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JAMB - JAN/FEV - 2007
Entrevista
Aos 18 anos, ele saiu de Ipassu,
município de 13 mil habitantes no interior
de São Paulo.Aos 53, José Osmar Medina
Pestana ultrapassou a marca de 6 mil
transplantes na capital e em outras partes
do mundo.
Graduado pela Escola Paulista de
Medicina, atual Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp), em 1979, dez anos
depois concluía o pós-doutorado em
Oxford, Inglaterra. Há dois anos, recebeu
das mãos de seu orientador, Peter Morris,
o título de
fellow honorary do Royal
College of Surgeons of England.
Professor titular da Disciplina de
Nefrologia da Unifesp, dirigiu o Hospital
São Paulo de 1993 a 1999. Presidiu a
Associação Brasileira de Transplantes
de Órgãos de 2001 a 2003, entidade
que completou 20 anos em dezembro e
na qual continua como presidente do
Conselho Consultivo.
Em meio aos 15 transplantes por
semana, ainda preside a Sociedade
Latino-americana de Transplantes, é
delegado da AMB e suplente da
Comissão de Transplantes de Órgãos e
Tecidos desde 2003.
Nesta entrevista ao
Jamb
, analisa o
desenvolvimento da área no Brasil, com
11 mil transplantes anuais, atrás apenas
dos Estados Unidos.
Qual a sua avaliação sobre a política
de transplantes no Brasil?
Me d i na –
E s t á mu i t o b em
equacionada no setor público de
saúde. O sistema nacional de trans-
plantes é coordenado pelo Minis-
tério da Saúde, em Brasília, e cada
Estado tem uma central de capta-
ção, notificação e registro dos po-
tenciais doadores e dos receptores
também. É organizado por filas úni-
cas regionais para todos os órgãos.
Toda s a s pe s soa s t êm o me smo
acesso, independente de sua capa-
cidade econômica, financeira ou
cultural.
O processo de captação de órgãos é
eficiente?
Medina –
Essa é uma limitação. OPaís
tem um modelo na área de transplantes
muito bem planejado, mas estendê-lo a
toda a sociedade é um pouco mais difícil.
Nos Estados de São Paulo, Rio Grande
do Sul e Paraná, o sistema já faz parte da
cultura da população, tanto entre os mé-
dicos e outros profissionais de saúde
quanto entre os leigos. Todo mundo co-
nhece alguém que se beneficiou de um
transplante e fica mais fácil abordar a fa-
mília. Em outros Estados, este conceito
está menos estabelecido. No Amazonas,
não há transplante com doador cadáver.
Ainda não estão difundidos naquela so-
ciedade os conceitos de morte encefálica
e de que a doação após a morte beneficia
outras pessoas.
Então ainda hámuito amelhorar?
Medina –
Com certeza, mesmo nas
regiões mais desenvolvidas. Em São
Paulo, utilizamos somente um de cada
seis potenciais doadores, porque ocorre
atraso na notificação, quando chega a
ser feita. Para corrigir isso, estão sendo
orgulho da medicina nacional
Transplantes de órgãos
Foto: Camila Kaseker