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JULHO/AGOSTO 2012

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entrevista

NulvioLermen Junior

Foto: Divulgação

Formado em medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina,

especializou-se em Saúde da Família pela Universidade de Pernambuco.

Foi coordenador de Saúde da Família do município do Rio de Janeiro,

de 2007 a 2011, e de Gestão da Atenção Básica do Ministério da Saúde,

entre 2007 e 2011. No mês de julho, assumiu a presidência da Sociedade

Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) e concedeu

esta entrevista ao Jamb.

JULHO/AGOSTO 2012

Quais são as principais metas

durante sua gestão?

Nulvio Lermen Junior

– A SBMFC

trabalha hoje em diversas frentes.

Pensando em um âmbito geral, a meta

principal sempre deve ser o fortale-

cimento da Medicina de Família e

Comunidade (MFC) no país. Para isso,

deveremos trabalhar em alguns eixos

com suas respectivas atividades: Polí-

tico – Garantir a representatividade da

especialidade junto aos pares e junto

às entidades que desempenham ações

relevantes para os nossos associados;

Administrativo – Ampliar a base de

associados e expandir o número de

associações estaduais; Projetos Estra-

tégicos – Ampliar a produção de mate-

riais científicos e apoiar as ações para

a expansão do número de especialistas

em MFC no Brasil (residência e titula-

ção); Comunicação – Ampliar as ações

que busquem a divulgação e valoriza-

ção da especialidade; Eventos – Reali-

zar com qualidade os eventos previstos

para o período (Congresso Brasileiro

de MFC em Belém no ano de 2013 e o

CongressoMundial de Medicina Rural

emGramado no ano de 2014).

Quais os principais problemas

enfrentados pela especialidade hoje

no país?

Nulvio Lermen Junior

– Passamos

por um período de grandes avanços

para a especialidade nos últimos dez

anos, sentido em diversos setores, como

na academia, na gestão e principalmen-

te nos serviços de atenção primária

à saúde. Paradoxalmente, ao mesmo

tempo, trouxe consigo também o prin-

cipal problema, pois pela necessidade

imposta pelo mercado abriu-se espaço

para que profissionais sem a formação

na área atuassem na Atenção Primária

à Saúde (APS). Essa foi uma decisão

acertada naquela altura, mas hoje, com

o desenvolvimento da especialidade no

Brasil e com a diminuição do ritmo de

crescimento da Estratégia de Saúde da

Família, cremos que seja necessária uma

diretriz governamental que valorize o

médico de Família e Comunidade como

o especialista mais indicado para atuar

na APS, a exemplo do que ocorre nos

países em que a APS é a organizadora

do sistema de saúde.

A atual qualificação do programa

de residência emMF é satisfatória?

Nulvio Lermen Junior

– O grande

problema que enfrentamos no campo

da residência médica em Medicina

de Família e Comunidade hoje não

é a qualificação dos programas, que

na sua grande maioria são mais do

que adequados, mas sim a ocupação

de parte das vagas existentes em boa

parte destes programas. Essa dificul-

dade advém do problema já citado da

falta de uma diretriz clara que aponte

que o médico que se especializar na

área será valorizado por isso. Hoje,

com exceções de cidades como o Rio

de Janeiro e Florianópolis, o médico

que tem especialização em MFC acaba

recebendo o mesmo que outro médico

sem especialização para atuar na aten-

ção primária do município, o que leva

muitos recém-formados a entrarem no

mercado de trabalho sem a formação

desejada. Por isso a SBMFC defende

que é necessária uma diretriz nacional

visando corrigir essa situação.

Como podemos situar a MFC

brasileira em nível mundial? Encon-

tra-se suficientemente desenvolvida?

Nulvio Lermen Junior

– Hoje a

MFC brasileira tem sido vista com

grande interesse por toda a comunidade

internacional de médicos de Família, o

que nos habilitou a assinar acordos de

cooperação internacional com socie-

dades de medicina familiar de países

como a Espanha e Portugal, e aomesmo

tempo nos propiciou a possibilidade

de sediar os dois maiores eventos da

Medicina Familiar em nível global nos

próximos quatro anos: o Congresso

Mundial de Medicina Rural, em 2014,

e o Congresso Mundial de Medicina de

Familiar, em 2016. Sendo assim, penso

que como fruto do esforço das gestões

anteriores da Sociedade, estamos

trilhando o caminho que nos colocará

num curto prazo dentre os países mais

desenvolvidos na especialidade.

Gostaria de acrescentar alguma

ação a ser desenvolvida pela entidade

ou uma mensagem aos associados?

Nulvio Lermen Junior

– Para que

possamos exercer as nossas ações com

maior representatividade e fortalecer a

nossa especialidade, é essencial contar-

mos com a participação de todos. Para

isso convidamos os médicos que aten-

dam em equipes de Saúde da Família

por todo o Brasil ou que trabalhem em

serviços de Atenção Primária à Saúde

a conhecerem a nossa especialidade

através de nosso site

(www.sbmfc.org

.

br) e a se associarem para que, além

de fortalecer a especialidade, possam

desfrutar das vantagens que podemos

propiciar aos nossos associados.