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JAMB

JANEIRO/FEVEREIRO DE 2003

2

DIRETORIA

P

RESIDENTE

Eleuses Vieira de Paiva

D

IRETOR

R

ESPONSÁVEL

Horácio José Ramalho

E

DITOR

E

XECUTIVO

César Teixeira (Mtb 12.315)

D

IAGRAMAÇÃO

, E

DITORAÇÃO

E

A

RTE

Sollo Comunicação

P

UBLICIDADE

Américo Moreira Publicações

D

EPARTAMENTO

C

OMERCIAL

Fone (11) 3266-6800

T

IRAGEM

: 60.000 exemplares

P

ERIODICIDADE

: Bimestral

F

OTOLITO

:

B

UREAU

O

ESP

Encontro

profícuo

os primeiros dias do ano as direto-

rias executivas da AMB e do

Conselho Federal de Medicina se

reuniram em São Paulo para definir uma

agenda comum de atuação para 2003. Nes-

te profícuo encontro, as duas entidades mé-

dicas nacionais definiram além da agenda

comum, estratégias para implantação das

várias ações elencadas.

Afora as áreas de atuação, decidiu-se ain-

da por pontos que terão total prioridade de

trabalho por parte das entidades: o primei-

ro é o fortalecimento de ações no sentido

de impedir a abertura de escolas médicas

sem critérios mínimos, cujo projeto de lei

apresentado pelas entidades médicas na-

cionais visando normatizar o setor já se en-

contra na Câmara dos Deputados. Nesse

contexto, insere-se também a questão da

participação e continuidade de ambas as en-

tidades na Comissão Interinstitucional Na-

cional de Avaliação do Ensino Médico -

Cinaem.

Também será dado prioridade à aprova-

ção dos projetos de lei em trâmite no Con-

gresso Nacional, abordando o Ato Médico

e a Lei dos Conselhos, aprovações neces-

sárias para trazer paz e organização neces-

sárias para a convivência multiprofissional

que exige hoje o atual sistema de assistên-

cia à saúde. Por fim, serão igualmente

prioritários, por em prática dois projetos

que já se encontram finalizados: as Dire-

t r i zes AMB/CFM e a Cl ass i f i cação

Hierarquizada de Procedimentos Médicos.

O primeiro merece discussão apro-

fundada para sua total implementação em

todas as regiões do país, com possível

apoio do novo governo, através do Minis-

tério da Saúde, e também no exterior, pois

Inglaterra, Argentina, México e outros

países da América do Sul já manifestaram

interesse em implantar o nosso trabalho em

seus respectivos países.

Quanto à Classificação Hierarquizada,

estaremos remetendo o documento final

elaborado pelas Sociedades de Especiali-

dade, em conjunto com a Fipe (Fundação

Instituto de Pesquisas Econômicas da Uni-

versidade de São Paulo), às operadoras de

saúde para avaliação. Em seguida, colo-

caremos, pelo período de 30 dias em con-

sulta pública. Enquanto isso, estaremos de-

finindo aspectos como estratégias para ne-

gociação e implantação, regionalização e

atualizações permanentes, e só depois é

que encaminharemos para publicação.

As duas entidades definiram também

formar uma Comissão para avaliar o atual

sistema de Residência Médica no país:

AMB e CFM entendem que é necessário

discutir qualificação e financiamento do

sistema, além de uma pesquisa no sentido

de mapear o número de especialistas em

nosso país e sua real necessidade.

Atrelado à Residência Médica, AMB e

CFM também pretendem avançar nas

discussões iniciadas no ano passado e não

finalizadas sobre revalidação e certificação

de Títulos de Especialistas e Áreas de

atuação, assim como progredir nas discus-

sões sobre o número de Especialidades e

Áreas de Atuação.

O encontro sacramentou ainda a neces-

sidade da unificação e do fortalecimento da

classe médica. Para isso, pretendemos rea-

lizar, se possível ainda neste ano, um “En-

contro Nacional das Entidades Médicas”,

evento que reunirá todos os segmentos re-

presentativos da classe médica. Sem essa

unidade e fortalecimento, é muito provável

que todas essas ações continuem sendo ape-

nas sonhos ou ilusões daqueles que ambi-

cionam um futuro melhor para o setor de

saúde deste país.

