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D

oEnça

PoliCíStiCa

rEnal

hErEDitária

:

DiagnóStiCo

gEnétiCo

E

aConSElhamEnto

r

Ev

a

SSoC

m

ED

B

raS

2014; 60(2):98-102

99

muns em exame de ultrassonograia de rotina nesse contex-

to. É essencial, subsequentemente, levantar o histórico fami-

liar do paciente. Na ausência de outras malformações, o

diagnóstico principal permanece sendo ARPKDou ADPKD.

N

O

CONTEXTO

PRÉ

E

NEONATAL

,

SE

O

RESULTADO

DO

EXAME

ULTRASSONOGRÁFICO

FOR

INCONCLUSIVO

,

O

EXAME

ANATOMOPATOLÓGICO

PERMITE

CHEGAR

A

UMA

CONCLUSÃO

DEFINITIVA

?

Exames anatomopatológicos realizados durante necrop-

sia em pacientes afetados com nefropatia grave (o sub-

grupo de 40%) conirmam o diagnóstico de ARPKD (

C

)

(

D

).

4,5

Há dilatação

e hiperplasia do túbulo coletor, que

pode aparecer cístico, sem envolvimento do néfron.

Disgenesia biliar invariavelmente faz parte da ARPKD

(

B

) (

D

).

5,6

Os ductos biliares intra-hepáticos dilatam e au-

mentam em número, com subsequente desenvolvimento

de ibrose periportal. Esse quadro, denominado ibrose

hepática congênita, é indispensável para fazer o diagnós-

tico da ARPKD, embora não seja patognomônico. Hiper-

tensão portal é uma sequela comum, cuja evidência pode

ser obtida por meio de ultrassonograia.

Nos pacientes afetados com ARPKD mais branda (o

subgrupo de 60%), a evolução clínica é variável e os sinais

de hipertensão portal podem prevalecer. A biópsia hepá-

tica deve, portanto, ser considerada nesses casos (

C

).

7,8

Recomendação

É imprescindível tentar estabelecer o diagnóstico por meio

do exame anatomopatológico quando a ultrassonogra-

ia não for informativa, a im de permitir o aconselha-

mento genético.

E

M

UM

ADULTO

JOVEM

,

O

EXAME

ULTRASSONOGRÁFICO

É

SUFICIENTE

PARA

CONFIRMAR

O

DIAGNÓSTICO

CLÍNICO

DE

ARPKD

?

Os pacientes afetados com ARPKD que sobrevivem até a

(e ao longo da) adolescência tendem a desenvolver, pri-

mariamente, comprometimento hepático e biliar, com

menor envolvimento renal. Hepatoesplenomegalia, hi-

pertensão portal e doença de Caroli, na presença de hi-

pertensão sistêmica e insuiciência renal, permitem con-

irmar o diagnóstico (

C

).

9

Nesses casos, os rins podem ter

tamanho reduzido (

C

).

10

Recomendação

Os sinais listados permitem estabelecer o diagnóstico. Ao

persistirem inconsistências entre os sinais clínicos, o exa-

me anatomopatológico por meio de biópsia hepática deve

ser realizado.

E

M

UM

ADULTO

,

SE

O

RESULTADO

DO

EXAME

ULTRASSONOGRÁFICO

FOR

INCONCLUSIVO

,

O

EXAME MOLECULAR

PERMITE

CHEGAR

A

UMA

CONCLUSÃO

DEFINITIVA

?

Os exames moleculares podem ser diretos, como o sequen-

ciamento do gene

PKHD1

, ou indiretos, utilizando a análi-

se de ligação genética (

C

),

11

a qual depende da possibilida-

de de análise de um número mínimo de familiares

sabidamente afetados e não afetados dentro de uma famí-

lia − o que nem sempre é factível. Exames genéticos molecu-

lares diretos não conseguemdetectar todas as mutações cau-

sadoras da ARPKD, sendo que a taxa de detecção ica em

torno de 80% ou menos, quando a doença for mais branda

(

C

).

12,13

Ocasionalmente, o paciente pode herdar duas mu-

tações de baixa penetrância (hipomóricas) nas suas duas

cópias do gene

PKD1

(ou

PKD2

), apresentando, assim, um

fenótipo muito semelhante à ARPKD neonatal, o que tor-

na o exame molecular mais necessário (

C

).

14

Recomendação

Apesar de suas limitações, testes moleculares podem ser

realizados para tentar conirmar o diagnóstico e documen-

tar ao menos uma das mutações causadoras da doença. O

tipo e a posição das mutações no gene

PKHD1

proporcio-

nam informações sobre o prognóstico da doença (

C

).

15

Q

UAL

É

O

PAPEL

DOS

TESTES MOLECULARES

NO

ACONSELHAMENTO

GENÉTICO

DE

UM

CASAL

OU

UMA

FAMÍLIA

TRANSMISSOR

(

A

)

DA

ARPKD

?

Os testes moleculares são os únicos capazes de fornecer in-

formações preditivas sobre ARPKD em indivíduos antes

de os sinais clínicos e os sintomas se desenvolverem. Em

algumas famílias, a doença apresenta uma progressão di-

ferente entre irmãos afetados, e o teste molecular pode de-

inir se um irmão com sinais leves é afetado ou não (

C

).

8,15

À medida que uma porcentagem alta de indivíduos afeta-

dos com ARPKD sobrevive até a (e ao longo da) adolescên-

cia, os testes moleculares permitem identiicá-los previa-

mente ao início dos sintomas. Nesses indivíduos, a

veriicação de hipertensão e dos efeitos da hipertensão por-

tal possibilita seu tratamento, prolongando a vida (

C

).

16

Recomendação

O aconselhamento pré-teste é necessário para explicar as im-

plicações dos resultados que serão obtidos nos testes e para

esclarecer as limitações inerentes ao método. Após a rele-

xão adequada, os familiares realizamos testes e o aconselha-

mento pós-teste continua. Um casal transmitindo ARPKD

que deseja evitar que os futuros ilhos sejam afetados preci-

sa realizar esses testes, prevendo sua aplicação em estudos

IMPRESSO.indb 99

4/22/14 4:32 PM