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JULHO/AGOSTO 2012

Governo autoriza a abertura de

2.415 novas vagas em medicina

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anun-

ciou que pretende criar 2.415 vagas de medicina em

universidades federais e particulares. Até o fim de 2013,

o Ministério quer garantir 1.615 novas vagas em institui-

ções públicas, sendo 355 nos cursos já existentes e 1.260

em novos, sendo as privadas responsáveis por 800 postos.

Hoje o Brasil conta com 16.468 vagas em medicina, e as

novas medidas representam crescimento de 15%.

O plano do MEC para ampliar a formação de mais

médicos no país visa combater dados divulgados pela Orga-

nização Mundial de Saúde (OMS) dando conta que o Brasil

tem hoje 1,8 médicos por mil habitantes. A ideia do governo

é elevar esse número para 2,5 médicos por mil habitantes

até o ano de 2020. Para atingir essa meta, o MEC deverá

contratar mais 1.618 docentes nos próximos meses e inves-

tir cerca de R$ 400 milhões nos campus federais.

Segundo Mercadante, o MEC ainda está recebendo

propostas de universidades estaduais, federais e particula-

res e isso deve ampliar ainda mais o número de postos para

a disciplina. Segundo o ministro, a expansão vai priorizar

regiões como Norte e Nordeste, que têm carência de profis-

sionais. Atualmente, o Distrito Federal, com 3,7, é a unida-

de da Federação com o maior índice de médicos por mil

habitantes. Nas últimas posições do ranking da OMS estão

Rondônia, Amapá, Piauí, Acre, Pará e Maranhão, que apre-

sentam números abaixo de ummédico por mil habitantes.

As 2.415 novas vagas estão assim distribuídas:

São Paulo

(220 em instituições privadas);

Minas Gerais

(220 em fede-

rais e 240 em instituições privadas);

Região Sul

(40 em fede-

rais e 60 em instituições privadas);

Região Centro-Oeste

ESCOLAS

MÉDICAS

(270 em federais);

Região Nordeste

(775 em federais e 280

em instituições privadas);

Região Norte

(310 em federais).

Projeção

Ao contrário do que pretende o governo, a abertura de

novos cursos e vagas de Medicina poderá acirrar a desi-

gualdade na distribuição desses profissionais pelo terri-

tório nacional e aumentar a sua concentração no setor

privado. Estas são algumas das conclusões da projeção

“Concentração de Médicos no Brasil em 2020”, elabora-

da em parceria pelo Conselho Federal de Medicina (CFM)

e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São

Paulo (Cremesp).

A conclusão do estudo é de que a abertura de novas

vagas não é necessária para que se atinja a meta considera-

da ideal pelo governo federal (2,5/1.000). Em 2020, mesmo

sem novas vagas em cursos de Medicina, a projeção é de

que existirão 455.892 médicos no Brasil. Considerando-se

que em oito anos o país terá uma população de 207.143.243

pessoas, a razão será de 2,20 médicos por 1.000 habitan-

tes. De acordo com a projeção, em 2020 três estados terão

mais que três médicos por 1.000 habitantes: Distrito Fede-

ral (5,54), Rio de Janeiro (4,44) e São Paulo (3,31). Oito

estados estarão acima do índice de 2,5 médicos por 1.000

habitantes, a meta estipulada pelo governo. Tudo isso sem

a necessidade de abertura de novas vagas.

Em 2020, com ou sem novas vagas, mas num cenário

de falta de políticas que garantam a fixação de médicos,

o país manterá os vazios de cobertura no Nordeste e no

Norte e uma alta densidade de profissionais no Sul e no

Sudeste e em alguns estados do Centro-Oeste. Em quatro

capitais, dentre aquelas selecionadas para a projeção (o

estudo não projetou para todas as capitais), a concentra-

ção em 2020 será maior que 6 médicos por 1.000 habitan-

tes: Vitória (17,85), Porto Alegre (12,19), Belo Horizonte

(9,85) e Rio de Janeiro (8,77). O fenômeno atingirá até

mesmo cidades de médio porte. Alguns exemplos de alta

concentração serão Botucatu (11,06), Ribeirão Preto (7,21)

e Campinas (6,43), as três no interior paulista, seguidas de

Pelotas (RS), com 5,23, e Criciúma (SC), com taxa de 4,47

médicos por 1.000 habitantes.

A Associação Médica Brasileira, a Associação Paulis-

ta de Medicina e Conselho Regional de Medicina de São

Paulo divulgaram nota oficial repudiando a intenção do

MEC em criar mais milhares de vagas em cursos de medi-

cina (veja em

www.amb.org.br)

.