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MAIO/JUNHO 2010

3

MENSAGEM DO

PRESIDENTE

José Luiz Gomes do Amaral

Presidente da Associação

Médica Brasileira

Desastres

ARÇO/ABRIL

Em nosso planeta não há lugar

seguro. E confirma-se a impressão

de que os desastres tornam-se cada

vezmais frequentes. Segundodados

do

International Disaster Database

,

o número de desastres está aumen-

tando com mais velocidade. Acon-

teceram 133% mais catástrofes que

afetaram 76% mais pessoas entre

2000 e 2009 se comparados entre os

anos de 1980 a 1989. Nos primeiros

nove anos desta década ocorreram

emmédia no mundo, 484 desastres

naturais por ano. Somados, esses

acontecimentos provocaram cerca

de US$ 880 bilhões em prejuízos,

afetando 2,4 bilhões e matando

quase 800 mil seres humanos.

Os conflitos têm se multiplica-

do, sejam eles militares ou deter-

minados pela desestruturação

da sociedade civil. Não raro, a

segurança deixa de acompanhar

o desenvolvimento tecnológico e,

direta ou indiretamente, tem-se

dele decorrentes situações incon-

troláveis e tragédias de grandes

proporções. O adensamento popu-

lacional em áreas de risco faz, hoje,

incontáveis vítimas quando antes

incidentes naturais pareciam ter

impacto mais limitado.

Deixamos o século das gran-

des guerras sem otimismo, vendo

crescer as divergências e belige-

rância entre as nações. A violên-

cia civil aumenta, ultrapassando

os limites das manchas de miséria

que cobrem a periferia das grandes

cidades. Do dia-a-dia dos acidentes

de trânsito às tragédias dos gran-

des acidentes aéreos; dos surtos

epidêmicos de novas e antigas

doenças aos vazamentos das usinas

nucleares e perfurações

off-shore

;

das inundações e dos incêndios,

furacões, terremotos e

tsunamis

a deslizamentos e desabamentos,

somando-se as mudanças climáti-

cas, prevenir nem sempre é possí-

vel. Reduzir o risco, todavia, certa-

mente o é. Não resta dúvida da

importância de nos prepararmos

para a adversidade. Ainda que não

surja ela entre os que nos cercam de

imediato, atingir-nos-á mais cedo

hoje e amanhã do que ontem pode-

ríamos supô-lo. Muito mais cedo,

ainda que quiséssemos evitá-lo.

Seja qual for a natureza do

desastre, ele nos impõe obrigações

a todos, muito mais a nós médicos

que a outros. Ainda que seguran-

ça, comunicações, transporte e

tantas outras necessidades sejam

prementes, a atenção à saúde é

preocupação fundamental, haja

vista a invariável implicação que

tem os desastres na sobrevivên-

cia dos seres humanos. À medida

que nos qualificamos senão para

tratar de ameaças à vida, espera-se

de nós conselho, ação e espírito de

solidariedade, gestos intrínsecos à

arte da medicina, pronta a prestar

a ajuda necessária. Portanto, temos

de nos preparar para tanto.

Preparação é também ter recur-

sos humanos e materiais necessá-

rios no lugar e no momento exigido.

Entre os muitos mais de 300 mil

médicos hoje ativos em nosso País,

é premente classificá-los pela dispo-

nibilidade temporal e geográfica,

estratificando-os pela especialidade

e competências potencialmente úteis

em situações de catástrofe. Fazer-

lhes, em primeiro lugar, reconhecer

o risco, para que possam se proteger

e transmiti-lo aos demais. Depois,

treiná-los a atuar de forma conser-

tada com os tantos atores essenciais

e nas variadas circunstâncias que

se nos podem sobrevir. Organizar

os esforços da comunidade médica

civil em consonância com as demais

instituições de atenção à saúde, em

posição estratégica as militares.

Integrar, também solidário, nossos

esforços à comunidade médica

internacional e estarmos presentes

quando o momento surgir.

Temos diante de nós missão

extensa, difícil e complexa. Que

não se pode procrastinar, nem

deixar em segundo plano. Assume

aqui a Associação Médica Brasilei-

ra mais essa missão, a serviço da

vida, pela profissão médica.