JANEIRO/FEVEREIRO 2009
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Coluna
do sócio
Carta aoministroda
Fazenda
Tenho consciência de que dificilmente esta carta chegará a vossas mãos face à intensa,
importantíssima e exaustiva atividade desenvolvida por V.S. Mas, inspirado no fato de que somos
formados pela mesma Universidade de São Paulo e no democrata Barack Hussein Obama, que
prometeu governar os Estados Unidos ouvindo o clamor das ruas, tomo a liberdade de colocá-lo a
par da realidade atroz que a maioria da população médica brasileira vem passando.
Sou médico ortopedista, tenho 65 anos e há 32 anos concilio a minha atividade profissional com
a de administrador da clínica onde trabalho em torno de 12 horas por dia, incessantemente, no
limite de minhas forças e ainda dando graças a Deus porque trabalho é o que não falta.
Muito tempo antes deste “tsunami” econômico que vem assombrando o mundo, um outro
pesadelo “tupiniquim” tem gerado ansiedade, preocupação e muitas vezes o terror de chegarmos
ao fim do mês sem o numerário suficiente para honrarmos compromissos assumidos no âmbito
profissional.
Já apertamos o cinto de todas as formas, já cortamos as gorduras possíveis, mas o pesadelo
continua. O problema não é isolado, ao contrário, está cada vez mais difícil administrarmos nos-
sas clínicas e, diante destes fatos, muitos colegas estão vendendo seus consultórios ou simplesmen-
te encerrando suas atividades, retirando do mercado inúmeros postos de trabalho da economia
formal. Isso pode ser confirmado por meio das diversas publicações dos órgãos de classe.
Seria mais fácil abandonar o barco e viver minha aposentadoria sem dores de cabeça, mas eu
amo a minha profissão, uma das mais dignas, mas também umas das mais estressantes, e vou lutar
por ela até o fim das minhas forças.
A realidade é que a maioria dos nossos clientes é formada por usuários de planos de saúde.
A concorrência e o próprio custo da medicina moderna não permitiram que os nossos honorários
fossem reajustados baseados, pelo menos, nos índices de inflação.
Já os nossos fornecedores de materiais de consumo, impostos e demais encargos têm seus
valores regularmente reajustados de forma que estamos chegando ao ponto de ruptura, ou seja,
a despesa vai ficar maior que a receita. Não são raras as vezes que, no final de cada mês, somos
obrigados a fazer mágicas para honrarmos os nossos compromissos. É tremendamente frustrante
nos empenharmos com denodo e não vermos nosso trabalho gerar frutos.
Pertenço a todos os órgãos de classe relacionados comaminha profissão, mas cansei de observar
o discurso não se transformar em realidade. Por estes motivos, apelo a V.S. e a sua valorosa equipe
técnica para que façam uma revisão na pesada carga tributária que incide sobre a classe médi-
ca. Constituímos microempresas, mas não temos direito a nenhum tipo de incentivo fiscal ou
privilégio que contemplam as demais atividades e discriminam as clínicas médicas.
Tenho certeza que, baseado na forma correta e segura com a qual V.S. vem conduzindo os
destinos da economia brasileira, a minha reivindicação será estudada e, se Deus quiser, atendida.
Atenciosamente,
Olivo Costa Dias
CRM 22270