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JORNAL DA

ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA • AMB

- NOV/DEZ -

2008

20

O projeto de lei 4076/01, que al-

tera as regras dos planos de saúde,

deve ser aperfeiçoado, na opinião dos

participantes da audiência pública que

discutiu a proposta no dia 5 de no-

vembro, em Brasília. As comissões de

Fiscalização Financeira e Controle e

de Seguridade Social e Família ouvi-

ram representantes do governo, dos

médicos e profissionais de saúde, dos

planos de saúde e de entidades de de-

fesa do consumidor sobre o tema. Flo-

risval Meinão, 1º tesoureiro, represen-

tou a AMB no evento.

Meinão defendeu a regulamenta-

ção imediata da relação entre médi-

cos e empresas, já que não existe le-

gislação nesse sentido. Ele entende que

a Agência Nacional de Saúde Suple-

mentar ateve-se apenas no relaciona-

mento entre operadoras e pacientes.

“A lei atual necessita de altera-

ções. Deve contemplar a relação mé-

dicos-operadoras; prever critérios de

descredenciamento e criar um meca-

nismo de reajuste anual, pois há mais

de 10 anos, desde que foi editada, os

médicos não têm seus honorários rea-

justados”, defendeu Meinão.

Em sua opinião, essa falta de regula-

mentação gera desequilíbrio na relação,

prejudicandoopróprio associado, já que

o médico trabalha insatisfatoriamente,

sendoobrigado a ampliar o atendimento

para fazer frente as suas despesas. Isso

não é bom para medicina.”

“Além disso, existe ainda o fato

de que para uma mesma especialida-

de, há operadoras que pagam valores

diferentes de acordo com a região. O

que está acontecendo é que a saúde

passou a ser considerada comércio.

Sendo assim, o médico também po-

derá se sentir no direito de procurar

aqueles que melhor lhe remuneram”,

acrescenta o 1º Tesoureiro da AMB.

Planos de saúde

AMB defende mudanças nas regras

dos planos de saúde

Meinão defendeu, como forma de

impedir a exposição dos médicos à

pressão das operadoras de saúde, a

adoção do sistema de credenciamen-

to universal. Entidades de defesa do

consumidor, por sua vez, também cri-

ticaram alguns pontos da legislação,

como o reajuste por faixa etária.

Para a advogada da Associação

Brasileira de Defesa do Consumidor,

Vanessa Alves Vieira, dois pontos do

substitutivo ao projeto, aprovado em

abril pela Comissão de Seguridade,

precisam ser alterados. O primeiro é

o que prevê a necessidade de uma jun-

ta médica composta por representan-

tes da ANS, das operadoras, das soci-

edades médicas e dos usuários no caso

de necessidade de utilização de próte-

ses. O segundo ponto é a exigência

de que o usuário insatisfeito com o

plano de saúde recorra à Justiça ou à

ANS para trocar de operadora sem a

exigência de novas carências.

O próprio diretor-presidente da

ANS, Fausto Pereira do Santos, reco-

nhece que alguns pontos precisam ser

corrigidos. No caso das juntas médi-

cas, ele disse que a agência não terá

condições operacionais de implantar.

Quanto à carência, ele considerou im-

possível de ser implantada. Segundo o

presidente da ANS, a agência já apre-

sentouuma soluçãomais “factível”para

o chamado direito de mobilidade do

usuário em relação aos planos de saú-

de, atualmente em consulta pública.

O presidente da Comissão de Fis-

calização e Controle, deputado Dr.

Pinotti (DEM-SP), defendeu o equilí-

brio entre o lucro das empresas e o

interesse dos usuários. “Saúde é um

direito e não uma mercadoria”, afir-

mou. Pinotti lamentou o fato de o voto

em separado ao PL 4076/01, apresen-

tado por ele na Comissão de Seguri-

dade Social, não ter sido discutido.

Com informações da Agência

Câmara

Audiência debateu o projeto de lei 4076/01

Foto: Diógenis Santos/Agência Câmara