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Ronaldo

Caiado

Médico ortopedista voltado para a área de cirurgia vertebral, o deputado

Ronaldo Caiado (DEM/GO), líder de seu partido, manteve posição sempre

firme e coerente contra a MP 621/13, que criou o Programa Mais Médicos.

Nesta entrevista ao

Jamb

, ele fala sobre tema.

Qual a sua leitura sobre a aprovação

do programaMaisMédicos?

Ronaldo Caiado –

Foi uma decisão terminantemente

política e eleitoreira. O governo usou da situação caótica

da saúde no país e, em vez de investir na carreira de

Estado e no financiamento da saúde, resolveu usar do

mesmo marketing feito na Venezuela às vésperas das

eleições, quando Hugo Chávez importou 35.000 médicos

e agentes de saúde. O mesmo se repete aqui, pois sabemos

que a estratégia é trazer mais 16.000 médicos, e fica clara

a utilização de cabos eleitorais disfarçados de médicos

para atender a população brasileira. Além de jogar sobre

os ombros do médico brasileiro a responsabilidade

sobre o caos da saúde, ainda dizem que agora estariam

resolvendo assunto. Mas a solução para isso é criar a

carreira de Estado para médicos e aprovar o aumento

do financiamento da saúde, tendo como base 10% da

verba bruta da União, o que acrescentaria mais R$ 40

bilhões às ações na área. O que nós estamos vendo é que

estão usando a boa fé da população e iludindo as pessoas.

Somente daqui mais ou menos um ano é que a sociedade

vai tomar conhecimento do golpe de que foi vítima.

Na sua visão, por que omédico temsido tão desvalorizado?

Ronaldo Caiado –

Esse processo de escolher um inimigo

para ganhar eleições é uma prática conhecida. Quando

o governante tem uma postura populista, e não de

estadista, sempre usa esse mecanismo. Tenta repassar

a alguém a responsabilidade sobre sua incapacidade,

seu insucesso e sua incompetência. Os escolhidos,

justamente no momento em que as pesquisas mostram

que 78% da população desaprova o atendimento da

área de saúde, foram os médicos. E o que o governo

fez? Em vez de tomar medidas no sentido de corrigir

essas falhas, resolveu demonizar a figura do médico

brasileiro, jogando em seus ombros essa conta que não

é nossa. Com uma campanha publicitária vultuosa,

o governo tem feito as pessoas acreditarem que a

responsabilidade é dos médicos. Assim, o governo

passou a surfar nessa onda, enganando a população,

falando mal dos médicos brasileiros com o objetivo

de eleger um candidato, que é o ministro da Saúde.

Osenhor acredita que esse programa poderá alterar

os indicadores da Saúde emnosso país?

RonaldoCaiado –

Vamos a um cálculo rápido: se hoje ao

paciente do SUS for solicitado um exame bem simples, a média

de tempo de retorno ao consultório é de três meses; para exames

mais sofisticados, mamografia ou endoscopia, o paciente só vai

retornar entre seis a oitomeses. Ora, o governo não investiu

de forma alguma em infraestrutura, no aparelhamento dos

hospitais, muitomenos na criação de novas unidades para atender

a toda essa demanda. Então, vai existir um engarrafamento

completo e semnenhuma solução por parte do governo. É

preciso lembrar que só no governo Dilma, de 2011 a 2013, foram

fechados 12.679 leitos nos hospitais públicos, o que mostra o

total desinteresse no atendimento da população brasileira.

Como o senhor avalia a atuação das

entidadesmédicas contra aMP 621?

Ronaldo Caiado –

Eu tenho que parabenizar o presidente da

AMB pela firmeza ao enfrentar essa discussão de cabeça erguida,

atuando corajosamente conosco no plenário e exigindo que o

médico tenha qualificações mínimas para exercer a medicina

no Brasil. AAMB está de parabéns, por seu presidente e

pela a equipe técnica que nos assessorou durante toda a luta.

Infelizmente eu não posso fazer a mesma referência ao Conselho

Federal de Medicina (CFM), que preferiu negociar com o

governo, abrindo mão de uma prerrogativa que foi dada a nós

médicos em1957 pelo então pelo presidente Juscelino Kubitschek,

que é a de registrar e fiscalizar a profissão no país. Isso fragilizou

ainda mais nossa categoria, já agredida pelo veto da Presidente da

República ao AtoMédico, que retirou de nós a regulamentação

de uma profissão secular de tamanha importância.

Oque pensa da criação de uma nova

Contribuição Social para a Saúde?

Ronaldo Caiado –

É inquestionável o quanto esse governo

é afrontoso à sociedade brasileira. É incapaz de explicar seus

gastos e prioriza obras apenas de interesse político, tudo com

o dinheiro da população. E, quando se exige aumento de verba

para a Saúde, ele diz que tem que cobrar da população. Essa

proposta da CSS, na verdade, é a volta da CPMF. Isso é uma

afronta, uma postura desrespeitosa e nós esperamos derrubar

esse projeto, não deixando sequer que ele chegue ao plenário.

Arquivo pessoal

NOVEMBRO/DEZEMBRO

2013 •

JAMB

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