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JAMB

MARÇO/ABRIL/MAIO DE 2004

2

DIRETORIA

P

RESIDENTE

Eleuses Vieira de Paiva

P

RIMEIRO

V

ICE

-P

RESIDENTE

Lincoln Marcelo Silveira Freire

A importância da mobilização

da classe médica para a sua

valorização profissional

situação da classe médica está insustentável! Os pacientes pagam

cada vez mais às operadoras de planos e seguros de saúde, enquanto

os médicos ganham cada vez menos. Os obstáculos e dificuldades

ao longo desta última década têm sido bancados por toda a classe médica,

sem a devida correção dos valores referentes à consulta e aos atos

médicos. Afinal, que trabalhador estaria satisfeito em atuar em um

mercado de trabalho que há cerca de 10 anos não recebe os devidos

repasses dos aumentos nas mensalidades pagas pelos usuários? Ou ainda,

que profissional consegue exercer plenamente o seu ofício, sofrendo

restrições cada vez maiores na liberação de suas prescrições de

procedimentos, internações e cirurgias?

Esta é a razão pela qual as entidades médicas nacionais já vêm há muito

tempo alertando sobre os riscos resultantes dos baixos honorários na

manutenção da qualidade do atendimento aos usuários e unidas estão

mobilizadas em defesa da implantação da Classificação Brasileira

Hierarquizada de Procedimentos Médicos - CBHPM, trabalho elaborado

conjuntamente pela Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de

Medicina e Sociedades de Especialidades. Classificação esta definida pela

Resolução 1673/03, do CFM, como o padrão mínimo e ético de remuneração

para os procedimentos médicos na saúde suplementar.

A CBHPM amplia a proteção aos usuários dos planos e seguros de saúde.

Saliente-se que as entidades médicas reconhecem somente procedimentos

médicos com efetivo benefício ao cidadão, respeitando sempre o

rigor científico e os aspectos legais quanto à sua utilização, razão pela

qual entende-se que a CBHPM representa o parâmetro ético e atual da

cobertura assistencial.

Estamos falando de um movimento objetivo, reivindicatório da correção

dos valores devidamente comprovados pela Fundação Instituto de Pesquisas

Econômicas da Universidade de São Paulo (FIPE), uma entidade

reconhecida pela sua idoneidade e competência. Os novos valores foram

definidos depois de três anos de pesquisas e de acordo com o grau de

dificuldade de cada procedimento. Insistimos que, ao longo deste período,

as correções verificadas, como por exemplo a de 2003, estão muito longe

do que nos é devido, se confrontadas com os dados referidos pela FIPE.

As iniciativas de pressão nas negociações com as empresas operadoras

de saúde, inclusive as suspensões ocorridas em vários Estados, têm revelado

adesão expressiva da classe médica, mas ainda não é o suficiente. Não deixe

de participar em seu Estado deste movimento reivindicatório legítimo.

Jurandir Marcondes Ribas Filho

Diretor de Proteção ao Paciente

da Associação Médica Brasileira

EDITORIAL

S

EGUNDO

V

ICE

-P

RESIDENTE

Ronaldo da Rocha Loures Bueno

V

ICE

-P

RESIDENTES

Remaclo Fischer Junior, Flavio Link Pabst,

Ranon Domingues da Costa, Ricardo Saad,

Carlos D.A. Bichara, David M. Cardoso Filho,

Lúcio Antonio Prado Dias, José Guerra Lages,

J. Samuel Kierszenbaum, José Luiz G. doAmaral.

S

ECRETÁRIO

-G

ERAL

Edmund Chada Baracat

1º S

ECRETÁRIO

Aldemir Humberto Soares

1º T

ESOUREIRO

Amilcar Martins Giron

2º T

ESOUREIRO

:

José Alexandre de Souza Sittart

D

IRETORES

:

Cultural

- Severino Dantas Filho;

Relações Internacionais

- David

Miguel Cardoso Filho;

Científico

-

Fabio Biscegli Jatene;

Defesa

Profissional

- Eduardo da Silva Vaz;

DAP

- Martinho Alexandre R.A. da

Silva;

Economia Médica

- Marcos

Pereira de Ávila ;

Marketing

- Roque

Salvador A. e Silva;

Saúde Pública

-

Samir Dahas Bittar;

Atendimento ao

Associado

- Ricardo de Oliveira Bessa;

Proteção ao Paciente

- Jurandir M.R.

Filho;

Acadêmico

- Elias F. Miziara;

Jamb

- Horácio José Ramalho.

D

IRETOR

R

ESPONSÁVEL

Horácio José Ramalho

E

DITOR

E

XECUTIVO

César Teixeira (Mtb 12.315)

C

OLABORAÇÃO

Camila Kaseker

D

IAGRAMAÇÃO

, E

DITORAÇÃO

E

A

RTE

Sollo Comunicação

D

EPARTAMENTO

C

OMERCIAL

Fone (11) 3178-6806

T

IRAGEM

: 60.000 exemplares

P

ERIODICIDADE

: Bimestral

I

MPRESSÃO

: Plural

R

EDAÇÃO

E

A

DMINISTRAÇÃO

Rua São Carlos do Pinhal, 324

01333-903 – São Paulo – SP

Tel. (11) 3178-6800 – Fax (11) 3178-6816

E-Mail:

jamb@amb.org.br

A

SSINATURA

Fone (11) 3178-6800, ramal 130

Anual R$ 36,00; avulso R$ 3,00.

