apoio da médica
Maria Cecília Damasceno na seleção
das equipes.
O embaixador do Brasil no Haiti, Igor
Kipman, ofereceu-nos valioso incentivo.
Os Almirantes Baltar (DSM – Marinha
Brasileira) e José Luiz Amarante (Minis-
tério da Defesa) também ofereceram
relevante orientação. Miriam Medeiros,
gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República, auxiliou-nos
sobremaneira no transporte da terceira
equipe do Rio de Janeiro ao Haiti.
Inúmeras manifestações de apoio,
entre elas de Alexandre Carvalho
(Universidade de Nova York), Dirceu
Raposo (Anvisa), Ângela Santana
(CAPES) no Itamarati e no Ministério do
Planejamento, ajudaram-nos a manter o
projeto e o entusiasmo.
Barry Strafford, diretor da Fundação
Brenda Strafford, e Richard Duchesne,
administrador desta instituição, foram
fundamentais para que a missão conti-
nuasse.
Santiago Hazin, ex-residente da
Unifesp que mora em Santo Domingo,
nos apoiou e ajudou a encontrar manei-
ras de superar as dificuldades de praticar
Medicina em um país arrasado.
Nosso reconhecimento a todos que
contribuíram de alguma forma com este
projeto.