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JAMB - JAN/FEV - 2007

Da prática à teoria

Há muito vivemos a constrange-

dora situação de ter de responder à

pergunta: “Quem representa vocês,

os médicos brasileiros?”

Seria o Conselho Federal de Medi-

cina, que fiscaliza o exercício profissio-

nal, define os limites éticos da prática e

registra todos os médicos ativos? Seria

a Associação Médica Brasileira, soci-

edade civil independente e de filiação

voluntária, destinada à defesa da medi-

cina e do médico? Seria a Federação

Nacional dos Médicos, que congrega

os sindicatos da categoria, ungidos pela

lei para representar este segmento pro-

fissional em suas relações trabalhistas?

Diga-se, de passagem, que esta

pergunta tem não raramente escon-

dido intenções inconfessáveis: desva-

lorizar, como circunstancialmente

convier, esta ou aquela representação

e, ao mesmo tempo, fingir respeitar a

classe como um todo.

Fazendo-o, têm-nos “esquecido”

vários, governantes e seus esbirros,

gestores públicos e empresários do

setor privado. Enfim, muitos têm

apostado na descaracterização da

medicina.

De outra parte, assistimos no pas-

sado, de nossas entidades maiores,

ações isoladas, falhas de comunicação,

chegando a atitudes francamente

antagônicas. Isto nos trouxe desgaste

à imagem da classe, comprometendo

nosso prestígio e peso político.

Assinala a maturidade de nossas

instituições o passo firme dado por

Eleuses Paiva e Edson Andrade,

assumindo a publicação conjunta

do Jamb-Medicina e inaugurando um

ciclo de ações conjuntas, que se

perpetua nas políticas recentes da

AMB e CFM. Daquele histórico

momento até hoje, todos os assun-

tos que nos concernem, aos médi-

cos e à medicina, têm sido tratados

como se fôramos a “Ordem dos

Médicos do Brasil”.

Sem preocupações com a estru-

tura jurídica, partimos diretamente

para a prática e os resultados, como

esperado, não se fizeram tardar: de

um clima de animosidade, passamos

à parceria com a sociedade brasilei-

ra; depois de mais de 10 anos sem

qualquer reajuste no setor suplemen-

tar de saúde, a campanha pela

CBHPM, ainda que distante

do termo, já nos trouxe

significante progresso; temos

hoje participação intensa na Câmara

e no Senado; integramo-nos com os

médicos de outros países, sentamo-

nos no Conselho da Associação

Médica Mundial, temos a presidência

da Confederação Médica Latino

Americana e do Caribe, e fundamos

a Comunidade Médica de Língua

Portuguesa; a reforma das Especia-

lidades Médicas, a criação das áreas

de atuação, a acreditação de eventos

científicos e a atualização dos títulos

de especialistas, juntamente com os

programas de educação continuada

à distância, vêm melhor qualificando

os médicos brasileiros e assim con-

tribuindo para uma melhor assis-

tência à nossa população. As conquis-

tadas citadas são apenas alguns

exemplos dos resultados já obtidos,

mas há muitos outros a alcançar.

Nossas Associações Médicas,

Conselhos e Sindicatos têm na sua

forma atual grandes qualidades a

serem preservadas. Uni-los formal-

mente sem criar-lhes entraves ou

reduzir-lhes as valências é uma tare-

fa complexa, não resta a menor dúvi-

da. Entretanto, sobretudo para quem

detém a experiência de vários anos

de prática, isso está longe de ser um

obstáculo real.

Assim, se nos parece prematuro

optar por este ou aquele modelo de

organização, é mais que oportuno dis-

cuti-los em extensão e profundidade.

Com o envolvimento de todos os mé-

dicos. Faz-se necessário, portanto,

sem açodamento, porém com firme-

za, definir e formalizar a estrutura de

representação médica. De sorte que

não haja brechas para retrocesso.

Temos dificuldades de sobra para

desperdiçar esforços.

Não temos nem tempo, nem

espaço para erros.

e d i t o r i a l

José Luiz G. do Amaral

Presidente da AMB