Maio | Junho 2007
Jornal da
Entrevista - José Gomes Temporão
Até assumir o cargo de ministro da Saúde, em
16 de março, omédico José Gomes Temporão
era secretário de Atenção à Saúde. Nascido
emMonção, norte de Portugal, o novo titular
da pasta cresceu no Rio de Janeiro e é
brasileiro naturalizado. Ingressou na vida
pública em 1991 como subsecretário
estadual de saúde de Leonel Brizola. Dez
anos mais tarde, foi subsecretário municipal
de Cesar Maia, na capital fluminense. Em
2003, assumiu a direção do Instituto
Nacional de Câncer em período de crise. De
lá, foi nomeado para a SAS, em 2005.
Temporão formou-se pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro, em 1977, fez
mestrado em Saúde Pública pela Fundação
Osvaldo Cruz e doutorado em Saúde
Coletiva pela Universidade Estadual do Rio
de Janeiro, concluído em 2002. Participou do
movimento sanitarista que criou o Sistema
Único de Saúde e já fez consultorias para a
Organização das Nações Unidas e a
Organização dos Estados Americanos. No
final do último mês abril, durante visita à
Associação Médica Brasileira, concedeu a
seguinte entrevista.
Temporão
– Esse diálogo já começou. Na
minha primeira semana à frente do
Ministério, fiz uma visita ao Conselho
Federal de Medicina, com a presença da
Associação Médica Brasileira. Naquele
momento, construímos uma agenda de
assuntos considerados fundamentais pelas
entidades médicas, como financiamento da
saúde, precarização do trabalho médico,
educação continuada dos médicos e uma
série de outros temas. Foi muito útil essa
reunião porque, na prática, começamos a
discutir o conteúdo, em linhas gerais, dessa
agenda conjunta. Eu chamaria a atenção
para o que poderia ser aproveitado de
imediato, ou seja, oMinistério apoiar o que já
existe razoavelmente desenhado e
construído, caso das políticas de educação
continuada das Sociedades de Especialidade,
imaginando transformar isso num grande
programa nacional, no qual o Ministério
O senhor afirmou que uma das suas
prioridades era abrir um diálogo
com os profissionais de saúde.
Como será e quais serão as metas?
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possa inserir conteúdo que considera
relevante do ponto de saúde pública.
Teríamos, de um lado, conteúdos específicos
de capacitação e qualificação dos
especialistas, e, em todas as áreas, o
Ministério atuando em questões transversais,
como a promoção da saúde, política de
humanização e em uma série de questões
sobre as quais consideramos obrigatório o
conhecimento de todo e qualquer médico,
não só na sua atividade profissional, como
terapeuta e cuidador, mas em sua atividade
política, no seu sindicato, na sua associação.
Temporão
– O esqueleto já está pronto. A
proposta pode ser qualificada, com a inserção
de alguns conteúdos. Vamos discutir
Como isso será realizado?
mecanismos tecnológicos, porque a
educação à distância se dará por meio de
internet. Pode ser também por CD-Rom
enviado para a casa do próprio médico.
Discutiremos a base tecnológica, a questão
do financiamento e depois uma estrutura
para operacionalização. Mas não vejo
nenhuma dificuldade intransponível nisso.
Temporão
– Essa questão será superada
rapidamente, até porque o novo plano de
educação do MEC inclui a digitalização e o
Considerando a dificuldade de
acesso a internet em banda larga
pelos médicos do Norte e Nordeste,
principalmente, há outras
possibilidades de plataforma
tecnológica?
FOTO: CÉSAR TEIXEIRA