Estamos no final de mais um ano, 2013, no qual tivemos
grandes desafios e lutas relacionadas ao médico, à medi-
cina e à saúde da população.
Avançamos na aproximação com nossas federa-
das e sociedades de especialidade, sempre ouvindo,
discutindo e aprimorando nossas relações, focadas
no bem coletivo. Alegra-nos o engrandecimento e re-
presentatividade das nossas sociedades, de muitas das
nossas associações estaduais. Entidades fortes, fazem-
-nos individualmente ainda mais fortes.
O momento exige de nós prudência, preocupa-
ção, discernimento, inteligência e bastante força para
enfrentarmos os enormes desafios que temos: novos
juntam-se aos antigos, alguns que ameaçam o médico
e a saúde do nosso povo. Por exemplo, o desastroso e
mal concebido programa “Mais Médicos” do governo
federal. Não somos contra médicos formados no exte-
rior virem trabalhar no Brasil. Todavia, precisam ser
bem avaliados em relação a conhecimentos, habilida-
des, atitudes e na nossa língua.
A caótica saúde pública brasileira precisa ser me-
lhorada, porém vê-se que o governo não quer enfrentar
três principais problemas: subfinanciamento, má gestão
e corrupção. A AMB concebeu, lançou (em nossa sede
em fevereiro de 2011, com a OAB Nacional e a ANM –
Academia Nacional de Medicina), abraçou e lutou pelo
projeto de lei de iniciativa popular para colocar 10% da
receita corrente bruta da união no SUS. Várias outras en-
tidades aderiram, especialmente a CNBB, a Comissão de
Saúde da Assembleia Legislativa de MG e os Conselhos
de Saúde, possibilitando entregar ao Congresso Nacio-
nal cerca de 2,3 milhões de assinaturas. Temos mostra-
do exemplos da gestão temerária, quando observamos a
situação de hospitais no RJ (Ipanema, Bonsucesso, Ser-
vidores etc.), todos sob a responsabilidade doMinistério
da Saúde, da degradante situação de pacientes em corre-
dores e até no chão em emergências das grandes cidades,
da longa fila de espera para consultas, exames, cirurgias.
A corrupção no setor saúde está estampada semanal-
mente nos nossos jornais.
Infelizmente, há “viés de contaminação” de gesto-
res do sistema de saúde público, nos três níveis (mu-
nicipal, estadual e federal), misturando politicagem e
visão eleitoreira, quando deveria preponderar a com-
petência técnica. E, como no Brasil, há eleições a cada
dois anos, sofremos ainda mais. Fala-se fortemente
do “Mais Médicos” como principal bandeira eleitoral,
para o governo que tem péssima avaliação na saúde
e “trampolim” para outros que querem eleger-se. Não
podemos misturar saúde com politicagem, porque
a população sofre ainda mais. Agoniza e morre sem
adequada assistência. Não somente a assistência está
ruim, também o ensino e a pesquisa no setor saúde.
Escolas de medicina sem a qualidade desejada e a pes-
quisa clínica a reboque de outros países. Que sejam
bem avaliados os egressos dos nossos cursos de medi-
cina, as nossas escolas! Que a burocracia cesse e nossa
pesquisa possa deslanchar!
Defendamos nossas bandeiras com altivez, dignida-
de, verdades, força e perseverança, pois “a verdade é filha
do tempo, não da autoridade”, assim como “a justiça tar-
da, mas não falha”. Estejamos unidos e vitórias virão.
A saúde é nosso bem maior e o povo brasileiro me-
rece respeito.
Feliz Natal a todos e um 2014 venturoso para nosso
povo bom e trabalhador.
Florentino Cardoso
Presidente da Associação Médica Brasileira
Florentino Cardoso
um ano
de lutas
NOVEMBRO/DEZEMBRO
2013 •
JAMB
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