Eleuses Vieira de Paiva

Presidente da AMB

EDITORIAL

CIRCULAÇÃO: Março/2003

P

RIMEIRO

V

ICE

-P

RESIDENTE

Lincoln Marcelo Silveira Freire

S

EGUNDO

V

ICE

-P

RESIDENTE

Ronaldo da Rocha Loures Bueno

V

ICE

-P

RESIDENTES

Remaclo Fischer Junior, Flavio Link Pabst,

Ranon Domingues da Costa, Ricardo Saad,

Carlos D.A. Bichara, David M. Cardoso Filho,

LúcioAntonio Prado Dias, José Guerra Lages, J.

Samuel Kierszenbaum, José Luiz G. do Amaral.

S

ECRETÁRIO

-G

ERAL

Edmund Chada Baracat

1º S

ECRETÁRIO

Aldemir Humberto Soares

1º T

ESOUREIRO

Amilcar Martins Giron

2º T

ESOUREIRO

:

José Alexandre de Souza Sittart

D

IRETORES

:

Cultural

- Severino Dantas Filho;

Relações Internacionais

- David Miguel

Cardoso Filho;

Científico

- Fabio Biscegli

Jatene;

Defesa Profissional

- Eduardo da

Silva Vaz;

DAP

- Martinho Alexandre R.A.

da Silva;

Economia Médica

- Marcos

Pereira de Ávila ;

Marketing

- Roque

Salvador A. e Silva;

Saúde Pública

- Samir

Dahas Bittar;

Atendimento ao Associado

-

Ricardo de Oliveira Bessa;

Proteção ao Paciente

- Jurandir M.R. Filho;

Acadêmico

- Elias F. Miziara;

Jamb

- Horácio José Ramalho.

R

EDAÇÃO

E

A

DMINISTRAÇÃO

Rua São Carlos do Pinhal, 324

01333-903 – São Paulo – SP

Fone (11) 3266-6800

Fax (11) 3266-9412

E-Mail:

jamb@amb.org.br

A

SSINATURA

Fone (11) 3266-6800, ramal 137

Anual R$ 36,00; avulso R$ 3,00.

As colaborações assinadas expressam

unicamente a opinião de seus autores,

não coincidindo necessariamente

com as posições da AMB.

