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Com a participação de representantes do

Brasil, Argentina, Bolívia, Panamá,

Uruguai e Venezuela, a Assembléia

Geral Extraordinária da Confederação

Médica Latino-americana e do Caribe

(Confemel), realizada de 25 a 27 de abril,

na sede da AMB, em São Paulo, teve

como tema central a crescente atuação

ilegal, nesses países, de médicos

formados no exterior sem diploma

revalidado.

Cada país tem a sua própria legislação

relativa ao reconhecimento de diplomas

estrangeiros, e a Confemel defende que a

revalidação ocorra nas universidades,

com base em aspectos científicos e

éticos. No entanto, os governos da região

têm incentivado, e até mesmo

patrocinado, em alguns casos, a atuação

de médicos estrangeiros, principalmente

cubanos, sem que passem por este

processo.

O presidente da Confemel, Marco

Antônio Becker, destacou que faltam

políticas governamentais que garantam

a adequada distribuição de médicos,

como um plano de carreira instituindo

remuneração ética, gratificações por

tempo de serviço, pela atuação em locais

de difícil acesso e incentivo a educação

continuada. “Também são fundamentais

condições mínimas de trabalho, entre as

q u a i s i n s t a l a ç õ e s a d e q u a d a s ,

medicamentos e equipamentos”.

Becker ressaltou que o mais grave é que,

por não serem registrados nos

Conselhos, seu exercício profissional não

pode ser fiscalizado, o que expõe a

p o p u l a ç ã o a t e n d i d a a d a n o s

irreversíveis. “É inaceitável que os

pacientes mais pobres, que dependem do

sistema público, sejam assistidos por

pessoas inabilitadas, de formação

duvidosa”.

Jornal da

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Médicos irregulares ‘invadem’

a América Latina

Exportação de médicos

Dias antes do início da Assembléia da

Confemel, Hugo Chávez, presidente da

Venezuela, inaugurava uma Escola

Latino-americana de Medicina nos

mesmos moldes da Elam cubana, onde já

estudam 600 brasileiros. A maior parte

dos alunos da nova escola são da Bolívia

(123) e do Brasil (58), sendo 280 o

número total. Com isso, estima-se que,

nos próximos dez anos, Havana e

Caracas possam “exportar” 205 mil

médicos.

Durante os debates comentou-se que

muitos médicos já atuam na América do

Sul, e que no Norte do Brasil os governos

pagariam uma “taxa de aluguel” de U$

1.000 por cabeça (de médico)

diretamente a Fidel Castro. Já os

médicos venezuelanos ganham U$ 300

por mês, enquanto os cubanos que lá

atuam recebem U$ 1,2 mil. “Trata-se de

uma clara tentativa de desqualificar os

médicos nacionais”, diz Rubén Gallo,

secretário da Federação Médica

Venezuelana. Ainda na Venezuela, por

meio de “ações de fiscalização”, o

governo ameaça estatizar as clínicas

privadas, que cobrem o vazio deixado

pelo poder público na assistência à

população pela falta de recursos nos

hospitais, assunto que gerou uma

resolução de apoio aos médicos

venezuelanos.

Outro assunto abordado foi a greve de

residentes de Honduras por conta de um

acordo entre seu país e Cuba que

possibilitou o ingresso em diferentes

hospitais de 300 hondurenhos formados

na ilha sem diploma reconhecido. O

apoio de especialistas e professores ao

protesto impossibilitou a participação do

presidente do Colégio Médico de

Honduras, Carlos Godoy Mejía, na

Assembléia da Confemel, da qual é vice-

presidente.

Confemel

Maio | Junho 2007

FOTO: CÉSAR TEIXEIRA

Marco Antônio Becker, Presidente da Confemel, conduziu os trabalhos durante a Assembléia Geral na AMB