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MARÇO/ABRIL 2010
já estávamos mais habituados
com a rotina”, explica Rober-
ta Murasaki, coordenadora da
equipe.
A história da menina de nove
anos que precisou ser intubada
e levada de avião para a capital
mobilizou todos os voluntários.
“A criança chegou ao hospital no
fim da noite correndo risco de
morrer. Tanto americanos como
brasileiros ajudaram a realizar
vários procedimentos invasivos.
Passamos a madrugada utili-
zando ventilação manual, pois
não havia respirador. De manhã,
conseguimos transferi-la para a
base da Universidade de Miami,
instalada no aeroporto de Porto
Príncipe, relembra Barcellos. No
fim da missão, o grupo reencon-
trou a menina, que evolui bem.
Durante os dias em que este-
ve no Haiti, a missão realizou 71
procedimentos, sendo: 40 oste-
ossínteses (fêmur, tíbia, úmero
e antebraço), 20 desbridamentos
e limpezas cirúrgicas, 10 curati-
vos sob anestesia e uma amputa-
ção dos dedos do pé.
“As missões foram bem-
sucedidas porque muita gente
ajudou. Nos sentimos privile-
giados ao representar tantos
médicos que não puderam ir. A
continuidade do trabalho será
feita de diversas formas e uma
delas é a criação de força tare-
fa permanentemente treinada
em catástrofes”, disse José Luiz
Gomes do Amaral, presidente
da AMB.
Segundo ele, o envolvimento
nesse tipo de situação não é só
pessoal. “Os médicos brasilei-
ros, muito antes do serviço obri-
gatório, são formados para fazer
assistência voluntária. Jamais
aceitaríamos a imposição de
fazer algo que, moralmente, já
nos é obrigatório”.
Escolas médicas
Antes do terremoto existiam
quatro escolas médicas no Haiti:
três privadas e uma pública.
As salas de aula, administra-
ção e escola de enfermagem da
Universidade do Estado, a única
pública, desabaram durante o
tremor, momento em que ocor-
riam aulas, vitimando alunos de
1º, 2º, 3º e 4º anos de medicina.
A Universidade de Notre
Dame, sob administração da
Igreja Católica, não sofreu danos
e apenas uma parte da Univer-
sidade Lumiére está funcionan-
do, enquanto o campus novo
capa
da Universidade de Quesqueya,
inaugurado em dezembro de
2009, ruiu completamente.
Segundo informações da
assessoria de imprensa da OMS,
apenas a Universidade Notre
Dame funciona normalmente.
As outras estão buscando alter-
nativas para recomeçar.
Foram levadas ao Haiti 75 caixas contendo uma tonelada de material
Médicos e enfermeiros com a irmã Guadalupi e colaboradoras no orfanato de Les Cayes
Fotos: José Luiz Gomes do Amaral; Luciane Cava-
gione; José Eugênio Garcia; Robson Azevedo; Rafael
Mohriaq; Dennison Moreira