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MAIO/JUNHO 2012

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MAIO/JUNHO 2012

entrevista

André Longo

Foto: Divulgação ANS

Cardiologista, formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

de Pernambuco, foi presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco

(Simepe) e diretor da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). De

2008 a 2011, exerceu a presidência do Conselho Regional de Medicina de

Pernambuco (Cremepe). Aos 40 anos, o pernambucano André Longo assume

agora umnovo desafio na carreira: a diretoria de Gestão da Agência Nacional

de Saúde Suplementar (ANS). Ele falou ao Jamb sobre esse desafio.

O senhor sempre atuou em defesa

profissional da classemédica. Como é

integrar a ANS agora?

AndréLongo

–Fiquei honrado com

o convite do ministro Alexandre Padi-

lha para compor a diretoria colegiada

da ANS, ainda mais por ser o primei-

ro diretor em 12 anos de existência da

agência procedente das regiões Norte e

Nordeste. Venho de longa jornada nas

entidades médicas e sei que há expec-

tativas deste setor, em especial dos

médicos, para a valorização justa do

seu trabalho, já que nas últimas déca-

das os honorários não acompanharam

na mesma medida o crescimento do

setor. Com foco no interesse público e

na sustentabilidade do setor, pretendo

ajudar a facilitar o diálogo com os pres-

tadores e promover entendimentos.

Qual será a sua atribuição na dire-

toria da ANS?

AndréLongo

–Adiretoriadegestão

foi remodelada e é responsável pelos

meios necessários para que a agência

possa cumprir sua missão institucional,

desde a área administrativa-financeira e

de pessoal ao planejamento e qualifica-

ção institucional. Responde ainda pelo

programa de qualificação de operadoras

e pelo IDSS (Índice de Desempenho da

Saúde Suplementar), que tem mostrado

anualmente como está o desempenho

das operadoras em pontos essenciais

como o econômico-financeiro, a estru-

tura, a assistência e a satisfação dos

beneficiários. Destaque-se que as deci-

sões mais relevantes da agência para o

setor são tomadas pela diretoria cole-

giada, que é composta pelos seus cinco

diretores.

Hoje qual é o papel da ANS na

relação médicos-operadoras?

André Longo

– Acredito que

a ANS precisa criar um ambiente

negocial melhor entre médicos e

operadoras, aperfeiçoando a RN 71 de

2004, que trata da contratualização de

prestadores, incorporando o conceito

de hierarquização de procedimentos e

avançando para um processo de nego-

ciação coletiva, que a meu ver tende a

dirimir conflitos e traz mais segurança

para o setor. Precisam ainda ser revis-

tas outras questões importantes, como

as relativas a glosas e descredencia-

mentos imotivados.

O que a ANS deverá fazer em rela-

ção à hierarquização da CBHPM?

André Longo

– Considero a

CBHPM, embora não seja perfeita,

um dos melhores exemplos da capa-

cidade produtiva das entidades médi-

cas. Participei em 2004 da luta pela

sua implantação e acredito que seja

um excelente ponto de partida para

a discussão da hierarquização no

âmbito da ANS. Iniciamos os traba-

lhos da câmara técnica de hierarqui-

zação com as representações do setor

e esperamos que este trabalho possa

ser concluído com êxito, com o esta-

belecimento de um novo parâmetro

para as negociações entre médicos e

operadoras.

O que a ANS vai fazer para que os

planos cumpram a cláusula de reajus-

te anual com os médicos?

André Longo

– O programa da

ANS de monitoramento da contra-

tualização identificou os problemas

recorrentes com o descumprimento

desta cláusula de reajuste e já está na

pauta o estabelecimento de regras

mais claras, especificamente para

esta questão dos contratos, de forma

a propiciar um melhor entendimento

das partes envolvidas.

O que a ANS tem feito quando

operadoras vinculam o pagamento

do honorário médico ao resultado

do exame anatomopatológico (por

exemplo, somente pagar apendicecto-

mia após o resultado da biópsia)?

André Longo

– Este procedimen-

to de vinculação de pagamento de

um procedimento efetivamente reali-

zado ao resultado de um determina-

do exame anatomopatológico não é

adequado e os casos devem ser denun-

ciados à ANS, podendo resultar na

aplicação de penalidades às operadoras

caso comprovada a prática emprocedi-

mento que será instaurado.

Existe um canal de comunica-

ção para os médicos mandarem

reclamações sobre os serviços das

operadoras?

André Longo

– Há um espaço

que pode ser acessado no

www.ans

.

gov.br, na central de atendimentos da

ANS, para atendimento a prestadores.

Lá é possível tirar dúvidas ou fazer

reclamações.

Como o senhor avalia o mercado

de saúde suplementar hoje no Brasil?

André Longo

– Os números do

Brasil impressionam, pois o SUS

além de ser o maior sistema universal

de saúde do mundo, temos também

o segundo maior mercado privado do

mundo, atendendo hoje mais de 47

milhões de beneficiários na assistên-

cia médica e mais de 16 milhões de

beneficiários exclusivamente odon-

tológicos. O grande desafio hoje é

garantir acesso e qualidade dentro

de uma necessária sustentabilidade

em um cenário de crescente, e nem

sempre consequente, incorporação

de novas tecnologias, e um novo

perfil demográfico com uma popula-

ção cada vez maior de idosos, o que

eleva sobremaneira a mobilização

de recursos.