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JORNAL DA
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA AMB
- JUN/JUL -
2008
Entrevista - Walter Albertoni
Foto: Divulgação UNIFESP
Walter Manna Albertoni gra-
duou-se emmedicina pela Universi-
dade Federal de São Paulo (Unifesp)
em 1966, e fez dois doutorados: o
primeiro em Ortopedia e Cirurgia
Plástica Reparadora, em 1977, e o
segundo emOrtopedia e Traumato-
logia, em 1986, ambos pela Unifesp.
Professor titular de Ortopedia e
Traumatologia e pró-reitor de exten-
são universitária da Universidade,
Albertoni atualmente preside a Co-
missão Executiva responsável pelas
comemorações dos 75 anos da ins-
tituição. Nesta entrevista ao Jamb,
ele discute o atual cenário do ensino
médico no Brasil.
Qual a importância da Univer-
sidade Federal de São Paulo (Uni-
fesp) nestes 75 anos dentro do ensi-
no superior no Brasil (que comple-
tou 200 anos em fevereiro)?
A Unifesp está numa fase de ex-
pansão voltada ao atendimento so-
cial. A instituição sempre foi conhe-
cida como uma universidade temá-
tica, ligada à saúde e com áreas de
excelência não só na parte do ensi-
no de graduação, mas também de
pesquisa. De três anos para cá, o
Conselho Universitário encampou
as idéias de expansão do Ministé-
rio da Educação e transformou a
Unifesp numa universidade plena.
A partir de 2005, passamos a ter os
campi
de Santos, Diadema, São José
dos Campos, Guarulhos e agora está
sendo lançada a pedra fundamen-
tal dos
campi
de Osasco e Santo
Amaro. A unidade de Diadema já
está com área de pesquisa voltada
para engenharia química e proteção
ao meio ambiente; em São José dos
Campos, onde estão localizados
dois dos mais importantes parques
tecnológicos de São Paulo – ITA e
Embraer –, já tem um centro de
Ciências da Computação; na Bai-
xada Santista teremos cursos volta-
dos ao estudo do mar e à engenha-
ria portuária. Como se vê, não é
simplesmente abrir mais um curso,
é visar o futuro estratégico do país
e o acesso ao mercado de trabalho.
A Unifesp tem se engajado dentro
desse espírito público-social num
momento em que o país clama por
mais universidades públicas de qua-
lidade. Além disso, a Universidade
sempre se distinguiu pela pesquisa,
pelas suas publicações e pelos do-
centes altamente qualificados. Re-
almente este é um momento muito
bonito, e sinto-me orgulhoso de vi-
ver aqui dentro e chegar aos seus 75
anos.
O curso de medicina da Escola
Paulista da Unifesp também faz 75
anos.Quais sãoas bases utilizadas pela
Unifesp no ensino médico atual?
O curso de medicina se confun-
de com a Universidade. Começou
como Escola Paulista de Medicina
(EPM), um curso privado, em
1933; em 1956, foi federalizada e
ganhou um Instituto Federal de
Educação. OHospital São Paulo foi
o primeiro hospital universitário do
país. Enfim, nossa escola é tradici-
onal, com evoluções importantes.
De uns 30 anos para cá, passamos
a ter uma característica diferente dos
cursos médicos normais: esta é uma
escola de pesquisa. Grande parte do
alunato está na pós-graduação,
quer seja
stricto sensu
, que é mes-
trado, doutorado, chegando até li-
vre-docência, ou
lato sensu
, que são
cursos de especialização. Eu diria
que a Escola Paulista nos últimos
anos tornou-se um verdadeiro ce-
leiro de treinamento e preparação
de professores para outras universi-
dades. São por volta de 1.100 alu-
nos em cursos da área médica, cer-
ca de três mil na pós-graduação
stricto sensu
e perto de 4.500 alu-
nos no
lato sensu
. A Unifesp tem a
maior residência médica do país,
com 57 programas de residência e
680 residentes em treinamento. Pelo
fato de nossos alunos serem incita-
dos a pesquisar desde cedo, é gran-
de o número de pessoas que já têm
alguma coisa publicada antes de se
formar. A Unifesp é uma universi-
dade de ponta, com condições bas-
tante particulares de se distinguir em
relação às outras.
O senhor se formou em medici-
na pela Unifesp em 1966. Quais as
diferenças do aluno ingressante de
hoje e há quase 50 anos?
Entrei na Escola Paulista em
1961, época em que não havia tan-