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Novembro

| Dezembro

2007

Jornal

da

Entrevista

-

Arlindo Chinaglia

O

que

o

presidente

da Câmara

dos

Deputados

pensa

sobre

a CBHPM

aprovada

na Câmara

e

que

agora

tramita

no Senado?

Como médico,

e

agora

presidente

da Câmara,

o

senhor

é

favorável

à

regulamentação

da

profissão

médica?

Eu

acho

que

é

um

instrumento

que

dará

racionalidade aos cálculos para

transformar a

r emune r a ç ão

do

méd i co

em

uma

remuneração minimamente

justa,

frente

aos

planos e

seguro-saúde. A CBHPM estabelece

critérios e busca

romper com uma atitude que

dura

muitos

anos:

as

seguradoras

e

os

planos

vêm mantendo

ou

aumentando

seus

lucros

e

os

profissionais

vêm

perdendo

remuneração. A

importância

da

CBHPM

é

esta,

fazer

justiça

ao

trabalho

dos

profissionais.

O

fato

de

o

projeto

ter

sido

aprovadomostra umamudança na correlação

de

forças

dentro

da Câmara. O

trabalho

de

mobilização dos médicos, a própria

greve, e o

trabalho

feito

por

nós,

deputados,

resultou

numa

aprovação

que

em

outros

momentos

não

se

conseguiria.

Eu

tive

a

felicidade

de

estar na Presidência da Câmara e, pelo poder

que a Presidência

tem, ajudar a construir essa

importante

vitória. Outro

ponto

importante,

ao

aprovar

na Câmara,

é

criar

condições

de

aprovar

no

Senado.

O

fato

de

ter

sido

aprovado

na

Câmara

permite

que

os

senadores

de

cada

bancada

possam

ser

contatados

pelos

deputados

que

votaram

a

favor.

Sou

favorável

a que haja uma divisão

clara de

responsabilidades

frente

ao

paciente.

Várias

profissões

se

desenvolveram

nas

últimas

décadas

por

meio

de

regulamentações

e

de

decisões

que

se

transformaram

em

leis.

Isso

acabou

trazendo,

para

o

trabalho

em

saúde,

outras profissões. Oque eu acho

importante na

regulamentação

é

que

ela

pode

definir

responsabilidades.

E,

assim,

não

permitir

que

haja

invasão

de

competências,

tampouco

omissões de quemquer que seja. Num trabalho

multidisciplinar,

produz-se

coisas muito

boas.

Agora, nem sempre o que se produz é o melhor

para

o

paciente.

Então,

como

o médico

é

o

responsável

primeiro

e

último

perante

o

paciente,

tem

que

estar muito

claro

a

quem

cabe

a

decisão

e

quem

responde

por

aquela

decisão.

2

Depois

de

aprovado

no Senado,

o PL

7703/06,

de

regulamentação

da

Medicina,

tramita

agora

na

Câmara.

Quais

são as perspectivas de aprova-

ção

da proposta,

aguardada

ansiosa-

mente pela classe desde 2002?

O

senhor

entende

que

este PL

enfrentará

resistência

de

outras

profissões

ligadas

ao

setor?

O papel

importantíssimo dos profissionais

médicos

para

a

qualidade

da

prestação

de

serviços de

saúde não deixa dúvida quanto

à

necessidade

de

regulamentação

do

exercício

da

Medicina.

muitos

anos

a

sociedade

brasileira

reclama

uma

definição

criteriosa

e

clara

das

atribuições

e

dos

procedimentos

submetidos

aos

profissionais

de

saúde,

especialmente

os médicos.

São mais

de

300

mil

médicos

em

atividade

no

Brasil.

Estabelecer

seu

campo

de

atuação,

oferecendo-lhes

condições

para

trabalhar

de

maneira

mais

efetiva

em

benefício

da

sociedade

é,

portanto,

tarefa

inadiável

que

cabe

à

Câmara

dos

Deputados

conduzir.

A

Câmara,

tenho

certeza,

agirá

com

toda

presteza

para

tornar

possível

a

rápida

apreciação

do

projeto

que

regulamenta

o

exercício daMedicina.

Depende do

conteúdo

e da

forma

como

é

conduzida

a

discussão.

O

que

não

se

pode

permitir

é

que

alguém

que

não

tenha

formação,

que

não

possa

responder

integralmente

pelo

paciente,

conduza

determinados

tratamentos.

Essa

é

a

questão

essencial.

Por

isso,

definir

a

responsabilidade

de

quem

responde

pelo

paciente

é

a

questão

central. E

não

dúvida

de

que

é

o médico.

Agora,

o médico

pode

e

deve

se

socorrer

do

trabalho do

farmacêutico, do

fisioterapeuta, e

de outras categorias profissionais. São pessoas

bem

formadas. Então, não cabe disputa nestas

circunstâncias. Eu acho que a condução disso

tem

de

ser

plural,

para

que

a

gente

acerte

justamente

o objetivo mais nobre do projeto,

que é a defesa do paciente.

O

contingenciamento

de

R$

5,8

bilhões

imposto pelo governo ao Ministério da Saúde

limitou o orçamento da saúde a R$ 40 bilhões.

Se

essa

restrição

vigorar

até

o

final

do

ano

certamente

implicará

o

descumprimento

da

Emenda

Constitucional

29,

uma

vez

que

colocará

as

aplicações

em

ações

e

serviços

públicos

de

saúde

abaixo

do

piso,

fixado

em

R$ 44,7 bilhões. OOrçamento aprovado pelo

Congresso

para

este

ano

prevê

R$

45,8

bilhões.

Logo,

o

máximo

que

se

poderá

contingenciar

até

o

final

do

exercício,

sem

afrontar

a

Constituição,

será

o

valor

que

excede

o

piso:

R$

1,1

bilhão.

Vale

atentar,

Quais

são

suas

considerações

sobre

o Orçamento

deste

ano

para

a

Saúde?

FOTO: AGÊNCIA CÂMARA