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Emenda 29

Financiamento

Educação continuada

Só conseguiremos mais recursos com a

mobilização da sociedade. Os médicos

são um segmento extremamente

importante para isso; podem cumprir um

papel estratégico. Com a regulamentação

da Emenda Constitucional 29, teremos

mais R$ 10 bilhões no orçamento setorial.

Não será uma solução definitiva para a

questão do financiamento, mas são

recursos significativos.

Os valores da Tabela do SUS integram

uma equação que não fecha. Se não

avançarmos numa discussão sobre a

sustentabilidade financeira do sistema,

não haverá solução. Todas as demandas a

respeito de falta de recursos são legítimas

e irrefutáveis, mas hoje simplesmente não

há de onde tirar dinheiro. Nossa idéia é

fugir um pouco da tabela como

mecanismo de financiamento do SUS,

usá-la mais como referência enquanto

sistema de informações, e avançar no

orçamento global e na contratação de

serviços. Acredito que é possível

redesenhar essa engenharia. A maneira

como o Ministério repassa recursos hoje,

pagando por procedimentos sem

nenhuma cobrança de resultados, não se

sustenta.

Sug i r o um p r og r ama ous ado e

permanente, para todos os médicos

brasileiros, utilizando o que há de mais

moderno na tecnologia educacional à

distância e que trate também de temas

prioritários para o Ministério, como a

promoção da saúde. Além de atualizar-se

em conteúdos específicos, os médicos

5

Jornal da

Profissão

Agenda positiva

Saúde como patrimônio

Cliniquei durante um bom tempo, dei

plantão em pronto-socorro, sei o que é o

exercício da profissão, mas também pude

p a r t i c i p a r d o l a d o p o l í t i c o .

Historicamente, nesse País, os médicos

cumpriram um papel muito importante

na defesa de um sistema de saúde de

qualidade. Mesmo emmomentos difíceis,

durante a ditadura militar, sempre

defenderam a democracia e uma

medicina de qualidade. Todos nós

médicos devemos nos orgulhar disso.

Sem uma medicina de qualidade não

teremos um sistema público de qualidade.

Não conseguiremos qualificar o Sistema

Único de Saúde semuma parceria estreita

e absolutamente forte com os médicos.

Tenho tanta clareza disso que minha

primeira visita como ministro foi ao

Conselho Federal de Medicina (em 29 de

março). Os presidentes do CFM e da

AMB e eu começamos a definir uma

agenda muito robusta, que atenda as

expectativas dos médicos, doMinistério e

da população, que é o foco principal de

todo este esforço.

Precisamos recriar um movimento

político e cultural em defesa da medicina

e da saúde pública. A população precisa

saber da importância do SUS para sua

saúde; perceber nele um bem construído

pelos cidadãos, uma conquista da

sociedade, um direito de todos e um

patrimônio de cada um. Criticar, exigir

melhorias, mas também defendê-lo. Só

assim poderemos enfrentar o poder

econômico, os lobbies, e colocar a saúde à

frente dos interesses políticos menores.

O que pensa o novo ministro?

Maio | Junho 2007

refletiriam sobre temas fundamentais a

uma consciência em saúde mais ampla,

para que, no contato cotidiano com os

pacientes, passassem também essas

mensagens. Isso teria um enorme impacto

na redução dos danos causados pelo

tabaco e pelo álcool, por exemplo. E cada

médico saberia que as entidades e o

governo estão preocupados com a sua

formação e atualização.

Há uma cultura disseminada na

sociedade brasileira de uma tolerância

cada vez maior ao consumo irresponsável

de álcool. Os médicos podem educar seus

pacientes quanto a isso e se contrapor, por

meio das entidades, a essa epidemia que

mata 35 mil brasileiros ao ano,

considerando apenas os acidentes de

t r ân s i t o . P r oponho um g r ande

movimento em defesa da vida, que eu

chamaria de uma saudável contrapolítica

à deseducação que cotidianamente se vê

na mídia, de maneira até insultuosa para

nós médicos. A classe estaria abrindo seu

olhar para uma outra dimensão da sua

prática.

Espero que, no nosso próximo encontro,

possamos apresentar projetos, propostas

objetivas para enfrentar algumas dessas

questões que são muito macroestruturais,

n ã o d e p e n d e m s ó d a n o s s a

governabilidade ou vontade, mas de um

movimento da sociedade. Há muita coisa

que podemos fazer juntos, por isso temos

que estabelecer objetivos com clareza.

Vamos focar e trabalhar.

Álcool

Ações práticas