JAMB
SETEMBRO/OUTUBRO DE 2001
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urante a avaliação do
planejamento estra-
tégico conjunto daAs-
sociação Médica Brasileira e
Conselho Federal de Medicina,
realizada no II Encontro Na-
cional dos Conselhos de
Medicina, em Manaus, a ple-
nária decidiu pela necessidade
de uma forte atuação política da
classe médica junto à Câmara e
Senado, visando o processo
político de 2002. O primeiro
passo nesse sentido já foi
definido: a realização de um
café da manhã, dia 21 de
novembro, na sede do CFM,
reunindo parlamentares, com o
objetivo de apresentar as
principais propostas da classe
médica na busca pela melhoria
da saúde no país.
“Temos que assumir um papel
mais político. Temos que eleger
parlamentares engajados com os
principais problemas da área da
saúde”, falou o presidente da
AMB, Eleuses Paiva, ao lançar
a proposta da mobilização
política. “Vamos discutir com
eles a viabilização de projetos
que beneficiem não só a classe
médica, mas toda a sociedade”,
enfatizou.
O presidente do CFM, Edson
Oliveira Andrade, entende que
os principais pontos do plane-
jamento estratégico conjunto,
definidos no início do ano pela
Associação Médica Brasileira e
Conselho Federal de Medicina,
passam obrigatoriamente por
uma forte representatividade no
cenário político nacional.
“Das sete frentes de atuação
definidas pelas entidades, cinco
obrigatoriamente necessitam de
apoio político. Atualmente, não
temos representatividade para
atingirmos nossos objetivos, por
isso, precisamos mudar esse
cenário. E a forma de conseguir
isso é formar uma base parla-
mentar aliada”, afirma.
O diretor de Saúde Pública da
AMB, Mauro Chrysostomo,
contribuiu com uma proposta no
Saúde: mobilização política
Cerimônia de abertura do II Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina em
Manaus: proposta para mobilização política em defesa da saúde
Entidades médicas decidem por efetiva atuação política junto aos parlamentares
sentido de realizar essa mobi-
lização também no nível esta-
dual, com a criação de grupos
setorizados de trabalho.
“Já existem políticos enga-
jados nessa luta. É preciso ape-
nas um contato mais estreito,
aprofundando nossas ações e
também incorporando outras
entidades, como as represen-
tantes da área sindical. Desta
forma, teríamos mais chances de
alterar os rumos da saúde no
país”, acrescentou.
Elias Miziara, diretor de
Proteção ao Paciente da AMB,
acredita que a partir desse
movimento a classe médica
poderá obter resultados mais
concretos em suas ações.
“A saúde deve ser defendida
em seu sentido mais amplo, tanto
no setor público como privado.
Nossa força virá da formação
desta base parlamentar, favo-
recendo nossas idéias e prin-
cípios. Assim, estaremos sendo
extremamente profissionais em
nossos objetivos”, garante.
Dentre os objetivos in-
cluídos no planejamento
estratégico da Associação
Médica Brasileira e Conselho
Federal de Medicina, que
estarão sujeitos à discussão
com parlamentares, estão:
políticas de saúde: relação com
o SUS e mercado privado;
formação do profissional e
regulamentação da prática
médica e exercício profis-
sional. A estratégia de enca-
minhamento desses pontos já
tem alguns pontos definidos:
criação de grupos específicos
de trabalho para elaboração de
propostas, que deverão ser
apresentadas em encontro
marcado para 15 de dezembro,
em São Paulo; realização de
um Fórum Nacional com a
participação de parlamentares
e integração da classe médica
nos segmentos associativo,
conselheiral e sindical para
alavancar o desenvolvimento
do movimento político.
Fotos: Marcio Arruda
“Abertura de novas escolas médicas” foi o tema da
palestra apresentada por Éfren Maranhão, membro do
Conselho Nacional de Educação, durante o Encontro
dos Conselhos de Medicina, em Manaus. Ele abordou
e debateu com a plenária os principais problemas
envolvendo a abertura indiscriminada de escolas
médicas. No encontro, o diretor de Defesa Profissional
da AMB, Eduardo Vaz, mostrou a proposta de projeto
de lei alterando pontos da Lei de diretrizes e bases da
educação, prevendo que a criação de cursos de
graduação na área da Saúde por universidades deverá
ser submetida em caráter terminativo à manifestação do
Conselho Nacional de Saúde, a ser apresentado pelas
entidades médicas aos parlamentares em encontro
marcado para o dia 21 de novembro, no CFM.
Uma conferência sobre a Ordem dos Médicos
Portuguesa, proferida por Antonio Vaz Carneiro,
encerrou o II Encontro dos Conselhos de Medicina,
em Manaus. Ele apresentou como funciona e as
principais finalidades da entidade criada em 1898:
defender os interesses da profissão, promover a
formação profissional, ofertar pareceres ao governo,
emitir título de especialista e licença profissional,
julgar processos da prática clínica. Quanto à medicina
em seu país, explicou que é exercida por 31 mil
médicos, em 57 especialidades, para uma população
de 10 milhões de habitantes, e que o salário médio de
um profissional varia entre U$ 2.000 e U$3.000.