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JORNAL DA

ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA • AMB

- NOV/DEZ -

2008

22

José da Silva Guedes

, professor de

medicina social da Faculdade de Ci-

encias Médicas da Santa Casa de São

Paulo; ex-secretário municipal de saú-

de de São Paulo (1983-1985); ex-secre-

tário estadual São Paulo (1995-2002)

“Hoje te-

mos uma evo-

lução tecnoló-

gica, científica

e enorme capa-

cidade de tra-

tar as doenças.

Aliado a isso,

a população

tem muito mais acesso à informa-

ção, passando a querer sempre mais,

a cobrar mais. No Brasil, esse pro-

cesso acontece justamente num mo-

mento de redemocratização do país.

Eu vejo como positivo o fato de a

saúde estar na agenda política dos

candidatos. Isso significa que a po-

pulação está valorizando o tema, e

assim os políticos também passam

a valorizá-lo. Esse fenômeno foi

muito forte nestas últimas eleições,

mas este processo já vem acontecen-

do há muito tempo. A minha expec-

tativa, no entanto, é saber se duran-

te o mandato a saúde continuará

prioridade como foi na campanha.

Mas é preciso salientar que no Bra-

sil ainda se investe muito pouco em

saúde em relação a países como Ca-

nadá e França, que aplicam cerca

de US$ 3.500 por habitante/ano.

Aqui nosso investimento soma por

volta de US$ 500. É insuficiente,

mas esse não é problema único. É

preciso desenvolver a capacidade de

fazer gestão pública e investir mais

dinheiro para um sistema que envol-

ve cerca de seis mil municípios, com

realidades distintas. Não adianta di-

zer que dá pra fazer muito mais com

o que temos, pois não dá. Também

não adianta dizer que o problema é

só financiamento porque temos pro-

blemas sérios de gestão”.

Renilson Rehen,

secretário-adjun-

to da Secretaria de Estado da Saúde

de São Paulo

“Saúde se transformou empriorida-

de porque a população está mal atendi-

da. Criou-se uma expectativa enorme

com a criação do SUS, dos seus progra-

mas de ações, mas no cotidiano a popu-

lação brasileira temdificuldade de aces-

so e de continuidade no tratamento. Cer-

ca de 80% da população não tem alter-

nativano setor privado, por onde a classe

média recebe assistência. Esse pessoal

maltratado enfrenta filas, desrespeito, re-

cebe um diagnóstico de câncer e espera

um ano para tratamento. Enfim, esse

conjunto de fatores levou a saúde a apa-

recer comoumdos principais problemas

do país. O que falta fazer é uma combi-

nação de alguns fatores: mais recursos,

falta gestão, pois o padrão émuito ruim.

Falta também implantar algumas dire-

trizes no sistema, que é a atenção pri-

mária, o clínico, valorizar o especialis-

ta, definir forma de pagamento.Mas fal-

ta, principalmente, um sistema de ava-

liação de resultados.”

GastãoWagner de Souza Campo

s,

atua no departamento de medicina

preventiva e social da Faculdade de

Ciências Médicas da Unicamp; ex-se-

cretário executivo do Ministério da

Saúde (2003-2004).

“Durante

as eleições,

afloram as ne-

c e s s i d a d e s

mais sentidas

pela popula-

ção

e a saúde

é, sem dúvida,

uma grande

preocupação, pois diz respeito à so-

brevivência de cada um. Nada mais

natural, portanto, que o assunto ve-

nha à tona quando se debatem as ques-

tões públicas.”

Gilberto Natalini

, vereador de São

Paulo pelo PSDB

“Eu enten-

do que são três

fatores. O pri-

meiro é que se

trata de um

tema que preo-

cupa a todos,

porque lida

com vida e sofrimento. Mais cedo ou

mais tarde, as pessoas vão usar o sis-

tema de saúde. Outro é a expectativa

do usuário em ter qualidade e dispo-

nibilidade de serviços. Mas, infeliz-

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