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JORNAL DA
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA AMB
- NOV/DEZ -
2008
WMA
Conheça a Associação
Médica Mundial
Como é composta a WMA?
No momento temos 85 membros,
mas teremos mais de 90 até o fim do ano,
porque temos solicitações para novas afi-
liações e estou convencido de que elas se-
rão aceitas. Não é um processo seletivo.
Nosso estatuto determina que aceitemos
apenas as instituições médicas mais re-
presentativas do país, que sejam demo-
cráticas e independentes.
Como a Associação lida com a
questão da China?
Naquele momento, era uma oportu-
nidade que não poderíamos deixar pas-
sar, mesmo a organização não sendo in-
dependente. Ao menos pelo estatuto, e é
isso que analisamos, era democrática. Ti-
nham eleições para escolher as lideranças
e decidiam pelo voto, o que era impor-
tante. Agora, é uma organização indepen-
dente porque as leis mudaram.
Há membros nos cinco continentes?
Sim, mas não de todos os países.
Onde é a sede da WMA?
Nosso escritório fica em Ferney-Vol-
taire, que é um subúrbio francês de Gene-
bra, porque queríamos ficar perto das ou-
tras organizações médicas internacionais,
especialmente da OrganizaçãoMundial da
Saúde. A WMA foi fundada e continua le-
galmente domiciliada em Nova York. Nos
anos 1970, ficou muito claro que devería-
mos ter um escritório perto da Organiza-
ção Mundial da Saúde. Entre as organiza-
ções que compõemaONU, aOMS é amais
Durante sua estada no Brasil, integrando a delegação da
Associação Médica Mundial (WMA) para os trabalhos da
revisão da Declaração de Helsinki, o secretário-geral da WMA,
Otmar Kloiber, explicou, durante entrevista ao Jamb, como
funciona a entidade que congrega médicos do mundo inteiro
Foto: Osmar Bustos
importante para nós, pois grande parte do
nosso trabalho está ligado a ela.
As reuniões são mensais?
Temos reuniões com o Comitê Execu-
tivo, que é composto pelo presidente e vice
dos Conselhos, presidentes dos Comitês,
tesoureiro, secretário-geral e os conselhei-
ros jurídicos, por meio de teleconferências
todo mês. Além disso, há também a reu-
nião do Conselho duas vezes por ano e
uma assembléia geral, que é anual.
Como são escolhidos os membros
do Conselho?
As eleições são a cada dois anos e o
voto é de acordo com o número de médi-
cos que os países declaram ter. A cada
50.000 médicos, há um assento no Conse-
lho. Há algumas associações que têm mais
de 50.000, por isso ganham automatica-
mente um lugar no Conselho. Os países
que não têm número suficiente de médicos
juntam-se e elegemum candidato entre eles.
De onde provêm os recursos
para manter a WMA?
Por meio dos pagamentos feitos pe-
los associados, por isso é importante
pagar na data certa. Para alguns proje-
tos especiais, trabalhamos com patro-
cínio, que pode vir de governos, funda-
ções e da indústria. Temos regras mui-
to austeras sobre o modo de empregar
o dinheiro. O regulamento é o mesmo
para qualquer grupo envolvido. Em
nosso entendimento, é preciso manter
a independência da WMA.
Quais são as prioridades da
Associação agora?
Temos um plano de trabalho com
documentos diferentes: aqueles que gos-
taríamos de revisar ou de finalizar. Omais
importante agora é a Declaração de Hel-
sinki, porém há outros documentos que
fazem referência desde a ingestão de só-
dio até o uso medicinal de sementes de
papoula no Afeganistão. É muito vasto.
Politicamente, a questão dos recursos
humanos, especialmente nos países po-
bres, é um assunto pelo qual estamos in-
teressados em cooperar com todos os
grupos para encontrar soluções. Temos
trabalhado para manter os profissionais,
melhorar o ambiente de trabalho e as
condições de vida.
O que o senhor achou das discussões
que aconteceram no Brasil?
Ótimas. A reunião foi uma ajuda
maravilhosa para entendermos as idéias
e os sentimentos sobre a Declaração de
Helsinki. Foi muito importante ter a chan-
ce de discutir o assunto em Helsinki, com
um grupo de experts; no Cairo, com re-
presentantes do mundo árabe; e aqui, em
São Paulo, apesar de o grupo ser muito
internacional, foi possível ouvir as posi-
ções latino-americanas. Eu, pessoalmen-
te, estou muito satisfeito que os médicos
latino-americanos estão assumindo uma
posição mais forte na Associação Médi-
ca Mundial comparado a antes. Isto é im-
portante porque o continente é muito
grande e tem de ter um papel de destaque
no cenário internacional.