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JAMB - MAR/ABR - 2006

Se o Brasil não obtiver um crescimento econômico expressivo e sustentável

durante os próximos 20 anos e se não equacionar o problema da excessiva

concentração de renda, em 2025 o país terá que direcionar aproximadamente

12% do PIB apenas para manter o padrão atual de assistência à saúde e que

consome atualmente cerca de 7% a 8% do PIB. Esta é uma das conclusões

de umestudo desenvolvido peloCentro Paulista de Economia da Saúde (CPES),

da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Conduzido pelomédico e economista da saúdeMarcos Bosi Ferraz, o estudo

projetou alguns cenários possíveis para a economia e o setor de saúde para os

próximos 20 anos, considerando variáveis como o aumento da população neste

período, o crescimento do PIB e da rendamédia do brasileiro, assimcomo o nível

de eficiência de nosso sistema de saúde.

Numa das hipóteses levantadas, se o PIB brasileiro crescer apenas em torno

de 3%ao ano – algomuito próximo ao resultado de 2005 e do desempenhomédio

anual no período de 1985 a 1994 e no de 1995 a 2004, que foi de 2,42%– o país

será obrigado a elevar acentuadamente o percentual do PIBdedicado a financiar

o SUS e o sistema suplementar de saúde.

A distribuição da renda e a evolução do ganho salarial médio do brasileiro

também são componentes importantes na análise. Isto porque, alémdo cresci-

mento vegetativo da população, mantidas as tendências do setor de saúde e o

modelo de assistência atual, o SUS deverá atender a uma parcela cada vezmaior

de pessoas que não terãomais condições de adquirir oumanter os contratos com

as operadoras de planos de saúde do sistema suplementar.

Crise no setor privado

O estudo do CPES, que utilizou dados de diferentes fontes oficiais dispo-

níveis, mostra que o ganhomédio real do assalariado brasileiro vem se deterio-

rando ano a ano nas últimas duas décadas.Ainda de acordo comaPesquisa sobre

Orçamento Familiar do IBGE (2003), do total de suas receitas, o brasileiro

direciona emmédia 5,35%para os gastos com assistência à saúde.

Na análise de cenários futuros, Ferraz avalia que, se a renda em termos

reais continuar relativamente no mesmo patamar, em 2025 os gastos com

saúde consumirão 14% do orçamento familiar. Se a renda média familiar

cair 1% ao ano, este percentual subiria a 17%. Mesmo na otimista

perspectiva de que a renda cresça 1% ao ano, esse gasto será de 11%.

Isto acontecerá porque, historicamente, a inflação dos gastos com a assistên-

cia à saúde costuma ser maior que a inflação geral.

Para o diretor do CPES, o caos no sistema de saúde só não se tornará reali-

dade caso algumas pré-condições sejam alcançadas: crescimento médio anual

do PIBno período emtorno de 5%; inflação geral menor que 5%ao ano;melhor

distribuição de renda e rendamédia real do brasileiro comcrescimento superior

a 0,5% ao ano; sistema suplementar de saúde preservado; assistência à

saúde oferecida de forma muito mais eficiente que a atualmente observada e

feitamediante umplanejamento de ações e escolhas visando o longo prazo.

Entre os presentes à manifestação,

destacaram-se os presidentes da

Associação Médica Brasileira, do

Conselho Federal de Medicina, Fede-

ração Nacional dos Médicos, Conselho

Nacional de Saúde e dos Conselhos

Regionais de Medicina de Mato

Grosso, Minas Gerais e Alagoas.

O presidente da Frente Parlamentar,

deputado Rafael Guerra (PSDB-MG),

lembrou que a proposta já foi aprovada

por unanimidade em todas as Comis-

sões. Na opinião dele, a votação do Pro-

jeto em plenário vem sendo impedida

pela área econômica do governo. Ele

afirmou também que a sociedade pre-

cisa cobrar a regulamentação da emen-

da para que os governantes tomem

alguma atitude. “A população neces-

sita da regulamentação da emenda”,

acrescentou. Já o presidente da AMB

lamentou a atitude das autoridades.

“É com bastante tristeza que vemos o

tempo e os representantes passarem e

continuar o mesmo desrespeito com a

saúde”, afirmou José Luiz Gomes do

Amaral. “Mas acredito que os brasileiros

lutarão com energia e, com certeza, a

justiça prevalecerá”, completou.

O 3º vice-presidente do CFM, Clóvis

F. Constantino, defendeu que o exercício

adequado e responsável da medicina

não consegue sobreviver sem recursos

suficientes. “Chega de fantasia no

direcionamento das verbas, precisamos

de recursos para a saúde, só assim os

médicos poderão oferecer um serviço de

qualidade”, disse.

Em seguida à manifestação, no perío-

do da tarde, foi formada uma Comissão

para apresentar o Projeto ao presidente

da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo.

Estudo da Unifesp

defende aumento de

investimentos

Mar-Abr-7.p65

23/5/2006, 11:47

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