Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  11 / 16 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 11 / 16 Next Page
Page Background

JAMB

MAIO/JUNHODE 2001

11

Residentes voltam a se manisfestar

Uma matéria publicada no

Jamb, edição setembro/outubro

de 2000, intitulada ‘Residentes

exigem valorização’, apresentou

a insatisfação dos médicos resi-

dentes e os planos da ‘Campa-

nha Nacional pela Valorização da

Residência Médica’, organizada

pela Associação Nacional de Re-

sidência Médica.

Na época, eles reivindicavam

o cumprimento da Lei de Resi-

dência Médica no que diz respei-

to a moradia e alimentação; rea-

juste de bolsa salarial, há seis

anos estipulada em R$ 1.090,00

mensais; respeito à carga horá-

ria de 60 horas semanais e pre-

sença constante de um prece-

ptor especialista com a função

de orientar o recém-formado.

Aproximadamente sete

meses depois, no final de

maio deste ano, os médicos

residentes voltaram a se ma-

nifestar, lutando pelas mes-

mas reivindicações. O movi-

mento foi organizado em to-

dos os estados, com a para-

lização de 80% da categoria

em várias cidades brasileiras,

segundo o primeiro-secretá-

rio da ANMR, Fausto Carvalho.

“Estamos tentando uma au-

diência com o ministro Paulo

Renato para tentar resolver

essa situação”, conta ele.

Em São Paulo, cerca de 400

médicos promoveram um ato

público com uma caminhada

de protesto na avenida Paulista.

Legislação arcaica

Grande parte das reivindica-

ções dos residentes já poderia

união das entidades

médicas de Brasília

conquistou uma im-

portante vitória contra os pla-

nos de saúde: no último dia 16

de março, os hospitais parti-

culares de Brasília reiniciaram

o atendimento médico a todos

os convênios que fazem parte

do Comitê de Integração de

Entidades Fechadas de Assis-

tência à Saúde (Ciefas), após

o realinhamento dos valores

pagos aos médicos e às uni-

dades de saúde.

O Ciefas concordou em re-

visar sua tabela e atualizar o

valor da consulta de R$ 23,64

para R$ 30,00. Nos últimos

Médicos de Brasília

conquistam reajuste

meses, as diversas entidades

médicas representativas de

classe decidiram se unir para

boicotar o atendimento aos

Planos de Saúde em virtude

da grande defasagem nos va-

lores de referência, há mais

de seis anos sem reajuste. O

movimento contou com a

participação da Associação

Médica de Brasília, Sindicato

Brasiliense de Hospitais, Sin-

dicato dos Médicos-DF, Asso-

ciação dos Médicos dos Hos-

pitais Privados do Distrito Fe-

deral e Associação Médica de

Assistência Integrada, e teve

a adesão da maioria dos mé-

dicos da cidade.

“A enorme integração exis-

tente entre as entidades médi-

cas de Brasília foi decisiva nes-

ta luta contra o Ciefas. Em al-

guns procedimentos nossa

conquista chegou a atingir

45% de reajuste”, explica

Ranon Domingues, presiden-

te da Associação Médica de

Brasília.

Neste caso específico, cer-

ca de 300 mil beneficiários ti-

veram o atendimento prejudi-

cado, sendo obrigados a co-

brar dos planos de saúde o res-

sarcimento dos atendimentos

pagos durante este período

em que o movimento das enti-

dades médicas foi realizado.

ter sido solucionada se a legis-

lação do setor tivesse sido atua-

lizada. Desde 1983, portanto há

18 anos, não são editadas no-

vas resoluções incorporando as

inovações na carreira do médi-

co. Pensando nisso, a Comissão

Nacional de Residência Médica

esteve reunida em meados de

março com 35 Sociedades de

Especialidade buscando suges-

tões para regulamentar o setor.

Este mês, os membros da Co-

missão estarão reunidos para

votação em das propostas

apresentadas pelas Especiali-

dades. “Com certeza novas re-

soluções serão aprovadas nes-

ta plenária”, afirma Juvêncio

Duailib, representante da AMB

na Comissão Nacional de Re-

sidência Médica.

