O
Brasil vive momentos de turbulências, cri-
ses que envolvem diferentes áreas: política,
econômica, social, etc. Precisamos recuperar
a confiança. O Brasil foi devastado por inescrupulo-
sos que assaltaram o país. Falta credibilidade em se-
tores do Executivo, do Legislativo, do Judiciário. Em
quem confiar?
Continuemos lutando e defendendo instituições
fortes, notadamente em prol da democracia. Pense-
mos e desenhemos o Brasil hoje com olhos para o
amanhã. Nos campos social, da educação e da saú-
de, em especial, necessitam compor a linha de frente
das nossas políticas. Não existe nação desenvolvida
sem que educação seja prioridade.
A saúde, área em que militamos com tanto orgu-
lho, vontade, amor, está em uma crise profunda, pois
faltam recursos adequados e gestão qualificada. Não
podemos compartilhar da politização na saúde, da
falta de planejamento, do olhar somente para o pre-
sente, da estratégia do diagnóstico e tratamento de
doenças. Fala-se no diagnóstico precoce, umpouco na
prevenção, raramente na promoção da saúde e, excep-
cionalmente, na educação em saúde. Para uma nação
que tem os olhos voltados para o futuro, urge adotar
educação em saúde como prioridade, pois, verdadei-
ramente, ela muda cenários para melhor, se bem-fei-
ta. Sabemos que os resultados virão emmédio e longo
prazos, e isso a classe política, de ummodo geral, rejei-
ta. Acostumou-se a trabalhar no curto prazo (inclusive
para o enriquecimento ilícito), pois precisa de visibili-
dade imediata, visando à reeleição, ou eleger os ami-
gos, os compadres, os companheiros, a curriola.
A Associação Médica Brasileira (AMB) traba-
lha com foco no coletivo, na organização, no plane-
jamento, na visão de curto, médio e longo prazos, na
defesa de instituições fortes. Daí, estarmos irmana-
dos com nossas federadas e sociedades de especiali-
dade. Reiteramos a importância de estarmos juntos,
unidos e buscando melhorias para a saúde, para a
medicina e para o médico. Queremos um novo tem-
po, desejamos um Brasil novo, sem corrupção, sem
roubalheira, com uma população bem assistida, com
educação e saúde de qualidade.
Hoje somos mais de 400 mil médicos no Bra-
sil e mais de 110 mil estudantes de medicina. Temos
uma medicina de elevado padrão, reconhecida in-
ternacionalmente em diferentes áreas. Ouvimos no
cotidiano, porém, que o principal problema da saú-
de pública é a falta de acesso. Então, dizem que resol-
verão os problemas importando médicos e, pior, sem
sabermos a qualificação deles. Precisamos, sim, me-
lhorar o acesso, mas é imperativo que se tenha quali-
dade. A qualidade é colocada à margem, porque pen-
sam em quantidade. Temos médicos para atender a
população brasileira desde que sejam mais bem dis-
tribuídos, que haja política de estado para tal, como
uma carreira médica para a atenção básica nos pe-
quenos municípios ou naqueles de mais complicado
acesso. O Brasil não suportará essa abertura desen-
freada, e não planejada, de escolas médicas, sem cri-
térios adequados de avaliação. Precisamos avaliar os
egressos das faculdades já existentes, pois também
falta qualidade na formação médica do Brasil.
Queremos e colocamo-nos à disposição para aju-
dar o Brasil, mas exigimos seriedade, verdade e trato
adequado como bempúblico. Conhecemos bemo setor
saúde e, semqualquermágoa, rancor ou ressentimento,
sentaremos àmesa para discutir umprojeto para a saú-
de brasileira, que contemple não somente a assistência,
mas tambémo ensino, a pesquisa e a gestão.
Vivamos um novo e melhor tempo, para que tra-
temos o povo brasileiro cada vez melhor naquilo
que nos é mais precioso: a saúde. Saúde é nosso bem
maior, e nossa gente merece respeito.
Florentino Cardoso
Presidente da AssociaçãoMédica Brasileira
Palavra do Presidente
AMB
Um novo tempo
M
ARÇO/ABRIL – MAIO/JUNHO
2016
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JAMB
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