As colaborações assinadas expressam

unicamente a opinião de seus autores,

não coincidindo necessariamente

com as posições da AMB.

A educação médica é uma das mais

importantes pautas do Planejamento

Estratégico da Associação Médica Brasi-

leira e do Conselho Federal de Medicina.

Entidades que, por suas características

constitutivas, têm legitimidade para

participar, de forma consultiva, na autori-

zação de funcionamento e abertura de no-

vas vagas, avaliação e reconhecimento dos

cursos de graduação na área médica, a

exemplo do que ocorre na maioria dos

países civilizados, onde são sempre

ouvidas as entidades de classe das carrei-

ras envolvidas.

Não basta apenas denunciar. O grande

desafio das entidades médicas é ver efeti-

vamente restringidas as possibilidades de

abertura de novos cursos de medicina no

país. O estudo “

Abertura de Escolas de

Medicina no Brasil: Relatório de um

Cenário Sombrio”

, de nossa autoria

juntamente com a socióloga Maria

Cristina Pieruccini, visa

contribuir ao

debate. Este estudo dá continuidade à

temática focada nos Fóruns Regionais

“Novas Escolas de Medicina: Necessi-

dade ou Oportunismo?”, que tivemos a

honra de coordenar em 2002.

Um levantamento preliminar indicava

a existência de muitos dados sobre o tema,

porém eles costumavam ser apresentados

de forma genérica e repetitiva. Assim, ten-

tamos preencher esta lacuna utilizando

uma metodologia que contempla o cruza-

mento e análise das informações disponí-

veis nos mais diversos órgãos, tais como

Ministério da Educação (Inep e Sesu),

Conselho Nacional de Saúde e IBGE.

Desta forma, foi possível levantar estado

por estado a relação médico/habitante, o

que permite traçar um mapeamento da

concentração espacial destes profissionais,

paralelamente à localização no tempo e no

espaço das escolas médicas brasileiras. O

estudo procura, ainda, levantar a legis-

lação vigente no setor, reconstituindo os

trâmites e pré-requisitos para a autori-

zação de abertura de novas escolas de

medicina no país, bem como busca

esclarecer os mecanismos institucionais

de avaliações de desempenho do Minis-

tério da Educação. Por fim, o estudo faz

algumas recomendações, com destaque

para a necessidade da aprovação de

projetos de lei, que, em sendo aprova-

dos pelo Congresso Nacional, resulta-

rão em um maior controle do processo

ARTIGO

Escolas médicas: não

basta apenas denunciar

de autorização de funcionamento de

novas escolas de medicina no Brasil.

Diante dos problemas levantados, as

entidades médicas devem insistir, junto

ao Ministério da Educação, na cobrança

do cumprimento das recomendações

resultantes das avaliações de desempenho

de cursos de medicina. Esta, porém, não

é só uma questão de fiscalização oficial,

nem tampouco pode ser resolvida pelas

entidades de classe. O fundamental é que

tanto a sociedade, como as próprias

instituições, se convençam de que para

criarem um curso terão que atender aos

pré-requisitos de implantação física,

inclusive com hospital-universitário, e

de pessoal qualificado, tendo em vista

atender às Diretrizes Curriculares de

Graduação em Medicina.

Por outro lado, a sociedade brasileira

necessita ser esclarecida sobre a impor-

tância da qualidade do ensino na prática

médica. É fundamental que a sociedade

entenda que não há necessidade de mais

médicos e sim de médicos bem formados

e adequadamente distribuídos no país.

Esta é uma questão muito séria, que pode

comprometer a qualidade do atendimento

prestado à população. A educação médica

deve, assim, pautar-se na responsabilidade

social, que nada mais é do que o compro-

misso com o SUS.

O projeto, no entanto, não deve se

valer do SUS como financiador da

assistência e da pesquisa. Terá de aten-

der a todas as exigências para a oferta

de vagas na residência médica. O

prefeito, gestor do SUS, tem que saber que

deverá manter unidades de saúde, hospi-

tal universitário com todos os equipa-

mentos necessários para um ensino de

qualidade. Para atender a todas essas

necessidades e outras mais, o investimento

é significativo. Não se pode aceitar, em

contrapartida, que alguns requisitos

indispensáveis ao funcionamento do

curso fiquem na promessa de implantação

futura, ao longo de seis anos de gradua-

ção, como acontece atualmente.

Somente assim a sociedade estará

protegida dos profissionais com formação

inadequada e as entidades médicas pode-

rão intervir na busca de ensino de quali-

dade com formação técnico-científica,

ética e humanitária.

Ronaldo da Rocha Loures Bueno

2º Vice-presidente da AMB

“Quando sua luta começa dentro dele, é que o homem vale alguma coisa.”

(Browning, 1899)