A implantação do Managed Care na América Latina é uma estratégia

elaboradahámais deumadécada, e seusmotivos sãodenaturezaeconômi-

ca. Promover a competição de mercado, no Sistema de Saúde aos planos

privados, através da privatização em todos os níveis, foi uma exigência do

FundoMonetário Internacional, emtrocade financiamentos dos débitos dos

países endividados

1

. Aestratégiautilizadapelas corporaçõesmultinacionais,

segundo Stocker e colaboradores, foi a compra de planos de saúde locais,

estabelecendouma rede demédicos, laboratórios e hospitais. Compartilhar

os riscos commédicos e hospitais, enfatizando a diminuição do tempo de

internação, limitando o pagamento de honoráriosmédicos, e restringindo o

acessoaos especialistas, amenos queos pacientes assumamumapartedos

custos como tratamento

2

. Na América Latina, amaioria das Organizações

deManaged Care tempouca atuação na prevenção de doenças, e a utiliza-

ção daMedicina Baseada emEvidências. Estas empresas agemnoMerca-

do objetivando o lucro, com limitação do custo da assistência. Outromotivo

que levou estas empresas a exportar estemodelo para América Latina foi

a perspectiva da diminuição do lucro nos Estados Unidos

1

.

Uma das primeiras empresas a implantar estemodelo emnosso país foi

a Seguradora Bradesco, em Joinvile. Atualmente, como era de se esperar,

estemodelo começou a entrar emcrise. Segurados de duas empresas con-

tratadas pela Seguradora, que, no inícioda implantaçãodo Sistema, quando

necessitavam de assistência médica, eram obrigados a procurar nos Cen-

tros Médicos Referenciados, sob pena de arcar com80% da consulta. Isto

era uma agressão a relação médico-paciente. Hoje a maioria dos usuári-

os, quando optampela livre escolha, arcamcom somente 40% da consul-

ta. Esta é uma forma de interferir na escolha do paciente pelo médico.

Segundo o presidente da ABRAMGE, nos Estados Unidos o custo dos

procedimentos padronizado por meio do Managed Care possibilitou um

acordo geral entre as operadoras de planos de saúde, hospitais e entidades

médicas, em relação ao número de consultas, exames e internações ne-

cessárias para cada caso. Na opinião dele, só tendo omédico como parcei-

ro da empresa pode se estabelecer umsistema de custo compatível

3

. Infe-

lizmente discordamos deste posicionamento. Não houve umacordo, e sim

uma imposição das HMOS, que com intuito do lucro fácil, interferiramna

qualidade do atendimento, sembaixar o custo, pelo contrário, a inflação no

segmento de saúde nos EUA encontra-se em torno de 6% ao ano.

Uma forma clara de implantação do Managed Care, com a participa-

ção do Médico Porteiro, ocorreu em Petrópolis, RJ, no ano passado. Um

plano de saúde credenciou a empresa “TOTAL CARE” coma finalidade de

centralizar o atendimentomédico de seus usuários, impedindo o acesso

dos pacientes aos especialistas. Uma ação coordenada das entidades

médicas do estado, tendo a frente o CREMERJ, e com a participação do

Ministério Público, impediram seu funcionamento, tendo a licença desta

empresa negada pela Vigilância Sanitária.

Recentemente, o CREMERJ, considerando que formas antiéticas de

controle do trabalho médico e de serviço inviabilizam a prática da medi-

cina de acordo com seus princípios fundamentais e considerando que a

livre escolha domédico pelo paciente não pode ser impedida por nenhu-

ma disposição regulamentar ou estatutária, salvo se prevista em Lei e

ainda que estas práticas atinjama população como um todo, comprome-

tendo a saúde dos usuários, publicou a resolução nº 152/00, proibindo o

médico, sob qualquer forma, oumeio, limitar a livre escolha de profissio-

nais e serviços, clínicas ou hospitais por parte do paciente de acordo com

o seu direito. Estende a resolução aos diretores técnicos das empresas e,

desta forma, tenta coibir no Rio de Janeiro esta prática desumana de obter

lucro em detrimento da qualidade da assistência médica.