Cresce a pressão sobre médicos para

a utilização do seguro de responsabilida-

de civil.As seguradoras descobriram este

“filão” e estão investindo pesadamente

neste mercado. Num primeiro momento,

estas empresas seguradoras buscaram o

mercado de planos de saúde nacional para

implantação do “Managed Care”, e de

certa forma conseguiramuma pequena fa-

tia. A participação só não foi maior pela

ação intensa das entidades médicas: é só

lembrar da medida provisória 2177-43

que previa a criação do “médico portei-

ro”. A ação destas empresas não é nova,

sua filosofia foi importada daAmérica do

Norte, tanto no ramo de planos de saúde

quanto no ramo de seguro de responsabi-

lidade civil.Atualmente, sabemos da luta

da sociedade americana contra o

“Managed Care”, que tem apoio substan-

cial no Congresso. Várias publicações

internacionais chamavam a atenção para

o fato de que estas empresas por estarem,

com o mercado americano praticamente

fechado à sua prática, buscavam novos

horizontes, e aAmérica Latina, em espe-

cial o Brasil, seria ummercado potencial-

mente lucrativo. Acordos bilaterais, atra-

vés de organismos multilaterais, com o

FMI (Fundo Monetário Internacional) e

o Banco Mundial, garantiriam que os

países latino-americanos abririam seus

mercados ao capital estrangeiro em troca

de empréstimos. A lógica destes acordos

é que a atenção pública de saúde seria vol-

tada para a atenção primária, enquanto

que toda atenção secundária e terciária

seria fornecida pelas multinacionais da

saúde. Como resultado foi aprovada a Lei

dos planos de saúde n

º

9656 que permitiu

a participação do capital estrangeiro. A

sociedade organizada, através das entida-

des médicas e os órgãos de defesa do con-

sumidor, pouco influenciou na redação

final desta Lei que no seu escopo trazia,

entre outras, a participação do capital in-

ternacional. No rastro desta interferência

no mercado brasileiro, surge o seguro de

responsabilidade civil médica exatamen-

te no momento em que o mercado segu-

rador americano nesta área encontra-se

em crise. Em junho de 2002, perante o

Comitê do Judiciário da Câmara dos De-

putados, nos EUA, o presidente daAMA

- Associação Médica Americana fez um

desabafo sobre a situação crítica do se-

guro de responsabilidade civil médica na-

quele país. Um número grande de médi-

cos não estava conseguindo fazer seus

seguros, ou pelo preço exorbitante ou pela

falta de produtos. O acesso dos pacientes

está seriamente ameaçado em estados

como a Flórida, Mississipi, Nevada, Nova

Jersey, Nova York, Ohio, Oregon,

Pensilvânia, Texas, Washigton e Virgínia

do Norte. Muitos ginecologistas e obste-

tras deixaram de realizar partos, e alguns

procedimentos de alto risco como

neurocirurgia estão sendo adiados porque

os cirurgiões não encontram ou não po-

dem pagar pelo seguro. Em apenas um

ano (entre 1999 e 2000), a média de in-

denizações cresceu 43%. O alarmante é

que a proporção de indenizações que

chegaram a US$ 1 milhão de dólares

cresceu de 34% em 1996 para 52% em

2000. Esta avalanche de indenizações e

custos de seguros está sendo prejudicial

para os pacientes. Processos abusivos

transformaram algumas regiões daAmé-

rica e, em alguns casos, estados intei-

ros, em área de risco para a prática da

medicina. Ao mesmo tempo em que os

seguros se tornaram impossíveis de pa-

gar ou indisponíveis, os médicos estão

sendo forçados a deixar a profissão. Se-

gundo uma recente pesquisa da Harris

Interctive Studies, que analisa os efei-

tos desta litigância contra os médicos e

outros profissionais de saúde, ilustran-

do a extensão com que o medo de litígio

afetou a prática clínica, aumentando a

solicitação de exames, medicações, pro-

cedimentos e a dificuldade de se encon-

trar quem queira atender fora do plan-

tão. Este estudo mostrou que mais de

76% dos médicos acreditavam que a pre-

ocupação com os processos afetavam

sua habilidade de prover uma assistên-

cia médica de qualidade. Atualmente, a

AMA luta junto ao Congresso para apro-

var Leis que contenham esta escalada de

processos vultuosos contra os médicos.

Infelizmente, no Brasil, milhares de

médicos, de forma individual, estão

sendo pressionados pelas empresas a

procurarem seguros de responsabilida-

de civil. Esperamos que estes e outros

possam refletir sobre o assunto. Agran-

de maioria dos produtos disponíveis no

Brasil não cobrem danos morais. Os

médicos precisam estar atentos: sua res-

ponsabilidade é subjetiva, de acordo

com o artigo 14 parágrafo 4 do Código

de Defesa do Consumidor, apesar de,

indevidamente, alguns tribunais esta-

rem argüindo a inversão do ônus da pro-

va. A boa relação médico-paciente ain-

da é a melhor profilaxia contra proces-

sos contra os médicos.

Tem sido firme a posição tanto da

Associação Médica Brasileira quanto a

do Conselho Federal de Medicina con-

tra esta forma de seguro. É importante

que os médicos se conscientizem do

problema, mantenham uma boa relação

com o seu paciente e gastem o tempo

necessário para o preenchimento ade-

quado dos prontuários. O nosso código

de Ética Médica, quando observado na

íntegra, é uma proteção adicional.

Infelizmente, na grande maioria das

vezes, trabalhamos em locais inadequa-

dos, com escassas condições materiais,

o que possibilita o aumento do risco de

atuação. Por esse motivo, o cuidado

com as anotações de nossos prontuários

deve ser tanto quanto o cuidado que

dispensamos aos nossos pacientes.

Eduardo da Silva Vaz

Diretor de Defesa Profissional da AMB

Seguro e Responsabilidade Civil Médica

ARTIGO