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JORNAL DA

ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA • AMB

- NOV/DEZ -

2008

Entre 15 e 18 de outubro de

2008, reuniram-se em Seul, Coréia

do Sul, as representações médicas

que compõem a Associação Médi-

ca Mundial. Nessa entidade, o Bra-

sil é representado pela Associação

Médica Brasileira. Entre os diversos

assuntos discutidos na oportunida-

de, tratou-se da revisão da Declara-

ção de Helsinki, importante instru-

mento que orienta as pesquisas em

seres humanos. O documento, ado-

tado em 1964, beneficiou-se de su-

cessivas revisões, culminando na re-

dação atual.

A discussão realizada no Brasil

teve grande importância. Eviden-

ciou a preocupação brasileira em

relação ao uso do placebo em situ-

ações em que há tratamento confir-

mado e tornou clara a necessidade

de explicitar na Declaração o aces-

so ao tratamento pós-pesquisa.

Entende a AMB que houve sig-

nificativo avanço comparado à re-

dação anterior, visto que dois aspec-

tos importantes foram tratados de

forma positiva. O acesso ao trata-

mento pós-pesquisa, o parágrafo 33

da versão atual, afirma que “os pa-

Declaração deHelsinki

A questão do

placebo – posição

da AMB

cientes incluídos nos estudos devem

compartilhar todos os benefícios

que dele resultem, por exemplo, o

acesso as intervenções identificadas

como benéficas no estudo ou ou-

tros cuidados apropriados”.

Em Seul, a AMB aprovou todas

as sugestões do grupo de trabalho,

mas propôs a supressão do parágra-

fo que permitia a utilização do pla-

cebo em situações em que há trata-

mento efetivo. Prevaleceu, porém,

o entendimento de que o uso de

substância inócua em situações em

que há tratamento efetivo deveria,

quando justificado metodológica-

mente, ser considerado, desde que

não exponha o paciente a riscos.

Além disso, incorporou-se a nota de

esclarecimento do parágrafo 29 ao

corpo da Declaração. Ainda que

tenha havido controvérsias em re-

lação à manutenção deste texto,

todos concordaram em acrescentar

a necessidade de extremo cuidado

nessas circunstâncias. A cautela é

necessária para prevenir eventuais

abusos. A WMA determinou que

um grupo de trabalho fosse consti-

tuído para estudar os temas cuida-

dosa e equilibradamente para veri-

ficar todas as possibilidades meto-

dológicas e suas implicações éticas.

A AMB fará parte deste grupo.

Entre outras formas analisadas,

duas circunstâncias justificariam a

utilização do placebo. A primeira

quando fosse acrescentado ao trata-

mento considerado efetivo a avalia-

çãode intervençõesqueviessemacom-

plementá-lo. Em segundo lugar,

quando houver razões suficientemen-

te sólidas e relevantes para que se re-

avalie a prática de uso corrente. Esta

proposta não foi aceita, pois preva-

leceu o entendimento de que consti-

tuem situações particulares. A AMB

compreendeu que poderia ter sido

melhor não incluir essas exceções na

Declaração visto que se trata de um

documento de caráter genérico.

É importante dizer que do pon-

to de vista do conteúdo, não exis-

tem diferenças há assinalar entre a

redação anterior e a atual, exceto

pela frase exortando a cautela, su-

gerida pela AssociaçãoMédica Ame-

ricana e aprovada por unanimida-

de. Temos, portanto, um documen-

to bastante sólido, atualizado e dis-

ponível para o balizamento ético.