O descredenciamento do médico, sem justificativa, é outra forma do

gerenciamento do sistema de saúde. Várias empresas têm se utilizado

desta prática com intuito demanter ummaior controle sobre os médicos,

que permaneceremcredenciados. A Associação Baiana de Medicina, em

7 de Maio de 2001, publicou uma “Carta Aberta ao Ministério Público”,

denunciando a Sul América por desrespeitar a resolução do CFM 1616/

2001, que penaliza os diretores médicos das empresas que, sem justifica-

tiva, descredenciarammédicos.

Não poderíamos deixar a Agência Nacional de Saúde Suplementar de

fora, pois através da resolução 68, regulamentando a lei 9656, e utilizando

o argumento inexistente de doença preexistente, suspendeu o atendimen-

to por dois anos de 324 procedimentos ditos de alta complexidade. Causa-

nos estranheza que a ANS, que deveria proteger os usuários, facilitou as

operadoras de planos de saúde. Esta forma de regulamentação da Agên-

cia é tambémuma forma de Managed Care. É preciso que a ANS, em vez

de se preocupar com a saúde financeira das operadoras, se preocupe

com a qualidade do atendimento, o descredenciamento de médicos e

serviços, pois a lei que a criou já previa esta atuação.

Eduardo da SilvaVaz

Diretor de Defesa Profissional da AMB

1. Stocker K, Waitzkin H, Iriart C. The exportation of Managed Care to Latin

America. N Engl J Med 1999; 340: 1131-1136.

2. Pérez-Stable EJ. Managed Care arrives in Latin America. N Engl J Med

1999; 340:1110-1112.

3. Jornal Estado de São Paulo, 27 de Maio 2001, A 17

I

MPLANTAÇÃO

DO

M

ANAGED

C

ARE

NO

B

RASIL

Defesa Profissional

Congresso da

SBAC será em

Santa Catarina

A Sociedade Brasileira de

Análises Clínicas - SBAC ele-

geu a cidade de Florianópolis

para sediar o XXVIII Congres-

so Brasileiro de Análises Clíni-

cas e XV Congresso Latino-

americano de Bioquímica Clí-

nica, que serão realizados de

1 a 5 de julho.

A SBAC prevê a participa-

ção de 4 mil pessoas nos even-

tos. Informações mais deta-

lhadas sobre os Congressos

poderão ser obtidas direta-

mente na sede da SBAC pelo

tel. (21) 234.2053/4881. As ins-

crições também poderão ser

feitas

pela

Internet,

acessando

www.cbac.org.br

.

Análises Clínicas

Planos de Saúde

Anestesiologia

Coordenador

médico agora é

obrigatório

A partir de agora todo plano

de saúde é obrigado a contar

com um

Coordenador Médico

de Informações em Saúde

devi-

damente registrado no CRM. A

decisão é da Agência Nacional

de Saúde Suplementar (ANS),

que publicou no dia 10 de abril

a Resolução nº. 64, obrigando

os planos de saúde a designa-

rem médico responsável pelo

fluxo de informações relativas à

assistência médica prestada aos

usuários e consumidores. De

acordo com a lei dos planos

de saúde, as operadoras são

obrigadas a fornecer à ANS in-

formações sobre a assistência

prestada a seus usuários.

Pernambuco

sedia o 48º

Brasileiro

Está marcado para o perío-

do de 17 a 21 de novembro,

em Recife-PE, a realização do

48º Congresso Brasileiro de

Anestesiologia, promovido pe-

la Sociedade Brasileira de

Anestesiologia. A programação

científica já está definida e con-

tará com Conferências, mini-

conferências temáticas e inte-

rativas, mesas redondas com

12 temas, painéis, sessão de

prós e contras, discussão de

casos clínicos, encontro com

especialistas, etc. O programa

detalhado pode ser consulta-

do na Internet:

www.saepe.

org.br, e outras informações

pelo tel. (21) 537.8100.